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Túmulos de mulheres vikings com armas de guerra ainda confundem os arqueólogos

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Grace Aldrich
Grace Aldrich

Há, na Escandinávia, ao menos algumas dezenas de mulheres enterradas com armas de guerra ao seu lado nos túmulos da Era Viking (793 d.C. a 1066 d.C.). Isso, segundo diversos arqueólogos, indica que a profissão delas era, pelo menos durante boa parte da vida, a de guerreira, com treinamento de combate, equipamentos e tudo a que um viking tem direito. Mas há controvérsias.

O exemplo mais marcante do debate é o túmulo de Birka, na Suécia, com cerca de 1.000 anos. Nele, uma pessoa foi enterrada com uma espada, uma cabeça de machado, lanças, facas, escudos e flechas, dois cavalos e equipamento de montaria. Em 2017, análises de DNA revelaram que o tal viking era, na verdade, uma mulher, contrariando a crença de arqueólogos que durava 150 anos. Muitos buscaram explicações mirabolantes para dizer que a falecida não era uma guerreira — machismo ou ciência?

Existiram guerreiras vikings?

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Para os negacionistas das guerreiras vikings, há alguns argumentos. Os túmulos escandinavos, em geral, estão em estado de preservação ruim (devido ao solo acídico), há falta de registros históricos e os enterros da antiga cultura são variados e inconsistentes demais para cravar o sexo dessa maneira. Os vikings deixaram apenas algumas milhares de inscrições com runas como registro histórico, e a descrição de guerreiras vem de trabalhos semi-históricos depois de sua época.

Com a maioria dos relatos sendo mitológicos, fica difícil cravar a existência das chamadas shieldmaidens (“damas de escudo”, em tradução livre), mas também há vieses para o outro lado. Há milhares de túmulos vikings com armas entre Suécia, Noruega, Dinamarca e Islândia, com apenas 30 deles sendo de mulheresmenos de 1%, estatisticamente.

O problema é que, na maioria dos casos, o sexo do falecido foi presumido com base nos itens enterrados com ele: se eram broches, espelhos e equipamentos de costura, seria um túmulo feminino; se eram armas, masculinos. Com o DNA pouco preservado, é raro que cientistas consigam realizar análises para descobrir o sexo do esqueleto em questão — quantos túmulos não teriam sido identificados erroneamente como de homens?

Por fim, alguns cientistas, como Marianne Moen, arqueóloga da Universidade de Oslo, lembram que o estereótipo de guerreiros brutais masculinos vikings surgiu na Era Medieval e ecoou na época Romântica Nacional da Escandinávia, no século XIX. É possível que a sociedade viking fosse menos binarizada nos ideais de gênero e em suas obrigações.

Cerca de 40% dos túmulos masculinos também contém joias, e, com a violência sendo tão presente na sociedade viking, é improvável que 50% de sua população simplesmente não guerreasse. Não se pode pensar, diz Moen, que as mulheres guerreiras estavam só “ocupando a posição de um homem”, mas sendo guerreiras de profissão. É como os bombeiros modernos, onde a maioria são homens, mas há várias mulheres na profissão.

Afinal, segundo o princípio da Navalha de Ockham, onde a resposta mais simples provavelmente é a mais correta, o que fariam armas no túmulo de uma mulher? Fariam dele o túmulo de uma guerreira, assim como no caso dos homens.

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Fonte: Live Science

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