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Startup brasileira quer treinar abelhas para polinizar melhor plantações de café

Por| Editado por Luciana Zaramela | 24 de Janeiro de 2023 às 19h45

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Noblevmy at Malayalam Wikipedia/CC-BY-3.0
Noblevmy at Malayalam Wikipedia/CC-BY-3.0

Abelhas, assim como cães, podem ser adestradas para farejar e seguir objetos, ou, mais especificamente, plantas e flores específicas. Culturas agrícolas, por exemplo, podem ser reconhecidas com precisão, fazendo com que a polinização dos pequenos animais seja mais eficiente. Em um novo esforço de ecólogos, entomólogos e demais cientistas brasileiros, estão sendo treinadas abelhas para melhorar a produção de café (Coffea arabica).

A memória olfativa das abelhas é muito boa, não à toa, já que se alimentam do pólen e o coletam para levar à colmeia, levando em conta cor e fragrância da flora. Ao utilizar marcadores como esses em laboratório, os pesquisadores podem treiná-las para reconhecer as culturas-alvo em questão ao ter a colônia liberada sobre as lavouras, polinizando-as com eficiência. Além de melhorar a produção de café em até 18%, isso pode também melhorar a qualidade dos grãos obtidos.

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Como são treinadas as abelhas

Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), então, a equipe está utilizando biomoléculas sintéticas, imitando o odor da flor de café. Segundo ela, os insetos não puderam diferenciar a solução artificial do aroma natural da flor cafeeira, o que já mostra avanços promissores na técnica.

A polinização em campo, com isso, terá mais eventos, já que as abelhas devem preferir o pólen com essas características. A iniciativa utilizou abelhas-africanas (Apis mellifera) e a startup que dela deriva se chama PollinTech.

Alguns estudos já apontam que o treinamento de abelhas com soluções sintéticas aumentaram a produção de girassol em 57%, um número bastante alto. Atualmente, cerca de 90% das culturas agrícolas mundiais dependem da polinização em algum nível, e as abelhas ainda são responsáveis por polinizar 75% de todas as plantas cultivadas e usadas direta ou indiretamente no planeta.

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Apenas no Brasil, o valor da polinização para produzir alimentos fica estimado em R$ 46 bilhões todos os anos, sendo que, das 191 das culturas agrícolas do país que se revertem em alimentos, 114 dependem da ação polinizadora. O café representa 12% do montante, estimado em R$ 5,6 bilhões. Além da melhoria quantitativa e qualitativa do café produzido, a polinização pode ainda incrementar aspectos sensoriais da bebida.

Conforme os pesquisadores, poucos cafeicultores brasileiros conhecem ou entendem o papel da polinização na produção de café, requerendo esforços de conscientização e mostras sobre a viabilidade no uso de tecnologias voltadas para isso. Em entrevistas com produtores, notou-se que os produtores de cafés especiais são os maiores interessados em esforços para melhor polinização das culturas.

Após aplicação bem-sucedida das técnicas de treinamento nas abelhas com o café, especialmente com os testes de campo, os cientistas buscarão expandir a técnica para outras áreas agrícolas importantes, como as produções de laranja, abacate e açaí.

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Fonte: FAPESP