Répteis noturnos sobreviveram ao asteroide que matou dinossauros, mesmo próximos
Por João Melo | •

Lagartos noturnos conseguiram sobreviver ao impacto do asteroide gigante que exterminou os dinossauros no final do período Cretáceo. É o que indica um novo estudo publicado no final de junho no periódico científico Biology Letters.
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A pesquisa aponta que os lagartos sobreviventes pertencem à família Xantusiidae e viviam na região do Golfo do México, onde hoje se localiza a Península de Yucatán, no território mexicano — justamente o local onde o asteroide colidiu com a Terra há cerca de 66 milhões de anos.
Estima-se que o evento de extinção em massa conhecido como Cretáceo-Paleógeno (K-Pg) tenha causado o desaparecimento de aproximadamente 75% de todas as espécies que habitavam o planeta.
A descoberta destaca esses répteis como o único grupo conhecido de vertebrados terrestres que sobreviveu ao evento mesmo estando nas proximidades do local do impacto da rocha espacial, que tinha cerca de 12 quilômetros de diâmetro.
Ancestralidade dos lagartos
Pesquisas anteriores já haviam sugerido que os lagartos noturnos pertencem a um grupo que surgiu ainda na era Jurássica, o que indica que esses animais teriam sobrevivido à extinção do K-Pg. Para investigar essa hipótese mais a fundo, os especialistas reconstruíram a ancestralidade dos três gêneros atuais desses répteis: Lepidophyma, Xantusia e Cricosaura.
Os cientistas utilizaram a técnica conhecida como relógio molecular para estimar quando os lagartos noturnos evoluíram. O método considera as mutações no DNA e a taxa com que essas alterações ocorrem ao longo do tempo.
Os resultados revelaram que o ancestral comum mais recente desses lagartos vivos surgiu no período Cretáceo, há cerca de 90 milhões de anos, e que os xantusídeos já habitavam regiões das Américas do Norte e Central desde então. Isso indica que esses animais viviam naquela área bem antes do impacto do asteroide, ocorrido 24 milhões de anos depois.
Duas linhagens sobreviventes
Os pesquisadores descobriram que uma das linhagens que sobreviveu ao evento K-Pg deu origem aos gêneros Xantusia e Lepidophyma — que hoje vivem nos Estados Unidos e na América Central —, enquanto a outra originou Cricosaura, o grupo de lagartos noturnos encontrados em Cuba.
Outras linhagens de lagartos, assim como algumas de tartarugas, possivelmente também sobreviveram ao impacto mesmo vivendo perto do local da colisão. No entanto, essas linhagens desapareceram com o tempo e não têm representantes vivos atualmente.
“O problema é que eles simplesmente não existem mais. Então, o interessante é que os xantusídeos persistiram e permaneceram endêmicos na região”, afirmou Chase Brownstein, doutorando no Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade de Yale e coautor do estudo, ao site Live Science.
Confira o estudo na íntegra no Biology Letters.
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Fonte: Science Alert