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Por que paramos de ouvir novos estilos de música à medida que envelhecemos?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Março de 2023 às 12h30

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NomadSoul1/Envato
NomadSoul1/Envato

Nós, humanos, ouvimos muita música ao longo da vida, tanto em meio à rotina quanto em momentos de descanso. Mais precisamente, segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica, pessoas do mundo todo escutam, em média, 20,1 horas de música por semana, um aumento em relação às 18,4 horas calculadas em 2021. Muitas dessas músicas, não entanto, não representam gêneros novos para o ouvinte — na verdade, geralmente acabamos escutando as mesmas coisas de sempre, para sempre.

É comum que pessoas acabem nichando seu gosto musical à medida que envelhecem. Curioso pensar que, em 1978 (agora tão distante, aparentemente), Bob Seger já escrevia a música Old Time Rock n' Roll, cuja letra dizia que "a música de hoje não tem a mesma alma, eu gosto é daquele rock n' roll dos velhos tempos". Imagine o que ele pensaria das músicas da atualidade, então.

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Ouvido aberto e envelhecimento

Pois saiba que a ciência tem um termo para descrever nossa disposição para explorar novos gêneros musicais — é o "ouvido aberto". Até chegarmos aos 11 anos, ficamos, de maneira geral, abertos a ouvir e engajar com qualquer música desconhecida. No início da adolescência, essa disposição diminui, mas o interesse na música como um todo aumenta bastante. Na vida adulta, o ouvido aberto aumenta um pouco quando somos jovens adultos, mas começa a declinar à medida que envelhecemos.

Um estudo de larga escala, feito em 2013 com mais de 250 mil participantes, confirmou essa mudança comportamental, mostrando que a quantidade de música que ouvimos na adolescência representa 20% do tempo que temos acordados, caindo para 13% na vida adulta. Teorias para isso são várias, mas elas conseguem se complementar. Uma interpretação, por exemplo, põe o declínio na conta da maturação psicossocial.

Na adolescência, a música é um marcador de identidade muito forte, que acaba nos ajudando a navegar pelos círculos sociais. Quando adultos, já temos nossa personalidade desenvolvida e grupos sociais estabelecidos, diminuindo o incentivo para conhecermos novas canções. Em algumas pessoas, isso pode também ser resultado de mudanças na acuidade auditiva, já que começamos a tolerar menos os sons altos e com altas frequências.

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Outra razão possível pode estar no aumento das responsabilidades da vida adulta, nos deixando com menos tempo para explorar novos interesses musicais. Alguns cientistas não acreditam que a idade cronológica possa ser levada como um fator antes de considerar as maneiras com que processamos a música ao longo da vida.

Adolescentes, por exemplo, estão muito conscientes do que ouvem, enquanto adultos acabam usando canções para motivação ou acompanhamento para o trabalho, exercícios e outras tarefas mecânicas, o que pode ser responsável por uma falta de atenção no que está sendo ouvido. Com isso, é possível que novas músicas acabem até mesmo passando batido.

Primeiras experiências e recorrências

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Já um consenso na academia é a alta probabilidade de que o gosto musical seja moldado pelas primeiras experiências na adolescência. É o momento da vida em que nossos cérebros estão completamente desenvolvidos e já podem processar totalmente o que ouvimos, e as emoções exacerbadas da puberdade ajudam a criar laços fortes e duradouros na memória, levando músicas da época conosco para sempre.

Acabamos, no fim das contas, também criando afinidades musicais ao longo da vida, começando até mesmo pelo útero, segundo estudos. Muitas vezes, o que consideramos "gosto musical" é, na verdade, uma reação de dopamina no cérebro que reconhece uma sensação prazerosa cuja referência é buscada em experiências anteriores com estilos semelhantes. Quando não estamos ouvindo ativamente, essa ligação não acontece.

Como gostar de músicas novas?

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Caso você esteja a fim de explorar novos estilos, aqui vão algumas dicas:

  • Ouça música de formas diferentes, indo a concertos, ouvindo sozinho em casa, acompanhando outra atividade ou em ambientes sociais;
  • Torne ouvir música um hábito;
  • Seja curioso — conhecer a história por trás de uma canção pode ajudar o cérebro na formação de novos padrões;
  • Tenha paciência e persistência, não ache que vai gostar de uma música desconhecida logo de cara. Quanto mais ouvir, mais o cérebro vai ligar a obra a uma resposta prazerosa;
  • Peça indicações a um amigo! Há grandes chances de você dar mais uma chance a algo que alguém que você gosta e admira recomendou;
  • Ouça o que você gosta, mas se abra para o novo e revisite crenças antigas: "eu odeio música clássica" é uma atitude que só vai impedir você de curtir uma novidade, se livre disso;
  • Não sinta que precisa acompanhar as músicas do momento. Há pelo menos 1.000 anos de músicas para se explorar por aí.

Aproveite!

Fonte: The Conversation