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"Peso" da informação digital pode alcançar a massa da Terra em 225 anos

Por| 17 de Agosto de 2020 às 23h00

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"Peso" da informação digital pode alcançar a massa da Terra em 225 anos
"Peso" da informação digital pode alcançar a massa da Terra em 225 anos

Atualmente, o mundo está produzindo uma quantidade imensa de dados, e esse processo ficou ainda mais intenso com a pandemia de COVID-19. Melvin Vopson, professor de física na Universidade de Porsmouth, sugere que, se esse cenário não mudar, poderá ocorrer uma “catástrofe da informação” - dentro de um cenário extremamente abstrato no campo da física teórica, vale lembrar. Isso aconteceria no ano de 2245. O estudo foi publicado na revista AIP Advances.

Para seu estudo, Vopson se inspirou em uma pesquisa feita pelo físico Rolf Landauer em 1960, que considera que a informação tem natureza física em função de restrições termodinâmicas - em outras palavras, destruir um bit de informação iria exigir a dissipação de uma quantidade equivalente de enegia. Então, com base nessas ideias, o professor trabalhou com a seguinte hipótese: e se um bit digital de informação não for apenas físico - como Landauer sugeriu -, mas tenha uma massa finita e quantificável enquanto armazena a informação?

Para entender melhor, imagine a massa de um dispositivo de armazenamento de dados. Após gravar alguma informação nele, essa massa aumentaria um pouco quando comparada ao estado inicial. Claro, esse aumento seria algo mínimo, mas ele não deixa de ser significativo e mensurável. Vale lembrar, entretanto, que toda a ideia que envolve o princípio da equivalência energia e a massa da informação ainda foi verificada por experimentos.

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Mesmo assim, o autor já vislumbra algumas consequências hipotéticas para o futuro.

Possibilidades no futuro da informação

“De acordo com a IBM e outras fontes de big data, 90% dos dados do mundo de hoje foram criados só nos últimos 10 anos”, diz Volper em entrevista ao portal Inverse. A IBM estima que todos os dias são produzidos aproximadamente 2,5 quintilhões de bytes de dados digitais. Então, se essa gigantesca quantidade de conteúdo digital sofrer um aumento de 20% todos os anos, ele acredita que o número de bits digitais sendo produzidos poderá exceder a quantidade de todos os átomos da Terra em um futuro a 350 anos de distância.

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Neste ponto, surge o problema da energia necessária para toda essa produção de informação digital, que tende a continuar aumentando. Para Vopson, a quantidade de energia estaria bem acima do que a Terra pode oferecer. E, se o princípio da equivalência da massa e energia da informação entrar no cálculo, as implicações tornam-se enormes também em relação à massa: no estudo, ele considera o crescimento anual de conteúdo digital em 1%. Então, seriam necessários 3.150 anos para produzir 1 kg de informação digital, e mais 8.800 anos para metade da massa da Terra se equivaler à massa de informações digitais. Ao aumentar essa taxa para 50%, o conteúdo digital levaria apenas 225 anos para ter massa equivalente à do nosso planeta.

Todas essas previsões são, por enquanto, teóricas. Como foram desenvolvidas com base em conceitos abstratos, é possível que a correspondência no mundo real não seja a mesma que as equações sugerem. Mesmo assim, Vopson se mostra otimista: “como a relatividade especial e o princípio de Landauer se provaram corretos, é bastante provável que o novo princípio também o esteja, embora seja apenas uma teoria no momento”. Ele ainda não tem uma resposta definida sobre o que o futuro pode guardar para esse excesso de informação e pontua que, talvez, essa nova singularidade não seja ruim. “Nós estamos literalmente mudando o planeta a um bit de cada vez. Essa sim é a crise invisível, porque os efeitos ainda não podem ser vistos”.

Fonte: AIP Publishing, Science Alert, Inverse