Pegadas de dinossauro comprovam união continental entre África e América do Sul
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela | •
Pegadas de dinossauro de 120 milhões de anos foram encontradas no Brasil e em Camarões. Podem ser países situados em continentes diferentes, mas as pegadas são praticamente idênticas, e estão providenciando muitos dados sobre a antiga Terra e sua geografia aos cientistas. São mais de 260 pegadas entre África e América do Sul, todas analisadas pela Universidade Metodista do Sul (UMS).
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A lama e o cascalho de rios e lagos pré-históricos preservaram as impressões dos antigos animais do início do período Cretáceo, há cerca de 120 milhões de anos. À época, a América do Sul e a África eram unidas na Gondwana, porção de terra que havia se separado do grande continente da Pangeia.
Gondwana e os dinossauros
Uma das conexões mais recentes e estreitas entre a África e a América do Sul ficava no nordeste brasileiro, que se encontrava com a costa de Camarões, ao longo do Golfo da Guiné, durante o Cretáceo. Os dois continentes eram contínuos na região, permitindo que os animais cruzassem de um lado para o outro livremente e deixassem suas pegadas.
A maioria dessas pegadas, segundo os cientistas, é de dinossauros terópodes de três dedos, com algumas poucas de saurópodes e ornitísquios. O estudo, publicado na revista científica Science, revelou similaridades impressionantes entre as pegadas. Isso é visto em contextos geológicos e de placas tectônicas, mas especialmente no formato das pegadas, sendo praticamente idênticas.
O achado traz informações importantes sobre a separação e deriva continental, que criou o Oceano Atlântico Sul. Os continentes envolvidos começaram a se separar há cerca de 140 milhões de anos, alargando fendas já existentes ao longo de partes mais frágeis da crosta terrestre. Isso pode ser visto nas regiões de Borborema, no nordeste do Brasil, e na Bacia de Koum, ao norte de Camarões.
Ambos os locais possuem bacias de meio-Graben, um tipo de estrutura geológica formada pela separação da crosta, gerando uma espécie de declive que termina em uma elevação de terra perpendicular, como a fronteira de um platô. Ali, rios e lagos formaram as bacias correspondentes, com as plantas alimentando herbívoros e dando suporte a uma cadeia alimentar.
Os sedimentos lamacentos dos rios e lagos deixaram pegadas de dinossauros, incluindo carnívoros, mostrando que os vales fluviais deram condições para que as formas de vida atravessassem os continentes da época. Assim, os cientistas conseguem reconstruir os antigos ecossistemas e padrões de migração, mostrando como a vida era interconectada há 120 milhões de anos.
Fonte: Science Blog