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Passagem para o "submundo" zapoteca é achada sob igreja no México

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Marco M. Vigato/The ARX Project
Marco M. Vigato/The ARX Project

Análises arqueológicas revelaram a “entrada para o submundo” da cultura zapoteca sob a fundação de uma igreja católica no México graças a tecnologias avançadas de escaneamento. O achado consiste de um sistema de túneis e câmaras subterrâneas, feitas há mais de 1.000 anos próximo à cidade de Oaxaca, no sul do país.

Os zapotecas surgiram no final do século VI a.C., criando diversos monumentos e tumbas repletas de tesouros para o pós-vida. A estrutura relacionada ao submundo estava no complexo arquitetônico de Mitla, a 44 km de Oaxaca, que foi o principal centro religioso da cultura pré-colombiana e ostenta, até hoje, mosaicos intrincados e bastante únicos.

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O povo abandonou o local após ser conquistado pelos astecas, no final do século XV, e os blocos de suas construções, já em ruínas, foram reutilizados pelos invasores espanhóis para a construção da igreja de São Paulo Apóstolo, quase 100 anos depois.

Revelando o submundo zapoteca

Histórias orais mexicanas sugeriam que o altar principal da igreja espanhola havia sido construído, propositalmente, sobre uma entrada selada a um labirinto subterrâneo cheio de pilares e passagens do antigo templo zapoteca. A construção religiosa era chamada de Lyobaa, que significa “local de descanso”.

Com o projeto Lyobaa, então, cientistas resolveram investigar o mito com métodos geofísicos modernos. Na última quarta-feira (12), foi anunciado o achado do complexo de cavernas e passagens sob a igreja, confirmando a existência do “submundo” zapoteca. O esforço foi realizado por 15 arqueólogos, cientistas geofísicos, especialistas em conservação e engenheiros, com a ajuda do Instituto Nacional de Antropologia e História do México (INAH), da Universidade Nacional Autônoma do México e do Projeto ARX.

Foram 3 métodos não-destrutivos — um radar que penetra o solo, tomografia de resistividade elétrica e tomografia de ruído sísmico — que permitiram a elaboração de um modelo virtual em 3D das ruínas subterrâneas. Com as tecnologias, é possível medir a reflexão de ondas eletromagnéticas e sísmicas quando passam pelas camadas do subsolo e outros materiais enterrados. Isso revelou um grande buraco abaixo do altar principal e duas passagens a ele conectadas, tudo a uma profundidade de 5 a 8 metros.

As câmaras se conectam às crenças zapotecas e seu conceito de submundo, confirmando os relatos coloniais que falam de rituais elaborados e cerimônias feitas em Mitla — justamente nos locais subterrâneos relacionados ao culto dos mortos e dos ancestrais, segundo contou Marco Vigato, do Projeto ARX, ao site LiveScience. Embora já se suspeitasse que o local existia de fato, os cientistas se surpreenderam com o tamanho e profundidade do complexo. Para revelar toda a extensão das ruínas, no entanto, mais pesquisas serão necessárias.

Os mesmos métodos já ajudaram a encontrar outros sítios arqueológicos mesoamericanos, como anormalidades em Teotihuacán que também indicam entradas ao submundo das culturas pré-colombianas. É preciso, no entanto, combinar essas atividades com escavações arqueológicas, completando o estudo por aparelhos com verificações em campo. Segundo os cientistas, o achado ajudará a desvendar a história de Mitla e seu desenvolvimento como um sítio antigo, há mais de 1.000 anos.

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Fonte: The ARX ProjectLiveScience