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Disseram que o núcleo da Terra parou de girar. Quais seriam as consequências?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 24 de Janeiro de 2023 às 10h31

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shooogp/Sketchfab
shooogp/Sketchfab

Um novo estudo realizado por Xiaodong Song e Yi Yang, pesquisadores da Universidade Peking, na China, sugere que o núcleo interno da Terra parou seu movimento de rotação. Segundo os autores, esta estrutura com tamanho semelhante ao de Plutão parou de girar na mesma direção que o restante do planeta — e, inclusive, poderia até estar "girando na outra direção". Mas será que isso é possível?

Localizado a cerca de 5 mil quilômetros abaixo da superfície, o núcleo interno da Terra é como um “planeta dentro do planeta”, e pode girar independentemente porque é sólido e flutua no núcleo externo, este composto por metal líquido. Apesar de os cientistas não saberem ao certo como ocorre a rotação do núcleo interno, é certo que ele gira a uma velocidade quase igual à da superfície, indo um pouco mais rápido ou um pouco mais devagar que esta. 

O "descompasso" da rotação do núcleo foi observado pela primeira vez em 1996, quando cientistas notaram que ele parecia girar 1 parte em 100 mil mais rapidamente que a superfície. A diferença pode parecer pequena, mas é capaz de causar um "desvio" de mais de 10 km a cada ano.

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Agora, para o estudo, os autores analisaram as ondas sísmicas de terremotos ao longo das últimas seis décadas. Eles descobriram que o ritmo das ondas apresentou grandes mudanças ao longo dos anos, o que sugere que o núcleo interno estava em movimento e apresentou uma “face” diferente para elas, afetando o tempo do movimento das ondas.

Eles notaram também que, desde 2009, houve muito pouca mudança no tempo das ondas sísmicas, o que sugere que a rotação do núcleo interno pode ter sido pausada. Ao analisar as leituras sísmicas das décadas de 1960 e 1970, os autores sugerem que o núcleo interno pode oscilar em períodos de 70 anos, e que mudaria a direção de seu movimento a cada 30 anos. Isso significa que o núcleo do nosso planeta poderia girar em uma direção, pausou seu movimento e o reverteu novamente na década de 1970.

Agora, ele está sendo pausado novamente. Estas variações são de menos de 1 segundo em comparação com a superfície, ou seja, são pequenas e imperceptíveis para nós, mas significativas em escalas geofísicas.“Se o modelo de oscilação estiver correto, esperamos que o núcleo interno continue girando mais lentamente que a superfície até o meio da década de 1940”, sugeriu Song.

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As pequenas variações da velocidade da rotação do núcleo, que fazem com que gire mais rápida ou lentamente do que a superfície, podem ocorrer por motivos diversos. Entre eles, estão a ação da gravidade do manto sobre o núcleo ou até dos campos magnéticos do núcleo externo; então, ao coletar medidas destes efeitos, os cientistas podem compreender melhor nosso planeta e até o campo magnético que nos protege de partículas perigosas.

Outro estudo publicado em junho pelo sismólogo Jon Vidale e pelo pesquisador Wei Wang sugeria que a rotação do núcleo interno muda em ciclos de seis anos, alterando a direção a cada três anos — o que corresponde a dados de pesquisadores independentes, que mostraram que a duração dos dias na Terra muda em ciclos de aproximadamente seis anos.

De qualquer forma, as conclusões não sugerem que a “pausa” do núcleo causará uma catástrofe ou efeitos perceptíveis na superfície. Mesmo assim, os autores acreditam haver alguma relação física entre as camadas da Terra, do núcleo interno até a superfície. “Esperamos que nosso estudo motive alguns pesquisadores a construir e testar modelos que tratem a Terra como um sistema integrado e dinâmico”, disseram.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Geoscience.

Fonte: Nature Geoscience; Via: Inverse, Corey S. Powell