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O que é luminol? Substância ajuda polícia a detectar sangue

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Faruk Tokluoğlu/Pexels
Faruk Tokluoğlu/Pexels

Quem é fã de séries policiais ou de programas de True Crime já deve ter, no mínimo, escutado sobre o uso do luminol. Este é um produto bastante comum em investigações que envolvem a suspeita de assassinato, feitas pela polícia, durante a perícia forense. De forma simples, o químico revela manchas de sangue, mesmo que o criminoso tenha tentado apagá-las.

Quando o luminol reage com o sangue na cena de um crime, ele muda de cor, ficando azul, o que dá pistas para a equipe policial do que pode ter acontecido. O interessante é que, mesmo que o criminoso tente limpar o local, com produtos de limpeza, os vestígios ainda podem ser encontrados através da técnica. Em alguns casos, eles resistem por décadas.

Por que procurar sangue na cena de um crime?

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"Localizar sangue na cena do crime é um passo vital da investigação”, explicam as pesquisadoras da Universidade de Tecnologia de Sydney, na Austrália, em artigo para a plataforma The Conversation.

Afinal, essas evidências ajudam a recriar os eventos de um crime, identificando possíveis vítimas e suspeitos. Por exemplo, pode indicar uma possível mancha de sangue na roupa do indivíduo que alegava não estar no local. Também revela potenciais armas, como facas, machados, martelos ou até mesmo um rolo de macarrão.

Nesta etapa de investigação, as cientistas explicam que “a polícia emprega vários métodos de teste ao investigar uma cena de crime em busca de evidências de sangue”. Entre eles, o mais comum é o uso do luminol, que é também uma das estratégias mais precisas.

"O luminol é cinco vezes mais sensível que a fenolftaleína, e seis vezes mais sensível que o Verde de Malaquita e a Benzidina [na identificação de vestígios de sangue]”, afirma artigo do Laboratório de Síntese e Análise de Produtos Estratégicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O que é o luminol?

Para não restar dúvidas sobre o que é o luminol, vale explicar que este é um produto químico. Na maioria das vezes, é encontrado na forma de um pó branco que pende para o amarelo, usado há anos como reagente quimioluminescente — ele emite luz como resultado da reação de oxidação. Na busca por vestígios de sangue, o pó é misturado com peróxido de hidrogênio e algum tipo de hidróxido, o que resulta em uma solução com luminol. Nas investigações, é quase sempre usada na forma de spray.

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Entenda como funciona o luminol

Quando o composto contendo luminol reage com o sangue oculto — mais especificamente, com o ferro presente na hemoglobina, o catalisador dessa equação —, a reação química libera energia (fótons) na forma de uma luz fluorescente azul. Esta mudança de cor, revelando vestígios de sangue, é passageira e, por isso, precisa ser fotografada com equipamentos especiais para servir como provas em investigações.

A seguir, veja um experimento usando o luminol na detecção do sangue:

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Entretanto, uma vez descoberto o vestígio, testes adicionais devem ser obrigatoriamente realizados, confirmando a existência de sangue humano, já que outras moléculas podem reagir com o luminol.

O luminol detecta sangue de quanto tempo?

O uso do luminol pode revelar vestígios bastante antigos de sangue. Publicado na revista Journal of the Association for Crime Scene Reconstruction (ACSR), um estudo descobriu que amostras de sangue podem permanecer identificáveis por até 8 anos no chão de terra de uma plantação.

"A capacidade de detectar sangue no solo muitos anos após a deposição tem algum valor prático para investigações de casos arquivados e na reconstrução da cena do crime”, afirmam os autores, que pertencem ao departamento de polícia do estado do Colorado, nos EUA.

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A questão é que, dependendo do nível de preservação do local, o tempo pode ser ainda maior, explicam os pesquisadores. No mesmo estudo, eles citam o caso de um grupo que descobriu manchas de sangue ocultas, em 2004, de um crime que ocorreu em 1892, em Massachusetts. “Esses estudos e experimentos indicam que os compostos no sangue são muito persistentes”, pontuam. Nesse contexto, o luminol é capaz de revelar o sangue mesmo depois de 100 anos do incidente.

Para que serve o luminol?

Embora o uso mais comum do luminol seja feito pela equipe forense na detecção da presença de sangue oculto em crimes e de sangue “queimado” em explosões acidentais ou criminosas, existem outros usos para o produto químico.

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Por exemplo, hospitais podem usá-lo em equipamentos para confirmar a limpeza dos ambientes. Na indústria de alimentos, pode ser aplicado no controle de qualidade de processos de descontaminação dentro de frigoríficos. Outro uso é na agricultura, onde avalia a extensão da aplicação dos inseticidas.

Fonte: The ConversationUFRJ e ACSR