Monumento do Neolítico tem blocos de pedra mais pesados que aviões
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Os monumentos megalíticos, como Stonehenge, são motivo de fascínio e atraem milhares de turistas todos os anos. Menos popular, o Dólmen da Menga (ou a Cova da Menga), no sul da Espanha, surpreende por ter sido construído com rochas incrivelmente pesadas, durante o Neolítico. Alguns desses blocos são mais pesados que aviões.
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O Dólmen da Menga foi construído com 32 grandes blocos de pedras, sendo que o mais pesado tem 150 toneladas. Isso equivale ao peso de uma baleia-azul, ultrapassa o peso de alguns modelos de aviões e é cinco vezes mais pesado que o maior bloco de Stonehenge.
Toda a estrutura do monumento pesa 1,14 mil toneladas. É mais que o dobro de carga do que o Boeing 747-8 Freighter consegue transportar em uma viagem. Por voo, dá para transportar até 447,7 toneladas com o modelo, o que faz dele o maior avião de carga da atualidade. Entretanto, sem nenhuma tecnologia do tipo, os humanos do Neolítico conseguiram carregar sozinhos essa carga tão pesada.
Esses feitos aparentemente impossíveis apenas aumentam a curiosidade pelo monumento espanhol, erguido há cerca de 5,6 mil anos, na atual cidade de Antequera, como uma câmara mortuária.
Hoje, ainda há muito o que descobrir sobre a sua história, como busca investigar os pesquisadores do Centro Oceanográfico das Ilhas Canárias (COC). Parte dos achados é descrita no recente estudo publicado na revista Science Advances.
Construção do Dólmen de Menga
Com um peso maior do que é possível transportar com os maiores aviões de carga do mundo, a primeira questão é entender como os humanos moveram esses enormes blocos de pedra até o local em que o monumento do Neolítico foi erguido.
"Nós hipotetizamos que essas pedras enormes foram transportadas usando trenós, já que técnicas alternativas de transporte, como rolos, teriam sido consideradas impraticáveis”, afirmam os pesquisadores espanhóis sobre o transporte das rochas.
Então, os blocos de pedra eram movidos por uma “trilha” de madeira pré-construída, que ligavam as pedreiras próximas até o local em que a construção foi feita.
Após entender esta etapa, vale olhar para a estrutura do Dólmen de Menga. A câmara tem cerca de 25 m de comprimento e 5 m de largura no ponto mais largo.
Para dar sustentação, cada bloco de pedra se encaixa no outro e existem três pilares alinhados ao eixo central do monumento do Neolítico. A estrutura geral é trapezoidal, ou seja, as “paredes” são mais estreitas no topo do que na parte inferior, ajudando na estabilidade.
Outra estratégia importante foi embutir parte dos blocos da construção milenar no leito rochoso, garantindo estabilidade extra. “Consciente ou inconscientemente, esse projeto permitiu que os engenheiros alcançassem grande estabilidade para um edifício localizado em uma região com certa sismicidade, onde grandes terremotos podem ocorrer”, afirmam os pesquisadores.
Monumento é marco do Neolítico
"A incorporação de conhecimento avançado nos campos da geologia, física, geometria e astronomia mostra que [o Dólmen de] Menga representa não apenas um feito da engenharia pré-histórica, mas também um passo substancial no avanço da ciência humana”, explica a equipe por revisar a estratégias adotadas na construção.
“Menga demonstra a tentativa bem-sucedida de fazer um monumento colossal que dura milhares de anos”, completam os pesquisadores. Até o momento, são quase 6 mil anos de resistência.
Fonte: Science Advances