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Michael Collins, o "astronauta esquecido" da Apollo 11, morre aos 90 anos

Por| Editado por Patricia Gnipper | 28 de Abril de 2021 às 14h55

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NASA
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Morreu, aos 90 anos, o astronauta Michael Collins, mundialmente conhecido por sua participação como piloto do módulo de comando e serviço durante a missão Apollo 11, em julho de 1969. A notícia foi divulgada pela própria família de Collins no início da tarde desta quarta-feira (28), através de uma nota no perfil do ex-astronauta no Twitter.

No comunicado, a família relatou que, após travar uma valente batalha contra o câncer, Collins passou seus “últimos dias em paz” ao lado dos seus familiares. “Mike sempre enfrentou os desafios da vida com graça e humildade, e enfrentou este, seu desafio final da mesma forma”, diz a nota.

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A NASA também se pronunciou publicamente sobre o falecimento de Collins. Por meio de seu admistrador interino, Steve Jurczyk, a agência espacial disse o seguinte:

“Hoje, a nação perdeu um verdadeiro pioneiro e defensor da exploração, o astronauta Michael Collins. Como piloto do módulo de comando da Apollo 11 — alguns o chamam de "o homem mais solitário da história" — enquanto seus colegas caminhavam na Lua pela primeira vez, ele ajudou nossa nação a atingir um marco decisivo. Ele também se destacou no Programa Gemini e como piloto da Força Aérea. Michael continuou sendo um promotor incansável do espaço. ‘Explorar não é uma escolha, realmente, é um imperativo’, disse ele. Intensamente pensativo sobre sua experiência em órbita, ele acrescentou: 'O que valeria a pena registrar é que tipo de civilização nós os terráqueos criamos e se nos aventuramos ou não em outras partes da galáxia'. Suas próprias realizações, seus escritos sobre suas experiências e sua liderança no National Air and Space Museum ajudaram a obter ampla exposição para o trabalho de todos os homens e mulheres que ajudaram nossa nação a alcançar a grandeza na aviação e no espaço. Não há dúvida de que ele inspirou uma nova geração de cientistas, engenheiros, pilotos de teste e astronautas. A NASA lamenta a perda desse piloto e astronauta talentoso, um amigo de todos que buscam expandir o potencial humano. Quer seu trabalho tenha ocorrido nos bastidores ou à vista de todos, seu legado sempre será o de um dos líderes que deram os primeiros passos da América no cosmos. E seu espírito irá conosco conforme nos aventuramos em direção a horizontes mais distantes."

O astronauta fez parte da tripulação de apenas três membros da Apollo 11, em 1969 e, ao contrário de Neil Armstrong e Buzz Aldrin, jamais pisou na Lua. Collins foi responsável por pilotar o módulo de comando enquanto os outros dois astronautas realizavam a missão em solo lunar — é comum que se refiram a ele como o “astronauta esquecido”, por esta razão. Desde menino, sonhava em alcançar o espaço e dizia que: "eu costumava brincar que a NASA me mandou para o lugar errado, para a Lua". Segundo ele, Marte era um lugar mais interessante e esteve presente em suas leituras de criança.

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Enquanto Armstrong e Aldrin caminhavam pela Lua, Collins permaneceu orbitando a Lua. De um lado, a paisagem lunar deserta; do outro o planeta Terra. Mais tarde, ele disse: ”a coisa de que mais me lembro é a visão do planeta Terra de uma grande distância". E, durante o tempo em que o orbitador passava pela parte de trás da Lua, ele ficava completamente isolado — privado de se comunicar com os controladores —; por isso, foi apelidado de “o homem mais solitário da humanidade”. Anos depois, o astronauta explicou, com uma dose de humor, que: “o fato de eu estar sem comunicação, em vez de ser um medo, foi uma alegria porque fiz com que o Controle da Missão calasse a boca por um tempo".

Inclusive é muito comum que poucas pessoas não saibam responder os nomes da tripulação da Apollo 11 incluindo o nome de Collins. Francis French, do Museu Aéreo e Espacial de San Diego, lamenta que o astronauta não seja tão lembrado, pois: “em muitos aspectos, ele era a pedra angular da missão; ele era aquele que realmente sabia como pilotar a espaçonave sozinho, posteriormente retornando como todos para casa".

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Após se aposentar como astronauta em 1970, assumiu trabalhos como Secretário de Estado Assistente para Relações Públicas, no Departamento de Estado dos EUA. Depois, foi diretor do Museu Nacional de Ar e Espaço, até 1978. Collins se aposentou da Força Aérea em 1982, com a patente de major-general.

Filho de um general do Exército dos Estados Unidos, Michael Collins nasceu em 1930, em Roma, na Itália, mas morou com seu pai em diversas cidades dos EUA. Em 1952, Collins se formou na Academia Militar dos EUA, em West Point, decidido a entrar na Força Aérea — em seguida, tornou-se piloto de teste. Somente em 1963 a NASA escolheu o astronauta para seu primeiro voo a bordo da Gemini 10 — missão responsável por torná-lo o quarto ser humano a realizar uma caminhada no espaço.

A missão Apollo 11 proporcionou a Collins a sua última viagem ao espaço, pelo menos fisicamente, pois ele chegou a Marte através de seus vários livros — o Planeta Vermelho era o lugar principal de suas tramas. Uma de suas obras, o livro autobiográfico Carrying the Fire (1974), é considerada uma das melhores autobiografias de astronautas. "Como astronauta, sempre pensei que tinha o melhor emprego do mundo e ainda acho isso", disse o astronauta, mas reforçando que sabia aceitar o fim de uma missão. Ele fazia questão de dizer que a NASA foi um capítulo importante de sua vida, “o melhor e mais brilhante”, mas não o único.

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Mesmo depois de todos esses anos, Collins dizia que, ao olhar para cima e ver a Lua, pensava: “Meu Deus! Já estive lá! Eu estava lá em cima, sabe?”. Antes de ser acometido pela doença, o astronauta levava uma vida bem ativa, praticando esportes. Também adorava pescar e, recentemente, pintar.

Fonte: NPR, NASA