Mergulhadores acham restos mortais de aviador da 2ª Guerra Mundial em Malta
Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela | 11 de Setembro de 2023 às 18h09
![DPAA/University of Malta](https://t.ctcdn.com.br/JyLLWweoTWWAUQjPFbXTijH-CVI=/640x360/smart/i797083.jpeg)
Uma investigação arqueológica encontrou os restos mortais de um tripulante de um bombardeiro dos Estados Unidos que afundou no mar Mediterrâneo, próximo à ilha de Malta, em maio de 1943, nos anos finais da Segunda Guerra Mundial. Tanto o corpo do militar quanto artefatos históricos de 80 anos atrás puderam ser trazidos de volta à superfície durante os mergulhos.
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A agência americana responsável por prisioneiros de guerra e desaparecidos em combate (DPAA) confirmou se tratar do sargento Irving R. Newman, que tinha 22 anos quando sua aeronave, um B-24 Liberator com base na Líbia, teve problemas no motor e foi atingido por baterias antiaéreas durante um bombardeio no sul da Itália, na Segunda Guerra Mundial.
Com as falhas, a tripulação do bombardeiro tentou chegar até Malta, uma base de pouso de emergência para aviões Aliados avariados, mas a perda de potência impossibilitou a manobra. Nove tripulantes sobreviveram à queda aquática, e chegaram a tentar socorrer Newman, que também estava ferido por conta dos ataques antiaéreos. A aeronave, no entanto, afundou em questão de minutos, levando o sargento consigo e deixando apenas destroços no fundo do mar.
Chegando ao naufrágio do bombardeiro
Os destroços do B-24 estão, atualmente, a cerca de 1,5 km da ponta sul da ilha de Malta, a 58 metros da superfície da água. Mergulhos até o local começaram em 2018, mas não foi possível recuperar os restos de Newman até junho deste ano. Timmy Gambin, um arqueólogo marinho da Universidade de Malta, liderou a equipe de mergulhadores responsáveis pelo feito.
Pesquisas arqueológicas da universidade começaram a buscar pelo naufrágio do avião desaparecido em 2015, após ouvir relatos de que a aeronave havia caído no local em 1943. O achado só foi possível com tecnologia de sonar de escaneamento lateral, que criou uma imagem das profundezas do mar da região. Sonares e veículos autônomos submarinos completaram as varreduras e imagens fotogramétricas foram usadas para criar um modelo 3D detalhado dos destroços (que pode ser visto online).
O sítio arqueológico é fundo demais para mergulhos comuns, então a equipe teve de utilizar gases com mais hélio e oxigênio do que o normal para maximizar o tempo no fundo do mar, além de tecnologia de “re-respiração”, equipamentos que absorvem dióxido de carbono e reciclam outros gases. Mesmo assim, o tempo de trabalho ficou limitado para 45 minutos por dia, com a escavação completa dos restos de Newman sendo completada apenas após dois meses de mergulhos — um em 2022 e outro em 2023.
Newman era um atirador no B-24, e entre os desafios enfrentados pela equipe durante os mergulhos, estavam as superfícies irregulares da posição de artilharia e a natureza instável do local. O foco era resgatar os restos do sargento — cuja identidade foi confirmada por análise da arcada dentária e de DNA mitocondrial —, mas também foi possível recuperar uma metralhadora de 50 mm e outros artefatos da Segunda Guerra Mundial presentes no naufrágio da aeronave.
As águas ao redor da ilha de Malta são lar de diversos naufrágios, de balsas a navios de várias décadas diferentes, mas o B-24 é bastante único. Segundo os pesquisadores contaram ao site Live Science, um bombardeiro da Força Aérea Americana é bastante incomum no local, já que nenhum deles decolou das pistas maltesas.
Fonte: DPAA com informações de Live Science