Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Incrível mosassauro do Cretáceo tinha "dentes de chave fenda" únicos à biologia

Por| Editado por Luciana Zaramela | 22 de Maio de 2023 às 12h46

Link copiado!

Roland Tanglao/CC-BY-2.0
Roland Tanglao/CC-BY-2.0

Cientistas encontraram partes da mandíbula e coroa dos dentes de um mosassauro bastante curioso em um sítio arqueológico de Marrocos, o que gerou a descrição de uma nova espécie do extinto réptil marinho do Cretáceo — ele tinha dentes raiados, como uma chave de fenda. Com cerca de 67 milhões de anos, o animal foi batizado de Stelladens mysteriosus pelos paleontólogos.

O nome se deu por conta da característica única dos dentes, que possuíam ranhuras verticais em um padrão que lembra o desenho de uma estrela. Comparativamente, é como a cabeça em formato de cone da chave phillips (ou uma chave allen), utilizada para apertar parafusos. Surpresos, os pesquisadores afirmam não ter visto a característica em nenhum outro mosassauro, ou outro réptil, ou sequer outro vertebrado.

Continua após a publicidade

Por que dentes tão únicos?

De acordo com os paleontólogos responsáveis, nenhum animal vivo ou extinto apresentou dentes parecidos com os do S. mysteriosus, sendo de fato um acontecimento único na história da biologia. Isso pode significar que o réptil tinha uma dieta também bastante diferenciada e especializada, capturando presas ou se alimentando delas de um jeito incomum.

Como não há outros animais com essas características, não há como saber do que ele se alimentava. É possível, portanto, que ele ocupasse um nicho ecológico que não existe mais, o que explicaria a ausência desses dentes em espécies futuras. A maioria dos mosassauros possuía duas ranhuras serradas nos dentes, uma de cada lado, como lâminas que ajudavam a cortar as presas. Nos S. mysteriosus, havia de 4 a 6 delas em cada dente.

Continua após a publicidade

Qual era a dieta do mosassauro?

Nos restos encontrados, é possível ver que os dentes da espécie eram curtos, porém robustos, apresentando as pontas gastas pelo uso — isso exclui uma dieta com presas de tecidos unicamente moles. Os dentes, no entanto, não eram fortes o suficiente para quebrar a casca de bichos bastante protegidos, como mariscos e ouriços-do-mar. O que o animal comia, então?

A teoria dos cientistas é que ele se alimentava de criaturas pequenas e com proteções corporais leves, como amonites de casco fino, crustáceos e peixes ósseos. É difícil saber, ainda mais levando em conta que o período cretáceo estava cheio de bichos que não existem mais, como belemitas, baculitas e amonites. A evolução, dizem os pesquisadores, nem sempre é previsível — muitas vezes, ela toma caminhos únicos, evoluindo uma criatura para algo que nunca foi visto, e nunca mais será visto após sua extinção.

Continua após a publicidade

Os mosassauros surgiram há cerca de 100 milhões de anos, se diversificando até 66 milhões de anos atrás, quando o impacto do meteorito de Chicxulub extinguiu os dinossauros e os répteis marinhos. Descobertas como essa e outras feitas no Marrocos, em nos depósitos de fosfato de Sidi Chennane, na bacia Oulad Abdoun, têm nos mostrado que os mosassauros estavam evoluindo rápido até chegar em sua extinção, excluindo a possibilidade de estarem entrando em declínio — eles se foram quando estavam em seu auge.

Fonte: Fossils