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Incêndio em Notre-Dame revelou esqueleto de ferro pioneiro para a Era Medieval

Por| Editado por Luciana Zaramela | 17 de Março de 2023 às 21h45

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Aurélia Azéma/Lab. de Recherche des Mon. Historiques
Aurélia Azéma/Lab. de Recherche des Mon. Historiques

Não há dúvidas de que o incêndio que acometeu a Catedral de Notre-Dame de Paris em 2019, na capital francesa, foi uma tragédia em termos de preservação histórica e arquitetônica. O incidente acabou, no entanto, revelando diversos segredos da famosa construção medieval, como caixões de chumbo contendo figuras relacionadas à sua história — agora, um segredo curioso da sua arquitetura veio à tona, algo que provavelmente levaria muito mais tempo para ser descoberto sem o desastre.

Meses após a catástrofe de fogo atingir o monumento, cientistas descobriram que as pedras utilizadas na construção, que possui um estilo de construção gótico, eram fixadas umas às outras através de grandes grampos de ferro. A característica nunca havia sido vista em uma construção desse período, segundo os cientistas, que publicaram um estudo sobre o caso na revista científica PLoS One.

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Pioneira arquitetônica

A Notre-Dame de Paris teve sua obra iniciada no início do século XII, levando cerca de 300 anos para ser finalizada. Atualmente, ela passa por um processo de restauração para retomar sua aparência original. A novidade dos grampos de ferro mostra aos pesquisadores que os construtores da época estavam experimentando com técnicas inovadoras de construção.

O cientista Maxime L'Héritier, do departamento de história da Universidade Paris 8, liderou uma equipe que analisou 12 grampos de ferro encontrados na catedral, com cerca de 50 cm de comprimento e que integravam parte do "esqueleto de ferro" do edifício, ajudando a mantê-lo em pé.

Com a tecnologia, as pedras tinham um reorço adicional, necessário para segurar os grandes arcos da nave das enormes torres de 69 metros cada. Sem o apoio dos grampos, é provável que houvesse sido impossível construir uma catedral dessa magnitude em 1160, quando se deu início aos trabalhos para erigi-la.

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Ao estudar outras construções góticas do mesmo período, os cientistas notaram que nenhuma usava ferro na estrutura. Foi o material, segundo eles, que permitiu elevá-la a uma altura tão grande. Realizando datação por radiocarbono nos grampos, decobriu-se que eles teriam sido utilizados em uma das fases iniciais de construção, ou seja, sua data de produção combina com a das pedras, também de cerca de 1160 d.C.

Levará mais tempo, no entanto, para descobrir segredos mais profundos sobre a origem do ferro. Os pesquisadores buscam saber se o material é local ou veio de locais mais distantes, já que há diferentes origens do minério caso a construção tenha sido feita durantes os séculos XII ou XIII.

O que sabemos é que o bispo da catedral faleceu no final do século XII, então é possível que uma nova fonte de minéria tenha sido utilizada anos depois. Com mais um ou dois anos de trabalho, dizem os cientistas, poderemos saber mais. Segundo a AP News, os 4 últimos anos foram dedicados à reconstrução da catedral de Notre-Dame, que deve receber visitantes novamente em dezembro de 2024.

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Fonte: PLOS One, AP News