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Galinhas editadas geneticamente são resistentes à gripe aviária

Por| Editado por Luciana Zaramela | 12 de Outubro de 2023 às 10h42

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William Moreland/Unsplash
William Moreland/Unsplash

No Reino Unido, cientistas da Universidade de Edimburgo e do Imperial College London usaram uma ferramenta de edição genética para modificar o DNA de galinhas e torná-las resistentes ao vírus da gripe aviária. Após as alterações no código genético, a maioria estava imune a infecção que pode ser devastadora para a granja e para os negócios.

Publicado na revista científica Nature Communications, o estudo afirma que as galinhas que foram geneticamente modificadas não tiveram alterações de comportamento, além de manterem bons indicadores de saúde. Isso abre caminhos para o potencial uso dessa estratégia em granjas comerciais no futuro.

Desafio da gripe aviária

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Hoje, “a gripe aviária é uma grande ameaça para as populações de aves”, afirma Mike McGrew, pesquisador da Universidade de Edimburgo e principal autor do estudo, em nota.

Para proteger os animais, uma das possíveis estratégias é o uso de vacinas. No entanto, o especialista explica que “a vacinação implica numa série de desafios, com questões práticas e de custos significativos associadas à distribuição do imunizante”. Só para dimensionar a questão, apenas no Brasil, foram contabilizadas a existência de 259 milhões de galinhas no ano passado. Por isso, estratégias mais simples precisam ser desenvolvidas.

Entre elas, estão as modificações genéticas que conferem maior resistência contra um vírus ou outro patógeno. “A edição genética oferece um caminho promissor para a resistência permanente às doenças, que podem ser transmitidas para as novas gerações, protegendo as aves e também reduzindo os riscos para os seres humanos e para as aves selvagens”, acrescenta McGrew.

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Testes com edição genética em galinhas

Só que antes desse futuro se tornar realidade, é preciso realizar inúmeros testes garantindo a segurança e a eficácia do novo método que envolve o uso da tesoura genética CRISPR.

Na primeira fase de pesquisa, os cientistas alteraram um fragmento do DNA responsável pela produção da proteína ANP32A. Em caso de infecção pela gripe aviária, o vírus usa essa molécula no seu processo de proliferação. Dessa forma, a ideia é que, se fosse removido, os animais estariam imunes.

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Nos testes práticos, as galinhas foram expostas a baixas concentrações do agente infeccioso. Como resultado, 9 em cada 10 aves não contraíram a doença e nem transmitiram o patógeno para outras. No entanto, quando as concentrações do vírus aumentaram, apenas 5 em 10 galinhas resistiram. Apesar disso, a edição genética conseguiu reduzir o nível de propagação da doença para outras aves na granja.

Próximo desafio contra a gripe aviária

Embora os primeiros resultados tenham sido positivos, os pesquisadores entendem que é preciso aumentar o nível de imunidade nesses animais. Por isso, a nova proposta é editar fragmentos do DNA responsáveis pela produção de três proteínas: ANP32A, ANP32B e ANP32E.

Nos testes em laboratórios (in vitro), o crescimento do vírus foi bloqueado com sucesso nas células com as três edições genéticas. Agora, o próximo passo é editar as galinhas e observar como essas novas modificações alteram o nível de proteção contra a gripe aviária.

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Vale lembrar que, no Brasil, mais de 120 focos de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) já foram registrados este ano. Inclusive, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), duas galinhas consideradas de subsistência — não são criadas pensando na produção comercial — foram infectadas. Neste ponto, novas soluções são mais que necessárias.

Fonte: Nature Communications e Universidade de Edimburgo