Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Fóssil de peixe ancestral sugere que nossos dentes evoluíram de fora para dentro

Por| Editado por Luciana Zaramela | 31 de Agosto de 2022 às 15h30

Link copiado!

Mary Harrsch/Flickr
Mary Harrsch/Flickr

Ao estudar escamas de peixes pré-históricos, pesquisadores descobriram evidências de que os dentes evoluíram de fora para dentro — e não de dentro para fora, como algumas teorias sugerem. O achado aconteceu sem querer, no estudo de um fóssil de Ischyrhiza mira, um peixe-serra da América do Norte que viveu de 65 milhões a 100 milhões de anos atrás.

Os I. mira tinham, assim como os tubarões-serra e peixes-serra dos mares atuais, espinhos entalhados ao redor do focinho, que ajudavam a afastar predadores e buscar alimento. Chamados dentículos rostrais, eles são uma espécie de escama modificada, feita do mesmo material das escamas presentes no restante do corpo. Os cientistas buscavam entender a relação entre os dois elementos.

Continua após a publicidade

Como os dentes evoluíram

Foram feitas análises na camada externa mais dura dos dentículos rostrais, feita de enameloide, que mostrou uma complexidade inesperada, muito maior do que a das escamas corporais. A organização do material lembrava muito mais o enameloide dos tubarões modernos, com camadas de microcristais de fluorapatita que se juntava em linhas finas na superfície, e de forma mais aleatória no fundo.

Além de fluorapatita, as camadas continham microcristais comprimidos perpendicularmente à superfície do dentículo. Essa combinação dava força e resistência a pressões mecânicas, assim como acontece nos dentes de tubarão-serra. Embora não seja impossível que as escamas e dentes possam ter evoluído separadamente, é mais provável que um tenha vindo antes do outro — ou seja, que os dentes tenham vindo "de fora", evoluindo a partir das escamas.

Continua após a publicidade

A pesquisa deve impactar em estudos futuros sobre a história evolutiva dos dentes, o que é curioso, já que os dentículos rostrais não foram inicialmente examinados para isso. À medida que descobrimos mais similaridades entre a parte externa das criaturas marinhas e os dentes em nossas bocas, fica cada vez mais provável que mastiguemos com escamas de peixe altamente evoluídas.

Todd Cook, paleontólogo de vertebrados e um dos autores do estudo, comentou que a descoberta traz evidências diretas para suportar a teoria do "fora para dentro" no desenvolvimento dentário, mostrando a capacidade que escamas têm de evoluir enameloides semelhantes a dentes do lado de fora da boca. A pesquisa foi publicada na revista científica Journal of Anatomy.

Fonte: Journal of Anatomy