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Fóssil de dinossauro mais antigo da África é encontrado no Zimbábue

Por| Editado por Luciana Zaramela | 31 de Agosto de 2022 às 20h30

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Ben Townsend/CC-BY-2.0
Ben Townsend/CC-BY-2.0

O dinossauro mais antigo da África e um dos mais antigos do mundo foi encontrado por cientistas no Zimbábue. Além de ajudar a entendermos melhor a evolução dos grandes répteis, o fóssil do Triássico também traz dicas para uma pergunta paleontológica antiga: por que alguns dinos só viviam em alguns lugares da Pangeia?

Em estudo publicado na revista científica Nature nesta quarta-feira (31), os cientistas descreveram o trabalho realizado na Formação Pebbly Arkose, no norte do Zimbábue, em 2017, onde acharam um esqueleto quase completo de dinossauro. Ele foi nomeado Mbiresaurus raathi, em homenagem à tribo Mbire, do povo Xona, cuja dinastia já reinou por ali. Outro homenageado é Michael Raath, que ajudou a descobrir os primeiros fósseis da região.

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Dinossauros antigos e a Pangeia

O fóssil em questão tem cerca de 230 milhões de anos, e, assim como os primeiros dinossauros, não era muito grande. Apesar de ser um primo distante dos braquiossauros ou apatossauros, saurópodes de pescoço longo, ele tinha só 2 metros de comprimento e 0,5 metro de altura na cintura.

O ambiente onde o M. raathi vivia, no final do Triássico (252 milhões a 201 milhões de anos atrás), era nos bancos de um rio com muita diversidade em sua fauna. Com ele, foram encontrados muitos proto-mamíferos, nossos ancestrais, como cinodontes, além de crocodilos encouraçados e rincossauros, estranhos répteis com bicos. Há, ainda, evidências de um dos primeiros dinossauros carnívoros.

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E um dos aspectos mais interessantes da descoberta é que ela é quase idêntica ao que se pode achar na Patagônia ou no Brasil: isso porque a Pangeia, supercontinente onde os dinossauros viviam, era uma massa de terra só. O Zimbábue, um dia, já pôde ser alcançando apenas andando da América do Sul à África. Mesmo assim, algumas espécies não ultrapassavam certas regiões.

Seguindo algumas hipóteses, os pesquisadores propõem que os responsáveis pela falta de migração de alguns dinos seja o clima: na latitude correspondente à América do Sul, centro-sul da África e Índia, a temperatura era ideal, não tão quente e sem secas, se tornando a preferida das espécies cujos fósseis encontramos apenas nesses locais. Isso pode ser visto até mesmo nos animais que habitam as mesmas terras nos dias de hoje.

Os especialistas consideram o encontro do M. raathi um dos mais importantes da história recente, já que ele traz mais uma peça do quebra-cabeça dos mais antigos dinossauros conhecidos. Há um fóssil mais antigo do que ele, da Tanzânia, o Nyasasaurus, com 245 milhões de anos — o problema é que, com poucos ossos achados, não há como saber se ele era um dinossauro ou um ancestral deles, um dinossauromorfo.

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Fonte: Nature