Fóssil chinês de 150 milhões de anos revoluciona evolução das aves
Por Lillian Sibila Dala Costa |

Com 150 milhões de anos e o porte de um pardal, um pássaro fossilizado chinês está ocupando um triplex na cabeça dos paleontólogos. O motivo são características curiosas nos ossos da cauda: eles se “embolam” numa estrutura comprimida chamada pigostilo, ou coranchim, como é conhecido na culinária, já que as galinhas também o possuem.
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O pigostilo é imprescindível para o voo dos pássaros, sendo onipresente nas aves modernas. A questão é que a espécie, chamada de Baminornis zhenghensis, viveu na mesma época de outros ancestrais avianos, o mais famoso deles sendo o Archeopteryx, que eram bem menos “evoluído” em termos de adaptações modernas. O que isso quer dizer?
O novo velho pássaro
Os pesquisadores Runsheng Chen e Min Wang, da Academia Chinesa de Ciências, foram os responsáveis por estudar o fóssil do pássaro, publicando sobre o caso no periódico científico Nature.
As últimas vértebras estarem unidas no pigostilo é, segundo os cientistas, uma característica bem avançada em relação a outras aves primitivas, servindo para ancorar o bicho durante o voo, diminuir o arrasto do vento e mudar o centro de massa.
O ombro da espécie também continha adaptações que facilitavam o movimento de bater as asas, indicando que voava melhor do que o Archeopteryx, que mais planava do que propriamente controlava seu voo.
O B. zhenghensis, no entanto, ainda tinha algumas características nas asas que as tornavam uma espécie de “pata frontal adaptada”, com dedos com garras, por exemplo, úteis para pegar presas, mas que prejudicavam um pouco o voo. Isso quer dizer que, mesmo que fosse evoluída, a espécie ainda tinha muitos descendentes à frente para voar tão bem como pássaros modernos.
O fato de que um pássaro mais próximo dos passarinhos modernos conviveu na mesma época — embora em locais diferentes — de um dinossauro aviano mais ancestral é muito curioso. O Archeopteryx, vale lembrar, foi encontrado na Alemanha e tinha um conjunto alongado de vértebras na cauda, tendo sido bem menos adaptado ao voo por isso.
Com isso, os pesquisadores estimam que a origem do grupo ancestral das aves, ou seja, dinossauros avianos, teria sido há 170 milhões de anos ou mais, permitindo haver tempo para diversificação dos grupos ao longo do Jurássico e do Cretáceo. Como os ossos pequenos e mais frágeis das aves ficam menos preservados, é difícil cravar uma data com tanta precisão.
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Fonte: Nature