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Este é o primeiro filé de peixe cultivado em laboratório e impresso em 3D

Por| Editado por Luciana Zaramela | 04 de Maio de 2023 às 18h30

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Shlomi Arbiv/Steakholder Foods/Divulgação
Shlomi Arbiv/Steakholder Foods/Divulgação

A carne cultivada em laboratório é uma tecnologia cada vez mais pesquisada, com algumas empresas já planejando inserções desses produtos no mercado, embora aprovações sanitárias sejam árduas e andem a passos de bebê. A maior parte da indústria tem focado em cultivar carne moída e suína, frango e bife, mas há um campo pouco explorado começando a florescer: o dos peixes cultivados.

Até o momento, apenas uma companhia vinha trabalhando em um salmão cultivado em laboratório, com outros peixes não fazendo parte dos esforços. No último mês de abril, no entanto, a empresa israelense Steakholder Foods anunciou ter impresso, em 3D, um filé de peixe pronto para ser preparado, utilizando um biorreator. Segundo a própria empresa, o peixe é o primeiro do tipo a ser feito no mundo, com o objetivo sendo o de comercializar a bioimpressora 3D utilizada para sua fabricação.

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Esforço colaborativo

Não é a Steakholder Foods que produz as células de peixe utilizadas para imprimir o filé: elas vêm de uma parceria com Umami Meats, uma companhia de Cingapura que cultiva frutos do mar. Assim como em outras empresas, o processo extrai células de um peixe através de um processo inofensivo ao animal e as mistura com um coquetel de nutrientes para que se dividam, multipliquem e amadureçam. Um sinal é dado para que as células se tornem músculo e gordura, então coletados e transformados num produto final.

As células coletadas são, no entanto, adicionadas a uma “bio-tinta” pela Steakholder Foods junto a ingredientes baseados em plantas — tanto por conta do preço quanto pelo impacto ambiental —, e tudo isso é impresso em camadas de células subsequentes, empilhando-se até formar um filé de peixe completo. Uma das vantagens do método de impressão 3D é que ele adiciona uma textura escamosa, ou em lascas, assim como um peixe natural quando bem preparado.

O peixe utilizado na fabricação foi uma garoupa, de boca larga e corpo pesado, que tende a viver em mares mais quentes. Segundo a Umami, a garoupa criada em laboratório é mais saudável do que a marinha, já que não contém antibióticos, mercúrio ou microplásticos comuns nos peixes selvagens ou criados em habitat natural.

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Carne cultivada vale a pena?

Um dos principais motivos para que algumas pessoas se tornem vegetarianas é o impacto ambiental causado pela criação de animais de corte, já que os recursos gastos e as emissões da indústria são enormes. Criar peixes também gera seu impacto, já que populações marinhas selvagens podem acabar esgotadas e águas cada vez mais quentes desbalanceiam o ecossistema marinho, causando efeitos negativos na cadeia alimentar.

Dito isso, como fica a situação dos filés de peixe impressos em 3D? Um dos problemas da indústria de carne cultivada é o seu alto custo, problemas de escalabilidade — ou seja, se será possível a produção em massa do produto — e limitações biológicas do processo. Olhares realistas chegam até a questionar se será possível substituir a indústria de criação de animais, por mais cruel que seja, pelo cultivo de carnes em laboratório, apontando que um processo como esse levaria décadas e muita aplicação de recursos.

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Em relação ao preço, a Umami já declarou que seu objetivo é deixar o consumidor escolher o produto pelo sabor e preço, além do impacto ambiental, afirmando que o objetivo é deixar o peixe cultivado mais barato. Mesmo assim, há preocupações de que ainda seja caro escolher o que se come dessa maneira, já que poucas pessoas podem se dar ao luxo de consumir apenas o que não impacta ou impacta menos o meio ambiente, com o restante tendo de se basear apenas no custo baixo.

A visão da Steakholder Foods é mais otimista, com declarações de que a complexidade e nível dos produtos continuará a subir, diminuindo os preços de produção e distribuição. A Umami já se especializou na produção de células de garoupa e enguia, com planos de adicionar mais 3 espécies à lista ainda este ano. Os produtos devem chegar ao mercado em 2024, começando em Cingapura e expandindo para Estados Unidos e Japão em seguida.

Fonte: Singularity Hub