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Conheça Denny, única híbrida de espécies humanas já descrita pela ciência

Por| Editado por Luciana Zaramela | 08 de Novembro de 2023 às 17h03

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hairymuseummatt/DrMikeBaxter/CC-BY-S.A-4.0
hairymuseummatt/DrMikeBaxter/CC-BY-S.A-4.0

Até hoje, a ciência só conseguiu estudar os restos mortais de uma única exemplar híbrida de espécies humanas de primeira geração — estamos falando de Denny, filha da união entre neandertal com denisovano, duas espécies humanas já extintas que se miscigenaram entre si e com os Homo sapiens e estão presentes até hoje, fazendo parte do nosso genoma moderno.

Os resquícios dessa pessoa única, que consistem em dedos de uma mão, foram encontrados em 2012, na caverna de Denisova, nas montanhas Altai da Sibéria. No mesmo local, já foram encontrados restos de neandertais (Homo neanderthalensis), humanos modernos (H. sapiens) e denisovanos (que não possuem registros o suficiente para uma descrição e um nome científico ainda). Os restos da híbrida são datados em 90 mil anos e são chamados, oficialmente, de Denisova 11, com Denny sendo o seu apelido.

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Em 2018, cientistas conseguiram analisar o DNA da antiga humana e descobriram algo mais fascinante do que se esperava — os ossos do dedo pertenceram a uma adolescente feminina filha de uma mãe neandertal e um pai denisovano. A evidência é direta que, segundo Svante Pääbo, ganhador do prêmio Nobel que encabeçou o estudo, é como se houvesse flagrado os humanos primitivos no ato.

Casos de família pré-históricos

O exame de DNA, no entanto, não parou por aí. Além da hibridização da filha, o pai de denisovano de Denny carregava um pequeno traço de ancestralidade neandertal por si só, adquirido centenas de gerações antes, segundo as análises dos cientistas. Ambas as espécies são hominídeas, muito próximas de nós, e viveram na Eurásia até acabarem gradualmente substituídas pelos H. sapiens, cerca de 40 mil anos atrás.

Ossos de neandertais, por exemplo, já foram encontrados na Europa, Ásia Central e Oriente Próximo, mas restos de denisovanos só foram encontrados na Caverna de Denisova, na Rússia, fora um espécime da Caverna de Baishiya Karst, no platô tibetano. Deles, só encontramos alguns dentes, um osso da mandíbula inferior, alguns fragmentos de crânio e um único osso de dedo da mão.

Por conta disso, sabemos muito pouco sobre a espécie, não tendo muitos dados sequer para saber sua aparência, embora devessem parecer com seus primos neandertais. A comunidade científica, no geral, considera esses três tipos de humanos como espécies distintas, embora alguns os tratem como subespécies. De qualquer forma, foram próximas o suficiente para acasalar e ter filhos entre si.

A maioria dos humanos modernos que descendem de europeus carregam DNA neandertal no genoma, enquanto os genes denisovanos estão mais presentes nas populações do sudoeste asiático, ajudando na adaptação aos ambientes de altitude, frios e mais rarefeitos. Recentemente, uma pesquisa mostrou que, apesar de ajudar com o frio, tais genes denisovanos impactam a saúde mental dos humanos modernos.

A história da evolução humana é cheia de casos de hibridização, e, nas palavras de cientistas, esse fenômeno entre linhagens próximas é, na verdade, a regra na nossa evolução — e não a exceção. Denny segue sendo um lembrete das ruas sem saída e ramificações do processo evolutivo, que sempre lembramos não ser uma linha reta.

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Fonte: Scientific Reports, Nature, Science, Evolutionary Biology