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Cientistas descobrem a razão de alguns animais serem tão coloridos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Outubro de 2022 às 09h00

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Marc Staub/CC-BY-2.0
Marc Staub/CC-BY-2.0

Embora existam mais cores do que o espectro visual humano consiga enxergar, poucas delas são tão chamativas quanto algumas das cores básicas vermelho, verde e azul. Isso se reflete na quantidade limitada nas colorações dos animais mais destacados da natureza, e pode ser visto especialmente quando as mesmas cores são utilizadas para objetivos diferentes.

Um exemplo muito claro é o cardeal-do-norte (Cardinalis cardinalis), um pássaro com vermelho vibrante cuja função é atrair parceiras, enquanto a rã-morango (Oophaga pumilio), que exibe os mesmos tons gritantemente escarlates, faz isso como um aviso para que os predadores fiquem longe, já que é altamente venenosa. O que a ciência não tem certeza, no entanto, é de como a evolução acabou conferindo funções tão distintas às mesmas cores.

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De onde vieram e para que servem as cores

Cientistas da Oklahoma State University, então, estudaram 1.824 espécies de vertebrados terrestres, categorizando suas cores entre as que servem à função de chamar parceiros e as que objetivam afastar predadores. Pássaros e lagartos, por exemplo, são criaturas que buscam atrair com suas cores: eles descendem de ancestrais diurnos, ou seja, ativos durante o dia. Cobras e anfíbios vêm de ancestrais noturnos.

Já que o objetivo era encontrar padrões evolucionários, os cientistas analisaram ambas as linhas evolutivas, descobrindo não haver correlação entre atividades noturnas e diurnas e as colorações atuais dos animais, sendo algo meramente ancestral. Como, no entanto, é consistente entre todos os vertebrados terrestres, cuja evolução vai até 350 milhões de anos atrás, algum fator em comum deve existir.

Segundo os especialistas, não importa como a cor é produzida por cada animal: o padrão dia-noite ainda vale. A maioria dos ancestrais começou com cores cinzentas e monótonas, evoluindo para suas colorações chamativas ao longo do tempo — grande parte deles também vive em ambientes onde as cores são especialmente destacadas. A explicação mais óbvia é que eles tinham melhor habilidade de sobreviver até passar seu material genético à frente.

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Os animais diurnos, à luz do sol, acabam sendo vistos melhor por outros animais, em especial por potenciais parceiros. Eles ficam, é claro, também mais visíveis aos predadores, mas, aparentemente, acasalar é mais importante do que não ser comido por um predador. As fêmeas das espécies chamativas têm cores mais simples e menos chamativas, então conseguem se esconder melhor para ter seus filhotes e evitar a predação alheia.

Criaturas noturnas, por outro lado, se esgueiram pela noite buscando evitar serem vistas: uma cobra macho não se importa em ser chamativa a parceiras, já que elas não conseguem enxergá-las no escuro. Cores chamativas de alerta se desenvolvem até mesmo em espécies sem olhos, e questiona-se se a maioria das cobras e anfíbios sequer enxergam cores. Suas colorações chamativas serviriam, então, para avisar predadores para não comê-los enquanto dormem, durante o dia, segundo a hipótese dos pesquisadores.

Algumas cores, como vermelho, laranja e amarelo, são utilizadas com frequência parecida tanto para evitar predadores quanto para atrair parceiros, mas a cor azulada é mais frequente em animais que procuram parceiros, e mais raras em quem evita ser caçado. Os cientistas planejam continuar pesquisando as raízes evolucionárias das cores, talvez descobrindo mais segredos dos carnavalescos animais exibindo suas paletas brilhantes por aí.

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Fonte: Evolution