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Cães sentem cheiro de traumas em nosso hálito

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Taylor Kopel/Unsplash
Taylor Kopel/Unsplash

Um pequeno experimento revelou uma habilidade surpreendente dos cães. Pesquisadores da Universidade Dalhousie, no Canadá, descobriram que os cachorros conseguem sentir cheiro de memórias relacionadas a traumas do passado, como resultado de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), apenas ao farejar o hálito humano.

Para chegar a essa conclusão, a equipe avaliou se dois cães conseguiriam identificar o sofrimento de uma pessoa momentos antes de ela se recordar de eventos adversos do passado.

Na pesquisa, a técnica foi utilizada por antecipação, assim como nos casos em que cães farejam doenças antes mesmo de serem diagnosticadas, a fim de evitar sofrimento devido a "flashbacks" que trazem lembranças terríveis.

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Farejando traumas

Para testar a habilidade canina, os pesquisadores convidaram um grupo que fazia parte de outro estudo sobre estresse pós-traumático, que avaliava como os voluntários reagiam ao lembrar-se dos eventos. Do total de participantes, 54% foram diagnosticados com TEPT.

Dessa parcela, foram recrutados 26 voluntários para que os cães farejassem seus hálitos. Cada um deles usou uma máscara facial enquanto respirava tranquilamente, até ser induzido a lembrar daquilo que lhe causou o trauma.

Recrutando os cães do estudo

De um rol de 25 animais, foram escolhidos apenas dois: Ivy e Callie. As cadelas se mostraram mais motivadas a participar da pesquisa. Sendo assim, ambas foram treinadas para farejar diferenças entre hálitos de pessoas calmas e estressadas, em amostras de máscaras usadas pelos voluntários — sendo 26 calmos e 26 estressados.

Callie conseguiu distinguir os cheiros 81% das vezes, enquanto Ivy acertou 74%. Um ponto interessante do estudo é que os pesquisadores descobriram que Callie conseguia distinguir mais os cheiros relacionados a vergonha, enquanto Ivy "diagnosticava" mais os compostos químicos relacionados à ansiedade do TEPT. 

Para Laura Kiroja, autora principal do estudo, a ideia do que cada cachorro considerava uma amostra de "estresse" diferia ligeiramente. "Especulamos que Ivy estava sintonizada com os hormônios do eixo simpático-adreno-medular (como a adrenalina) e Callie era orientada para os hormônios do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (como o cortisol, hormônio relacionado ao estresse)".

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Isso faz com que Ivy tenha desempenhado um papel ligeiramente melhor que Callie em termos de precisão, já que o início dos sintomas de TEPT depende dos hormônios do eixo simpático-adreno-medular.

O estudo, apesar de pequeno, oferece um norte para que mais pesquisa com cães farejadores sejam conduzidas, a fim de provar essa capacidade "nova" do faro canino.

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Fonte: Frontiers in Allergy