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Bactérias transformam plástico em fibra resistente como Kevlar

Por| Editado por Luciana Zaramela | 29 de Janeiro de 2024 às 10h03

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U.S. Government/Domínio Público
U.S. Government/Domínio Público

Nos Estados Unidos, cientistas do Instituto Politécnico Rensselaer (RPI) desenvolveram uma nova cepa de bactéria capaz de transformar plástico em um material apelidado de "Klevar da natureza", em referência à fibra sintética de aramida resistente a chamas e à prova de balas, usada em blindados.

A dieta da bactéria comedora de plástico envolve especificamente o polietileno (PE) — material bastante usado em itens descartáveis, como sacolas plásticas e garrafas. Na natureza, pode levar até mil anos para se decompor, e é uma das principais causas da poluição plástica nos oceanos

Klevar da natureza

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Segundo o estudo publicado na revista científica Microbial CellFactories, o material criado pelas bactérias Pseudomonas aeruginosa é bastante resistente. “Pode ser quase tão forte quanto o aço sob tensão. No entanto, é seis vezes menos denso que o aço [indicador de leveza]”, afirma Helen Zha, professora assistente do instituto e uma das responsáveis pelo projeto, em nota.

Além disso, Zha explica que o material gerado é elástico, resistente, não tóxico e biodegradável. Estruturalmente, é semelhante aos fios de teia tecidos por uma aranha.

Bactérias comedoras de plástico

Há anos, cientistas buscam desenvolver microrganismos capazes de reciclar o plástico. Por exemplo, cientistas do Instituto de Tecnologia de Kyoto, no Japão, desenvolveram a espécie Ideonella sakaiensis para digerir o plástico PET (politereftalato de etileno), mas, até o momento, não conseguiram escalonar o invento para o uso no mundo real.

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No caso da nova pesquisa, os cientistas norte-americanos melhoraram o material genético da bactéria Pseudomonas aeruginosa, acrescentando genes provenientes de outros organismos, até chegar na cepa capaz de se alimentar do PE, com a promessa de ser viável comercialmente.

Afinal, o Klevar da natureza pode gerar lucros, pois é um produto com alto valor agregado, diferente de um "simples" produto da reciclagem.  

Como é a digestão do plástico?

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“Essencialmente, as bactérias estão fermentando o plástico [pré-digerido anteriormente por alguns processos industriais]”, comenta Mattheos Koffas, outro autor do estudo. 

“A fermentação é usada para fazer e preservar todos os tipos de alimentos, como queijo, pão e vinho, e nas indústrias bioquímicas é usada para fazer antibióticos, aminoácidos e ácidos orgânicos”, detalha. Agora, pode gerar uma fibra com potencial de revolucionar a indústria da segurança.  

A próxima etapa da pesquisa é desenvolver formas de agilizar e tornar mais eficaz o processo que transforma o plástico nesse material tão resistente. Em seguida, será necessário testar todos esses atributos da seda criada pelas bactérias, o que abrirá caminho para a venda comercial.

Fonte: Microbial Cell Factories e RPI