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A vida complexa na Terra começou antes do que se pensava

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Miao et al./Science Advances
Miao et al./Science Advances

Fósseis encontrados na China revelaram que a vida multicelular é muito mais antiga do que a ciência acreditava — são algas da Formação Chuanlinggou, datadas em 1,6 bilhão de anos, cerca de 70 milhões de anos antes do que era determinado o nascimento da vida complexa. A espécie, conhecida como Quingshania magnifica, é composta de tubos filamentados feitos de até 20 células em forma de barril empilhadas.

A alga em questão é fotossintética, ou seja, faz fotossíntese, e se tornou o primeiro eucarionte (organismo com núcleo delimitado contendo DNA) multicelular. Alguns dos espécimes encontrados incluíam esporos, sugerindo que a espécie se reproduzia assexuadamente. A complexidade dos organismos antigos foi descrita por cientistas do Instituto de Geologia e Paleontologia de Nanjing na revista científica Science Advances.

Eucariontes mais antigos do mundo

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Os primeiros procariontes, organismos celulares sem núcleo distinto, provavelmente surgiram há 3,9 bilhões de anos. Foi só há 1,65 bilhão de anos, no entanto, que os primeiros eucariontes unicelulares surgiram no registro fóssil de sedimentos do norte da China e da Austrália. Agora, descobrimos que a Q. magnifica não demorou muito para surgir, logo na sequência.

Esse passo foi essencial para o desenvolvimento da vida complexa na Terra, trazendo a evolução até espécies como a nossa. O achado se baseou em descobertas de 1989, quando pesquisadores desenterraram e descreveram a primeira amostra da alga na Formação Chuanlinggou. O problema é que, na época, a qualidade de imagem ruim do material descrito fez com que, após publicado, o estudo recebesse pouca atenção.

A equipe atual, então, revisitou o local em 2015, descobrindo 279 fósseis microscópicos que incluíam a Q. magnifica. Com análises mais profundas, mostrou-se que os espécimes tinham paredes celulares adjacentes, sugerindo que pudessem obter energia através da fotossíntese, como as algas modernas.

Identificar fósseis com mais de um bilhão de anos é desafiador — eles são sete vezes mais antigos que o dinossauro mais velho já achado, com cerca de 250 milhões de anos. Segundo os cientistas, no entanto, o esforço vale a pena, já que ajuda a desvendar a história evolucionária da Terra.

Fonte: EurekAlert!, Science Advances