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Você conhece o motor rotativo Wankel? Veja como funciona e porque sumiu

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Divulgação/Mazda
Divulgação/Mazda

Os apaixonados pela "sinfonia" dos motores certamente já ouviram falar do motor rotativo Wankel. Se não ouviram, estão prestes a conhecer uma das peças de engenharia automotiva mais fascinantes e distintas da história, que por muito tempo foi utilizada em carros da Mazda, como o RX-7, mas hoje não estão mais presentes nas linhas de montagem.

Diferente dos motores a pistão convencionais, o motor rotativo oferecia uma operação suave, altas rotações e uma incrível densidade de potência, tornando-se o coração de carros esportivos icônicos como o Mazda RX-7 e o RX-8.

A partir de agora, o guia preparado pelo CT Auto vai detalhar como essa mecânica exclusiva funcionava, elencar suas vantagens e desvantagens, e explicar os fatores técnicos e regulatórios que levaram ao seu desaparecimento como propulsor principal.

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Como funcionava o motor Wankel?

O motor Wankel, nomeado em homenagem ao seu inventor Felix Wankel, substitui os pistões e cilindros tradicionais por um design radicalmente diferente. Seu funcionamento baseia-se em poucos componentes móveis, o que resulta em uma operação com menos vibração e mais compacta.

Os componentes essenciais são:

  • Rotor: Uma peça triangular com lados convexos (semelhante a um triângulo de Reuleaux) que gira dentro da carcaça.
  • Carcaça (ou Estator): Com um formato interno epitrocoidal (semelhante a um "oito" ovalado), onde o rotor se move.
  • Eixo Excêntrico: Equivalente ao virabrequim de um motor a pistão, ele transfere o movimento do rotor para o sistema de transmissão.

O ciclo de quatro tempos (admissão, compressão, combustão e exaustão) ocorre de forma contínua e simultânea em três câmaras separadas, formadas entre as faces do rotor e a parede interna da carcaça. Para cada rotação completa do rotor, o eixo excêntrico gira três vezes, resultando em três explosões por volta do rotor. Esse ciclo contínuo é a chave para sua suavidade e capacidade de atingir altas rotações.

Desempenho, vantagens e modelos icônicos

A arquitetura única do motor rotativo conferia a ele um conjunto de vantagens de performance que o tornaram ideal para carros esportivos. A ausência de um movimento alternativo de pistões eliminava muitas das forças de inércia presentes nos motores convencionais, permitindo que ele girasse a rotações muito mais altas com uma suavidade incomparável.

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Principais vantagens de desempenho:

  1. Alta Relação Potência-Peso: Por ser compacto e ter poucas peças móveis, o motor Wankel era significativamente mais leve e menor que um motor a pistão de potência equivalente.
  2. Suavidade de Operação: A entrega de potência era quase isenta de vibrações, proporcionando uma experiência de condução refinada.
  3. Altas Rotações (RPM): A capacidade de girar acima de 8.000 ou 9.000 RPM permitia uma faixa de potência ampla e emocionante.

Essas características foram imortalizadas em modelos como o Mazda Cosmo Sport (o primeiro carro de produção com motor rotativo de dois rotores), o lendário Mazda RX-7 em suas várias gerações (FB, FC e FD) e o Mazda RX-8. O auge de sua performance foi demonstrado pelo Mazda 787B, que venceu as 24 Horas de Le Mans em 1991, sendo até hoje o único carro com motor não-pistão a conquistar tal feito.

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Desafios técnicos e motivo do "sumiço"

Apesar de sua genialidade e potencial de performance, o motor rotativo Wankel possuía desvantagens intrínsecas que, com o tempo, se tornaram insuperáveis diante das crescentes exigências de eficiência e controle de emissões.

Os principais pontos negativos eram:

  • Alto Consumo de Combustível: A forma longa e móvel da câmara de combustão resultava em uma queima menos eficiente do que a de um motor a pistão, levando a um consumo de combustível consideravelmente maior.
  • Elevadas Emissões de Poluentes: A queima incompleta gerava altos níveis de hidrocarbonetos (HC) não queimados no escapamento, um desafio para atender às normas ambientais cada vez mais rigorosas.
  • Consumo de Óleo: O projeto exigia a injeção de uma pequena quantidade de óleo na câmara de combustão para lubrificar os selos do rotor, resultando em consumo de óleo e emissões adicionais.
  • Durabilidade e Manutenção: Os selos do ápice do rotor (apex seals) eram um ponto crítico de desgaste. Eles precisavam manter uma vedação perfeita entre as câmaras e estavam sujeitos a altas temperaturas e atrito, exigindo manutenção especializada e sendo um ponto comum de falha, com reparos de alto custo.
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A combinação desses fatores, especialmente a dificuldade em conciliar o motor com as metas de emissões e consumo da indústria automotiva moderna, levou a Mazda a descontinuar o RX-8 em 2012, o último carro de produção em massa a utilizar um motor Wankel como propulsor principal.

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