Carros elétricos | O que acontece com as baterias usadas?
Por Paulo Amaral • Editado por Jones Oliveira |
É consenso que os carros elétricos são melhores para o meio-ambiente do que os tradicionais, a combustão. Afinal de contas, eles não poluem, não fazem barulho e consomem pouca energia. Mas e quando as baterias usadas não servem mais? O que acontece com elas?
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Esse, na verdade, é um dos grandes questionamentos de quem ainda não vê no segmento um futuro “totalmente limpo”. Apesar disso, os fabricantes estão se movimentando para que o descarte das baterias usadas de carros elétricos possa impactar o menos possível a natureza.
Uma reportagem publicada pela Wired relatou que, atualmente, algumas baterias que não podem mais ser utilizadas têm sido recondicionadas, mas uma outra parte acaba ficando estocada em armazéns. Isso, por si só, é bastante perigoso por riscos de incêndio, conforme mostrou um relatório recente da EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos).
Economia circular: a solução ideal?
Para evitar riscos como incêndios ou intoxicações, o que pode ocorrer se a desmontagem das baterias de carros elétricos for feita de forma equivocada? Hanjiro Ambrose, engenheiro da Universidade da Califórnia, Davis Institute of Transportation Studies, sugeriu uma solução chamada de economia circular.
Ela envolveria a reciclagem praticamente infinita dos componentes, que seriam reutilizados em outras baterias por 10, 25 e até 50 anos. E a ideia pode ser colocada em prática por gente que entende do assunto. A Redwood Materials, formada por ex-executivos da Tesla; a europeia Northvolt e a Li-Cycle, com sede em Toronto, são alguns dos nomes que estão trabalhando para retirar o máximo de peças e refazê-las em algo novo.
Outra empresa que vem se preparando é a estadunidense OnTo Technology. A empresa prevê um setor bem movimentado a partir de 2025 e estuda formas de produzir novos eletrodos para baterias a partir de materiais extraídos das usadas, evitando o descarte completo.
Fabricantes como Tesla e BYD também já começaram a se movimentar. A empresa de Elon Musk afirmou que usará as baterias que não servem mais para os carros para fornecer energia à sua Gigafactory, enquanto a chinesa verterá o que for possível às estações de recarga estacionárias.
Corrida pelo cobalto
O cobalto, parte importantíssima das baterias de carros elétricos, vem sendo tratado como “novo ouro” por alguns especialistas de mercado. E a correta reciclagem das baterias antigas pode evitar uma corrida desenfreada pelo material, segundo uma pesquisa feita no laboratório de Alissa Kendall, professora de engenharia civil e ambiental da Universidade da Califórnia.
De acordo com o estudo, o processo correto de reciclagem poderia gerar mais da metade do cobalto, lítio e níquel para a fabricação de novas baterias de carros elétricos até 2040. Com a tendência da popularização desse tipo de carro, o alerta é claro: “Temos que controlar essas baterias em fim de vida. Não deveria ser um fluxo de terror”, resumiu Kendall.
Para a especialista, a melhor forma de fazer isso é adotar um processo inteligente de fim de vida para baterias, ao lado de estações de recarga generalizadas, técnicos automotivos treinados e uma rede elétrica fortificada. “É uma infraestrutura essencial, a chave para tornar nosso futuro eletrificado o mais verde possível”, concluiu.
Com informações Wired, ACS Publications, EPA