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Airbnb faz o maior IPO do ano nos EUA e arrecada US$ 3,5 bilhões

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Se 2020 vinha sendo um ano a ser esquecido para a Airbnb, o final dele trouxe uma ótima notícia: na estreia da empresa na bolsa de valores - mais precisamente a Nasdaq - a companhia registrou a maior oferta pública inicial (ou IPO na sigla em inglês) de ações do ano nos EUA, com seus papeis tendo uma valorização de 112% logo no primeiro dia.

Com preço inicial da ação avaliado a US$ 68, a Airbnb viu uma empolgação maior do que o esperado por parte dos investidores, que resolveram apostar na empresa. Com isso, no final do pregão, seus papeis valiam US$ 144,71 e com um valor de mercado de quase US$ 100 bilhões (US$ 99,99 bilhões, para ser mais exato).

A abertura de capital da Airbnb fez com que US$ 3,5 bilhões entrassem no caixa da empresa logo no primeiro dia como companhia pública. Os papeis da startup chegaram a valer US$ 165 em seu auge no pregão, mas houve uma queda - considerada normal - até que o valor das ações chegasse aos US$ 144,71.

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Ainda assim, o IPO da Airbnb conseguiu superar o da empresa de entregas Doordash, cuja abertura de capital ocorreu na última quarta-feira (9), com a companhia conseguindo captar US$ 3,4 bilhões. Mas os US$ 100 milhões a mais captados pela Airbnb fez com que ela perdesse o posto de maior oferta pública inicial dos EUA em apenas 24 horas.

No prospecto do IPO apresentado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) em meados de novembro, o Airbnb disse que seu cofundador e CEO, Brian Chesky, permanecerá no controle da empresa após a abertura pública, graças às ações com direitos de voto especiais. Ele também concordou com um corte em seu salário base de US$ 110 mil para US$ 1 em meio ao corte de custos.

Em troca, a empresa aprovou estoques de ações restritas para Chesky nos próximos 10 anos e que podem valer US$ 120 milhões, se os papeis da empresa atingirem certas metas. Ele pretende doar a receita líquida deste prêmio para a comunidade, causas filantrópicas e de caridade, disse a Airbnb.

Um 2020 para esquecer (ou boa parte dele)

Atingida duramente pelo coronavírus, a receita do Airbnb teve queda de 72% no segundo trimestre deste ano - auge da pandemia no Hemisfério Norte. No documento apresentado à SEC, antes do IPO a empresa registrou receitas de US$ 2,52 bilhões nos primeiros nove meses de 2020. Trata-se de uma queda de 31,8% em comparação ao mesmo período ano anterior, quando a companhia faturou US$ 3,7 bilhões. Além disso, o prejuízo líquido também disparou nesse período. Em 2019, ele foi de US$ 323 milhões e, nesse ano, US$ 697 milhões, um aumento de 115%.

Com uma queda tão abrupta, a companhia se viu obrigada a demitir 25% do seu quadro de funcionários mundo afora, totalizando cerca de1.900 pessoas. Antes das demissões, a companhia possuía 7.500 funcionários. Além disso, a startup interromperá projetos relacionados a hoteis, uma divisão de transportes e estadias de luxo.

No entanto, no último trimestre deste ano, a Airbnb também apresentou resultados melhores, com US$ 219 milhões de lucro e receita de US$ 1,34 bilhão (queda de 18% em comparação ao mesmo período de 2019). A ligeira recuperação no período se dá pela mudança de hábitos de seus usuários diante do coronavírus.

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Em entrevista ao site do canal CNBC, Chesky afirmou que neste verão no hemisfério norte, as pessoas não estavam viajando tanto para grandes cidades como Nova York, Chicago e Los Angeles. Mas elas estavam procurando cabanas à beira do lago ou nas montanhas para passar um fim de semana de férias ou como uma escapada por um mês, mesclando folgas e trabalho remoto.

Mas ainda que o terceiro trimestre tenha sido melhor, o quarto trimestre pode não ser dos mais animadores tanto para a Airbnb, quanto para outras companhias do setor. Os EUA vêm enfrentando um aumento de casos de COVID-19, com cerca de 150.000 novas ocorrências diárias da doença, mais do que o dobro da taxa de um mês atrás.

Além disso, especialistas em doenças infecciosas estão aconselhando as pessoas a evitar grandes reuniões familiares, como ocorreu no Dia de Ação de Graças e espera-se o mesmo comportamento no Natal, dois dos feriados mais populares na América do Norte, quando há um grande descolamento de pessoas. Ao que tudo indica, apenas uma vacina contra a Covid-19 sendo distribuída de forma massificada normalizará o ritmo da economia.

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A parte boa é que a Airbnb não está escondendo o risco. A empresa faz referência à Covid ou ao coronavírus 219 vezes no prospecto enviado a SEC e afirma que, devido ao pico mais recente, espera uma queda mais acentuada no volume de reservas no ano a ano no quarto trimestre do que no terceiro.