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WhatsApp garante que não quebrará criptografia de chats a pedido de governos

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 01 de Agosto de 2022 às 15h33

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Reprodução/WhatsApp
Reprodução/WhatsApp

O WhatsApp não vai enfraquecer os próprios recursos de segurança para nenhum governo, anunciou nesta semana o diretor da plataforma, Will Cathcart. Em entrevista para a BBC, o executivo disse que a empresa seria “muito tola” ao abaixar a guarda do mensageiro devido à pressão de governos específicos.

No Reino Unido, o WhatsApp sofre com a pressão de autoridades e organizações que demandam a quebra da criptografia de ponta a ponta que assegura privacidade no aplicativo. Entidades, como a Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra Crianças (NSPCC), e o governo britânico acreditam que serviços de mensageria são “a linha de frente” no abuso sexual de crianças e adolescentes.

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“Eles não podem ignorar o risco claro de que a criptografia de ponta a ponta possa cegá-los a esse conteúdo e dificultar os esforços para capturar criminosos”, comentou um porta-voz do governo britânico.

Como alternativa, autoridades locais uniram esforços com grandes companhias do setor de tecnologia para criar mecanismos inovadores para incrementar a segurança pública sem que isso implique na invasão na privacidade dos cidadãos.

WhatsApp considera criptografia fundamental

“O que está sendo proposto é que nós — direta ou indiretamente por meio de software — leiamos as mensagens de todos”, pontuou Cathcart na conversa. “E eu acho que as pessoas não querem isso”, continuou.

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A criptografia de ponta a ponta é um dos pilares mais importantes do WhatsApp desde sua implementação, em 2016. O mecanismo garante, por meio de uma chave única de cada usuário, que as mensagens trocadas pelo mensageiro sejam lidas exclusivamente pelos participantes da conversa (chats individuais ou em grupos).

Entretanto, esse mecanismo de privacidade dá espaço para problemas importantes: uma vez que a conversa não pode ser interceptada com facilidade, investigadores precisam ter acesso direto ao aparelho utilizado para trocar mensagens em casos de suspeita — apreensão que, na prática, é lenta e dá tempo para que os investigados desapareçam com as evidências.

Uma das alternativas sugeridas pelas autoridades seria o escaneamento local de mensagens — isto é, feito pelo próprio app. Embora o argumento de que a avaliação offline pareça favorecer a privacidade, ferramentas como essa expõem o usuário às avaliações automatizadas que está inevitavelmente sujeita a erros.

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Essa ideia nem mesmo é inédita, na verdade: no ano passado, a Apple esteve no centro de uma enorme controvérsia quando anunciou a inclusão de mecanismos de vigilância dentro do iMessage, também com a intenção de proteger crianças e adolescentes de abuso infantil. Criticada por especialistas em segurança e privacidade, a Apple desistiu da implementação das funções.

Interesse de poucos

“Se tivéssemos que diminuir a segurança [do WhatsApp] para o mundo, para acomodar as demandas de um país, seria muito tolo aceitarmos, tornando nosso produto menos desejável para 98% de nossos usuários por causa dos requisitos de 2%”, pontuou Cathcart na entrevista.

Atualmente, os principais mensageiros do mundo protegem as comunicações com criptografia de ponta a ponta — isso inclui Telegram, Viber, WhatsApp, iMessage e parte das mensagens diretas do Instagram e do Facebook. No segmento de app de mensagens instantâneas, essa é uma das fundações mais importantes para assegurar a discrição nas conversas entre usuários.