Telegram é grande desafio para combate a fake news nas eleições de 2022, diz TSE
Por Alveni Lisboa • Editado por Douglas Ciriaco |
Com as polêmicas envolvendo o WhatsApp, o Telegram tem ocupado cada vez mais espaço na preferência do público. Esse crescimento pode ser bom por um lado, mas também causa preocupações em quem precisa coibir a desinformação nas eleições. A coordenadora do enfrentamento à desinformação nas eleições do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Aline Osorio, disse que já está em busca de parceria com o aplicativo para tentar criar mecanismos de combate às notícias falsas.
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Em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, ela disse que o Telegram é particularmente preocupante para o TSE porque não tem representação no Brasil. “O Telegram é um grande desafio, nós temos buscado canais, ainda não conseguimos chegar no Telegram. Atualmente, a moderação de conteúdo que é feita, ou que praticamente não é feita pelo Telegram, é mais com base em preocupações de terrorismo”, explica.
A plataforma de troca de mensagens tem grupos com mais de 200 mil participantes. Em muitos deles, não existe moderação e as pessoas são livres para dizer o que bem entenderem, comercializar todo tipo de produto e até realizar a prática de atividades criminosas.
Osorio acredita que uma das prioridades deve ser estabelecer regras claras de moderação de conteúdo para o contexto eleitoral, como em casos de acusações de fraudes sobre o processo eleitoral ou incitação a levantes contra o reconhecimento do resultado das urnas. Um caminho, segundo ela, seria inserir essa necessidade na reforma eleitoral em tramitação na Câmara dos Deputados.
Uma terra sem controle
Apesar dos apelos das autoridades, tanto o Telegram quanto o WhatsApp não demonstram indícios de que pretendem fazer qualquer tipo de curadoria de conteúdo nas suas plataformas. Ambas usam um sistema de criptografia que impede o acesso de terceiros aos conteúdos em texto, fotos, vídeos e áudios trocados entre pessoas. Para que houvesse identificação de autores de mensagens com informações falsas, por exemplo, seria preciso quebrar essa chave de segurança, o que deixaria expostos todos os usuários.
Recentemente, os dois apps de chat tiveram problemas com autoridades locais da Rússia e Índia por se recusarem a quebrar a segurança do sistema. O WhatsApp, por exemplo, processou o governo indiano contra lei que obrigava a quebra da chave criptográfica — a legislação aprovada em fevereiro contém a exigência de que os aplicativos de mensagens identifiquem a origem das informações quando solicitados. Já o Telegram foi multado porque se recusou apagar conteúdo banido pelo governo da Rússia.
A situação parece bem complicada, já que ambos lados possuem argumentos muito sólidos. O que você, leitor do Canaltech, acha de tudo isso? Comente.
Fonte: Folha de S.Paulo