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Por que está mais difícil conseguir corridas no Uber e no 99?

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 21 de Julho de 2021 às 10h07

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André Magalhães/Canaltech
André Magalhães/Canaltech

Nos últimos tempos, usuários do Uber ou do 99 estão com mais dificuldade para fazer os trajetos desejados. Nas redes sociais, é bem comum ver reclamações de quem sofre para conseguir uma “boa alma” capaz de aceitar a corrida, principalmente em trajetos mais curtos.

Se proliferam os relatos de quem já ficou mais de uma hora e meia esperando pelo transporte, sem sucesso. Em horários de pico, quando mais motoristas deveriam estar disponíveis (inclusive por as taxas serem mais caras), conseguir um veículo é quase uma missão impossível.

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A razão para isso seria um comportamento dos próprios motoristas. Insatisfeitos com o preço das corridas, eles estariam supostamente recusando trabalhos para regiões mais próximas ou para áreas onde há engarrafamento. Como valor pago é pela quilometragem rodada, muitos se recusam a "perder tempo" parados.

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Além disso, com os constantes aumentos da gasolina e outros custos decorrentes, como seguro veicular e troca de peças desgastadas, o valor das corridas não seria suficiente para cobrir sequer o custo. O Canaltech tentou contato com a Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. Ao Estadão, porém, um representante do grupo afirmou que o montante repassado pelas companhias de intermediação de viagens são “irrisórios” e que não há reajuste deste 2015.

“Existem corridas que o valor recebido não paga um litro de combustível. O veículo se danifica, o motorista se desgasta, então eles estão fazendo essa seleção”, explicou Eduardo Lima, presidente da Amasp.

Ainda segundo Lima, em diversas ocasiões, o próprio motorista arca com o custo adicional para completar a viagem. Mesmo assim, as tratativas de negociação com as empresas nunca evoluíram.

Outro culpado seria uma suposta alteração no sistema de preços dinâmicos, um trunfo das empresas que ajuda os condutores a ganhar um valor extra nos locais e horas mais movimentadas. Conforme reclamações, uma possível alteração recente da Uber teria feito esse modelo ficar pouco atrativo — o que a companhia negou em contato com a reportagem.

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Mais tempo na espera

Segundo a Uber, o seu sistema de intermediação de viagens é dinâmico e flexível, no intuito de considerar as necessidades de motoristas e clientes. Embora não torne tais dados públicos, a empresa afirma não ter havido redução no número de motoristas parceiros e que a demora em encontrar uma viagem é decorrência da maior demanda.

“Os usuários estão tendo de esperar mais tempo por uma viagem porque, especialmente nos horários de pico, há mais chamados do que parceiros dispostos a realizar viagens. A demanda elevada significa que o app da Uber está tocando sem parar para os parceiros, situação em que eles relatam se sentirem mais confortáveis para recusar viagens, pois sabem que virão outros chamados na sequência, possivelmente com ganhos maiores”, diz a nota da Uber enviada ao Canaltech.

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A resposta da 99 segue na mesma linha da rival e atribui o maior tempo de espera a momentos em que há maior concentração de corridas solicitadas no mesmo local e horário. “É importante observar que, desde do final de 2020, a 99 retomou o volume de corridas em 100%, quando comparada ao período antes da pandemia”, justificou à reportagem.

Escolha de qual corrida fazer

Segundo a Uber, o motivo dessa “seleção” não tem a ver com os valores repassados pelo app. A empresa garante que os ganhos na última semana foram os maiores desde o início do ano: em São Paulo, por exemplo, quem dirigiu por volta de 40 horas conseguiu tirar, em média, de R$ 1.200 a R$ 1.300 na semana.

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“É importante lembrar que os ganhos dos parceiros da Uber são bem particulares, porque são muitas as variáveis em jogo, já que cada um escolhe como quer usar a plataforma. Por exemplo, como os parceiros da Uber são livres para decidir em quais dias e horários dirigir, quem dirige em dias e horários de maior movimento tem uma maior chance de ganhar mais”, relata a empresa.

Na 99, os condutores têm total liberdade para escolher qual viagem desejam fazer e qual pretendem cancelar. “Entretanto, há um limite de vezes que essa operação pode ser realizada para manter o equilíbrio do funcionamento da plataforma para os usuários, sejam motoristas ou passageiros”, explica a representação da companhia no Brasil

Política similar também é adotada na Uber, na qual motoristas que recusarem muitas corridas sem justificativa plausível podem ser penalizados pela rede. Não há, contudo, uma explicação de qual seria essa punição.

Além da questão do preço, porém, há outro fator que pode influenciar na escolha ou não de uma corrida por parte do motorista. Como as empresas revelam os locais de partida e destino do passageiro (e, no caso da 99, a empresa informa se tais regiões são consideradas "zonas de risco"), isso também pode ter impacto para o consumidor.

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"Acredito que as dificuldades para encontrar motoristas existam também porque a 99 está mapeando as áreas de risco", explica uma motorista parceira da 99 que não quis ter seu nome publicado em conversa com o Canaltech. "Eu, por exemplo, não tenho ido buscar passageiro em área considerada de risco, principalmente em lugares que eu não conheço, porque fico receosa", completa.

Seleção dos melhores preços

Em relação às tarifas, há uma reclamação constante sobre a chamada tarifa dinâmica, que remunera melhor o parceiro quando há mais busca por viagens. Os motoristas dizem que esse valor agora se tornou fixo, o que é ruim para eles. A empresa diz que nada mudou neste quesito nos últimos tempos.

“O preço dinâmico é temporário e, por isso, a dica para os usuários é esperar alguns minutos antes de voltar a verificar o novo preço da viagem no app, porque ele é atualizado constantemente", finaliza a Uber.

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A 99 também considera justo o valor repassado aos motoristas. A companhia reforça que todas as promoções são subsidiadas pela plataforma, sem ônus para os parceiros. Diz ainda que oferece um sistema de parcerias que garante, entre outros, descontos de 10% nos abastecimentos em postos da rede Shell.

No caso da Uber, as promoções são arcadas meio a meio: parte pela companhia e outra pelo motorista. Em razão disso, a companhia afirma que fica a critério do parceiro escolher entrar para o Uber Promo — se não concordar em reduzir seus ganhos, ele não é obrigado a ofertar tarifas com descontos.

Você está com dificuldade para conseguir se locomover com o Uber e o 99? Deixe seu relato nos comentários e nas redes sociais do Canaltech.