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Firefox vai adotar a mesma abordagem do Chrome para extensões, mas com um porém

Por  • Editado por  Douglas Ciriaco  | 

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Divulgação/Mozilla
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A Mozilla anunciou que planeja adotar no Firefox a mesma política do Google Chrome no tratamento das extensões no navegador. Chamada de Manifest v3, a revisão foi criada para fechar brechas de segurança, mas causou polêmica na época do seu lançamento porque impedia o funcionamento de bloqueadores de propaganda

A proprietária do browser da raposa, cuja parte da sua receita é proveniente de royalties pagos pelo Google, entendeu ser muito vantajoso migrar para o Manifest v3. A diferença, contudo, é que eles pretendem manter a API webRequest, ao menos enquanto não existe uma alternativa mais adequada do que a declarativeNetRequest (DNR).

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"Vamos apoiar o bloqueio do webRequest até que haja uma solução melhor que cubra todos os casos de uso que consideramos importantes, uma vez que o DNR, conforme implementado atualmente pelo Chrome, ainda não atende às necessidades dos desenvolvedores de extensão", disse Rob Wu, engenheiro de software sênior da Mozilla, em postagem no blog da companhia.

Em setembro de 2019, a empresa disse que aguardaria para ver como a especificação evoluiria para só então tomar uma decisão. Passados mais de um ano e meio, nada mudou muito, mas a proprietária do Firefox decidiu se movimentar.

Qual o problema?

Os desenvolvedores de extensões tem muitas ressalvas quanto ao Manifest v3 porque, apesar de limitar a conexão com servidores para evitar comportamento inadequado, acaba afetando quem possui conteúdo legítimo. Com essa restrição aplicada, praticamente toda extensão que exigia ligação externa acabou sendo prejudicada.

A medida, segundo o Google, era necessária porque muitos criminosos subiam extensões verdadeiras, mas que se conectavam silenciosamente a servidores para baixar malware e infectar máquinas. A API webRequest é comumente usada para alterar solicitações de redes e impedir a exibição de anúncios intrusivos, como ocorre no YouTube e na Twitch, por exemplo.

A alternativa DNR exige que um conjunto limitado de regras de filtragem seja declarado com antecedência, em vez de ser processado na hora, o que inviabiliza a atuação dos bloqueadores de propaganda, acionados sempre que havia essa “solicitação de rede diferente” que indicava a entrada do anúncio.

Google se defende

O Google já afirmou mais de uma vez que o propósito não é acabar com a ação dos bloqueadores de propaganda, muito pelo contrário — a empresa até trabalha no seu próprio adblocker. No entanto, há quem diga que a medida foi tomada após pressão de anunciantes, já que esse tipo de extensão reduz os lucros.

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Segundo o portal The Register, a Microsoft expressou o apoio ao Manifest v3 e reconheceu ser necessária a atitude para proteger a segurança dos usuários. A empresa teria afirmado que acredita na capacidade do Google de fazer as novas regras funcionarem sem que nenhum desenvolvedor legítimo seja prejudicado.

Mas os outros concorrentes se posicionaram veementemente contrários à atitude: Brave, Opera e Vivaldi planejam continuar a oferecer suporte à API webRequest enquanto for necessário. Agora, chegou a vez da Mozilla colocar o dela na reta.

Segurança x Privacidade

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A grande dificuldade desta situação é que ambas levam para o centro da discussão as mesmas coisas: privacidade e segurança do usuário. Com a tecnologia do Google, é possível barrar a ação de pessoas mal intencionadas que buscam roubar dados e infectar máquinas, mas, por outro lado, elas ficam expostas a propagandas, cookies e rastreamentos diversos — o que é considerado um crime tão grave quanto o roubo para muita gente.

Depois da estreia no Chrome 88, ainda não está claro quando a revisão da API será concluída e se as extensões construídas com o Manifest v2 deixarão de funcionar. Os recursos prometidos para amenizar o descontentamento dos desenvolvedores, como um “meio termo” que permita implementar regras para bloquear ou redirecionar solicitações de rede com base nos response headers (úteis para bloquear rastreadores) aguardam a resolução de bugs.

A Mozilla espera implementar o Manifest v3 para os complementos do Firefox entre o quarto trimestre de 2021 e o início de 2022. Ainda não é nada talhado em pedra, por isso esse cronograma pode ser adiado ou atrasado no caso de mudanças de percurso. A fala parece ser um recado, quase um pedido, para o Google: faça as correções logo para que possamos ter uma transição tranquila.

Fonte: MozillaThe Register