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CD x Spotify: qual tem a melhor qualidade de áudio?

Por  • Editado por Léo Müller | 

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Danilo Berti/Canaltech
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Ainda existem usuários que resistem à praticidade das plataformas de streaming em favor de uma qualidade sonora superior na hora de ouvir músicas. Para eles, o som do CD garante um som mais cristalino e puro, e é insuperável quando comparado ao áudio transmitido pela internet, via Spotify ou qualquer outro streaming. Mas será que é mesmo?

Também há usuários e profissionais que descartam o CD como uma fonte sonora de áudio com qualidade superior. Para eles, o streaming já chegou no mesmo patamar dos discos compactos digitais, mas com a vantagem de ser muito mais prático.

A seguir, explico os aspectos técnicos que determinam a qualidade do áudio de fontes sonoras como o CD e o Spotify para acabar de uma vez por todas com as suas dúvidas.

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Qual é a qualidade sonora de um CD?

Toda mídia física possui características que limitam sua qualidade sonora. Mas por muitos anos, os discos compactos digitais (CDs) foram considerados a melhor maneira de ouvir música, devido à qualidade sonora superior à dos discos de vinil e fitas cassete. Esse marketing positivo sobre a qualidade do CD foi muito propagado na época de seu lançamento.

O processo de gravação de dados em um disco digital, por si só, justificaria essa qualidade superior, ao mesmo tempo em que a mídia ofereceria uma durabilidade muito superior à dos bolachões. Adicionalmente, o CD também teria áudio mais puro e cristalino por não haver contato físico entre a mídia e o leitor de dados, o que elimina esse tipo de ruído, comum ao vinil e à fita cassete.

De fato, quando os primeiros CDs chegaram ao mercado, sem o chiado tradicional dos vinis, eles foram elogiados por grande parte dos fãs de música. Por algum tempo, ter um aparelho de som com toca CDs em casa foi considerado sinônimo de status.

Ao contrário de mídias analógicas, nos CDs, os dados são armazenados de maneira digital, por meio de um sistema binário. Esse é o mesmo processo pelo qual armazenamos dados em um SSD de PC ou notebook, ou na memória de um celular, por exemplo.

No processo de gravação e leitura de um CD, os sinais elétricos são convertidos de analógicos para digitais e de digitais para analógicos. Nesse processo, duas grandezas são utilizadas: a taxa de amostragem e o bit rate. Para garantir que a qualidade final do áudio será a melhor possível, usamos a taxa de amostragem de 44,1 kHz e 16 bits como fluxo de transferência de bits, ou bit rate.

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Esses números não foram escolhidos aleatoriamente, mas determinados a partir de pesquisas científicas que comprovam a legitimidade desses valores, que acabaram se tornando o padrão de qualidade do áudio digital, ou seja, do som do CD.

Quando extraímos o áudio de um CD para um arquivo de áudio, percebemos que ele possui 1.411 Kbps (44.1 kHz x 16 bits x 2 canais). Isso significa que esse arquivo transfere 1.411 quilobits de dados por segundo. Segundo a indústria de áudio, essa seria a qualidade máxima que qualquer usuário desejaria obter ao ouvir músicas.

Qual é a qualidade sonora do Spotify?

Com a chegada da internet, veio o compartilhamento de arquivos, incluindo os de música. Como a internet era muito lenta há algumas décadas, o áudio precisou sofrer compressão para se tornar menor e mais fácil de ser transferido pela rede, de um usuário a outro.

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Nesse processo, vários arquivos de áudio foram criados, sendo que o MP3 acabou se tornando o mais popular. Mas assim como outros arquivos (de áudio, vídeo, imagem, etc.), o MP3 possui a versatilidade de poder ser criado com diferentes níveis de compressão.

É por isso que há MP3 com padrões distintos de transferência de dados, como 64, 128, 160, 192, 220, 256 e 320 Kbps. Cada padrão oferece um nível de qualidade, sendo que quanto maior o valor, melhor é a qualidade sonora final.

Atualmente, o tipo de arquivo padrão para a transferência de áudio pela internet é o Ogg Vorbis. Ele é utilizado por alguns serviços de streaming de música, como o Spotify, por ser tecnicamente superior ao MP3. O plano Premium do Spotify oferece qualidade máxima de áudio com arquivos Ogg Vorbis de 320 Kbps.

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Em relação a outros serviços de streaming, a qualidade sonora também varia de acordo com o plano ou a configuração escolhida pelo usuário. Vejamos as opções:

  • Deezer - MP3 de 64, 128 e 320 Kbps ou FLAC de 1.411 (qualidade de CD) Kbps (no app);
  • Apple Music - AAC de 16 bits/44,1 kHz (qualidade de CD) ou ALAC de 16 bits/44,1 kHz (qualidade de CD) até 24 bits/192 kHz (qualidade de estúdio);
  • Tidal - Normal (AAC de 160 Kbps), Hi-FI (FLAC de 1.411 Kbps (qualidade de CD)) e Master (2304 a 9216 Kbps (qualidade de estúdio sem perdas)).

Qualidade de som: o CD é melhor que o Spotify Premium?

Tecnicamente falando, o áudio de um CD possui 1.411 Kbps de informações, enquanto que o Spotify Premium chega a 320 Kbps em sua qualidade máxima. Em teoria, isso significa que o som do CD é superior ao som do Spotify Premium, mas isso não ocorre na prática.

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Com a tecnologia atual, os novos processos de compressão de áudio permitem uma qualidade muito superior aos arquivos que ouvíamos antigamente, mesmo que tenham a mesma taxa de compressão.

Durante a compressão, deixa-se de fora do arquivo toda a informação considerada “sobra”, ou seja, aquela que não pode ser captada pelo ouvido humano. Dessa maneira, obtemos um arquivo final menor e mais compacto, mas mantendo a mesma qualidade sonora – ou muito próxima – da fonte original.

O objetivo dessa compressão seria otimizar a transferência do áudio dos servidores das plataformas de streaming até seus assinantes, poupando banda da rede e espaço para o armazenamento dos arquivos de música. E, de fato, essa otimização chegou a um nível extremamente satisfatório nos últimos anos.

Em termos práticos, o áudio compactado de 320 Kbps do Spotify Premium consegue oferecer qualidade suficiente para qualquer fã de música, sem a necessidade de uma codificação com taxa de dados superior, em que a audição humana descartaria o excesso de informação.

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Comparativo entre o áudio de um HDCD e o Spotify Premium

Eis um comparativo entre o som de um HDCD (CD de altíssima resolução com 20 bits x 44,1 kHz x 2 = 1.746 kbps) e o som do Spotify Premium, registrado pelo canal Patryk Lis, do YouTube.

Até mesmo um HDCD (tecnicamente superior ao CD) não proporciona um ganho de qualidade relevante sobre o Spotify Premium. Essa diferença fica ainda menos significativa se considerarmos que a maioria das pessoas não dispõe de equipamentos sofisticados, como o utilizado no comparativo do vídeo.

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Por que alguns usuários consideram o CD melhor que o Spotify?

Por padrão, o CD já oferece sua qualidade máxima de áudio, sem necessidade de ajustes extras.

Já o Spotify Premium não vem com a qualidade de áudio “Altíssima” configurada por padrão. O app seleciona a qualidade do áudio automaticamente, de acordo com a velocidade da conexão do usuário. Mas há uma tendência em reduzir essa qualidade, principalmente se o app estiver sendo utilizado em uma rede móvel.

Por isso, se você tem uma conta Spotify Premium, é importante que você configure manualmente o app para funcionar com qualidade de áudio “Altíssima”. Dessa maneira, você poderá aproveitar toda a qualidade proporcionada pelo serviço. Na conta gratuita, usando o app, a qualidade máxima do áudio pode chegar a apenas 160 Kbps.

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Outra configuração que pode impactar na qualidade do áudio do Spotify é a normalização de áudio, que vem ativada por padrão. Como faixas de diferentes álbuns possuem masterizações diferentes, elas podem estar com níveis de volume distintos. O recurso serve para atenuar as diferenças de volume entre as faixas, evitando picos muito baixos ou muito altos.

Uma vez que o Spotify esteja configurado corretamente, seu streaming de 320 Kbps consegue oferecer um áudio de alta qualidade, praticamente idêntica à do áudio do CD. E, de fato, testes práticos já demonstraram que a diferença de qualidade, devido à menor quantidade de informações, é imperceptível para a maioria dos usuários.

Além disso, mesmo que o usuário seja capaz de perceber essa diferença de qualidade, ele só poderia detectá-la com o uso de equipamentos de som high-end, que não estão disponíveis para uma boa parcela da população.

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Comumente, muitos usuários afirmam que o som do CD é superior ao do Spotify Premium por causa de quatro motivos principais:

  • Configuração padrão do aplicativo;
  • Uso de uma conta gratuita (com qualidade máxima de apenas 160 Kbps);
  • Suposição de que o áudio de 320 Kbps do Spotify Premium tem a mesma qualidade dos arquivos MP3 compartilhados nos anos 2000;
  • Ganho exagerado de volume em remasterizações influenciadas pela "loudness war".

O que foi a Loudness war?

Outro possível motivo pelo qual alguns usuários percebem diferenças relevantes entre o áudio de um CD e o áudio do streaming pode estar relacionado à “loudness war”.

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Loudness war ou loudness race (guerra do volume ou corrida do volume) é um termo pejorativo criado para criticar o excesso de compressão nas gravações, que tinha o objetivo de oferecer uma percepção de volume cada vez mais alta.

A partir das remasterizações para o relançamento de álbuns em CDs, e das masterizações de novos álbuns, a indústria musical iniciou uma competição para lançar discos com gravações onde o som parece “mais alto” que o normal. Esse movimento ganhou força, principalmente, a partir dos anos 1990, chegando ao auge por volta de 2005.

O problema é que a compressão muito acentuada reduz o alcance dinâmico das faixas, fazendo-as soar com o mesmo volume – muito alto – em toda sua extensão. As músicas perderam suas nuances entre os sons mais baixos e mais altos. Em alguns casos, os picos de volume chegam a causar distorções, que são percebidas por ouvintes mais experientes e profissionais do segmento musical.

Mesmo assim, essa redução no alcance dinâmico e efeito de “som estourado” ainda são percebidos como “melhor qualidade sonora” pela maioria dos fãs de música. E foi por isso que a prática foi aceita e implementada pela indústria.

Felizmente, a loudness war perdeu força nos últimos anos, e diversos álbuns foram remasterizados para voltar a oferecer maior alcance dinâmico. A maioria desses remasters está disponível somente nas plataformas de streaming.

É por isso que muitos usuários têm a percepção de que os CDs oferecem melhor qualidade sonora. A maioria dos CDs em circulação foi gravada no auge da loudness war, e possuem gravações com volume mais alto em toda a extensão das faixas que os lançamentos mais recentes, disponíveis em serviços como o Spotify.

É válido ressaltar que, embora a maioria dos usuários prefiram o som estourado, proveniente dos CDs lançados durante a loudness war, os audiófilos e profissionais mais sérios da indústria musical o condenam.

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