Oxford inicia terceira fase de vacina contra COVID-19, com testes no Brasil
Por Nathan Vieira | 03 de Junho de 2020 às 13h51
Universidades do mundo inteiro estão investido forças para o desenvolvimento de uma vacina contra a COVID-19. E acontece que a Universidade de Oxford, no Reino Unido, que também estuda a produção de uma vacina, está entrando esta semana em sua terceira fase de testes clínicos. Com isso, pelo menos 10 mil pessoas serão vacinadas em todo o país. O Brasil foi um dos escolhidos para testar a eficácia da vacina desenvolvida pela Universidade.
No país, duas mil pessoas participarão dos testes, realizados com o apoio do Ministério da Saúde. A aprovação do procedimento por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) foi publicada na noite desta terça (2) no Diário Oficial.
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Ainda que não tenha sido aprovada, a vacina já está sendo produzida em larga escala, uma vez que a proposta é ter o maior número possível de doses prontas para distribuição assim que houver a aprovação. É válido observar que essa vacina de Oxford parte de estudos que já tinham sido feitos para outras doenças, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS).
Oxford chamou 18 centros de pesquisa em todo o Reino Unido para testar o produto desenvolvido, recrutando principalmente profissionais de saúde, que costumam ficar na linha de frente na luta contra o coronavírus, assim submetidos à exposição. Ainda não há uma estimativa sobre quando a vacina ficará pronta, mas os pesquisadores afirmam que entre dois a seis meses já saberão se a vacina é eficaz. Algumas questões ficam no ar, por exemplo: como ela poder ser produzida rapidamente e em larga escala ou não, se será acessível globalmente, se terá um preço razoável ou se poderá ser distribuída gratuitamente.
Há outros países cuja participação está em processo de análise e aprovação. Os resultados desses testes serão primordiais para o registro da vacina no Reino Unido, previsto para final deste ano. Entretanto, o registro formal deve acontecer apenas após a conclusão dos estudos realizados em todos os países participantes.
Testes no Brasil
Em São Paulo, os testes serão conduzidos pelo Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e contam com financiamento da Fundação Lemann, no que diz respeito a toda a infraestrutura médica e de equipamentos necessários. A articulação para a vinda dos testes ao Brasil conta, ainda, com a liderança da Professora Doutora Sue Ann Costa Clemens, diretora do Instituto para a Saúde Global da Universidade de Siena e pesquisadora brasileira especialista em doenças infecciosas e prevenção por vacinas, investigadora do estudo.
Para a etapa dos testes em São Paulo, a Unifesp vai recrutar mil voluntários que estejam na linha de frente do combate à COVID-19, uma vez que estão mais expostos à contaminação. Eles precisam ser soronegativos, ou seja, pessoas que não tenham contraído a doença anteriormente. Segundo Dra. Lily Yin Weckx, investigadora principal do estudo e coordenadora do CRIE-Unifesp, "o mais importante é realizar essa etapa do estudo agora, quando a curva epidemiológica ainda é ascendente e os resultados poderão ser mais assertivos."
Para Denis Mizne, diretor-executivo da Fundação Lemann, organização viabilizadora dos recursos necessários à realização do estudo de eficácia da vacina em São Paulo, "inserir o Brasil no panorama de vacinas contra a COVID-19 é um marco importante para nós, brasileiros, e acredito que poderemos acelerar soluções que tragam bons resultados e rápidos. Para a Fundação Lemann esta é mais uma importante oportunidade de contribuir em iniciativas de grande impacto para o nosso país e sua gente".