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Novo estudo revela os pensamentos de quem fica em estado catatônico

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Maio de 2022 às 10h30

stockfilmstudio/envato
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Médicos e cientistas da University College London, em conjunto com a Maudsley NHS Foundation Trust, no Reino Unido, examinaram centenas de pacientes para tentar descobrir o que se passa em suas cabeças enquanto estão catatônicos. A catatonia, no campo psiquiátrico, é uma condição rara que deixa o paciente imóvel por períodos que variam de algumas horas ou dias até semanas ou mesmo anos.

Algumas pessoas têm episódios recorrentes da condição, que as deixam sem comer ou beber por dias, e, na hora dos exames, não reagem à picada das agulhas dos testes sanguíneos, deixam os membros onde são posicionados e ficam com o olhar fixo permanentemente. A pergunta, então, vem naturalmente: o que estão pensando, se é que algum pensamento passa por suas cabeças?

Pessoas catatônicas podem ficar sem se mover por horas, dias, semanas ou até anos, mas não se sabe exatamente o porquê (Imagem: s_kawee/envato)
Pessoas catatônicas podem ficar sem se mover por horas, dias, semanas ou até anos, mas não se sabe exatamente o porquê (Imagem: s_kawee/envato)

Estudando a catatonia

De 1.456 pacientes estudados pela equipe, 68 deles conseguiram relatar o que sentiram durante experiências de catatonia, enquanto a maioria não conseguia se lembrar do que aconteceu. Alguns deles, cerca de 35%, relataram um medo congelante, outros, o sentimento de dor por estarem parados por tanto tempo, sem a capacidade de se moverem, no entanto.

Mas 72% dos pacientes relatavam ter uma explicação racional para a condição: um deles diz ter se ajoelhado e encostado a cabeça no chão porque a percepção que tinha é de que a cabeça poderia cair do pescoço, levando-o a querer ver um médico especializado.

Para outros, alucinações como vozes os instruíam a fazer determinadas coisas. Um paciente ouvia que sua cabeça explodiria caso se movesse — um ótimo motivo para permanecer estático — e outro parecia ouvir comandos divinos para não comer e nem beber.

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Relatos de pacientes revelam o que sentiram durante os momentos de catatonia, que são condizentes com algumas teorias, embora não se saiba tudo sobre a condição (Imagem: DC_Studio/Envato)
Relatos de pacientes revelam o que sentiram durante os momentos de catatonia, que são condizentes com algumas teorias, embora não se saiba tudo sobre a condição (Imagem: DC_Studio/Envato)

Outro estudo traz uma teoria interessante para a jogada: a de que a catatonia seria uma estratégia similar ao "fingir de morto" que alguns animais praticam na natureza. Quando estão de cara com um predador muito grande ou muito forte, certas presas congelam e até mesmo simulam o rigor mortis para que o outro animal não os note ou ignore sua presença, acreditando não valer a pena mexer com um cadáver.

Um dos pacientes estudados pela equipe britânica descreve ter visto uma cobra vividamente durante a catatonia, sendo que o animal também teria conversado com ele. Apesar de ser apenas um exemplo — uma evidência anedótica isolada —, a teoria pode ser encaixada como uma boa possibilidade em um caso como esse.

A catatonia continua sendo uma condição misteriosa, englobando tanto o campo da neurologia quanto o da psiquiatria, e suas causas ainda não estão muito esclarecidas. Trabalhos como esse, no entanto, segundo os cientistas, ajudam a entender a experiência dos pacientes, o que pode ser usado para um melhor acolhimento e um tratamento empático dos episódios. O estudo foi publicado na revista Frontiers in Psychiatry.

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Fonte: Frontiers in Psychiatry, APA PsycNet