Dificuldade para emagrecer? A culpa pode ser da química cerebral!
Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela | 08 de Junho de 2022 às 08h30
Cientistas do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia estão investigando as químicas cerebrais envolvidas em nossos desejos por comidas gordurosas, e trazem uma conclusão: a obesidade tem mais a ver com processos no cérebro do que com força de vontade. No centro dos estudos está a leptina, conhecida como hormônio da fome.
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O peptídeo em questão, segundo os pesquisadores, pode ser o principal culpado pela reincidência no consumo excessivo de alimentos gordurosos por indivíduos que passaram por dietas bem-sucedidas para controle da obesidade — o que acontece, na verdade, com a maioria deles. Testes mostram que algumas pessoas têm propensão a engordar mesmo quando seguem os exercícios e regimes recomendados.
Leptina e o ganho de peso
A leptina é um dos hormônios produzidos por células de gordura que podem diminuir o apetite ao sinalizar que você está saciado, quando as reservas de energias são suficientes. Um pouco da substância também é produzida no estômago depois de comer, circulando pelo corpo e indo até o cérebro. Interagindo com o tronco cerebral e o hipotálamo, a leptina ajuda a manter o corpo saudável, afetando o metabolismo, a regulação do sistema endócrino e o sistema imune.
Os níveis da substância no sangue são menores em pessoas mais magras, mas os números podem variar dependendo de quando foi a última vez que comemos e dos padrões de sono: evitar comidas gordurosas pode ajudar a diminuir o apetite porque isso afeta os níveis de leptina do corpo. A questão é que algumas pessoas obesas não respondem bem aos sinais que suprimem o apetite lançados pela leptina — alguns estudos dizem que a obesidade pode levar à resistência a esses efeitos hormonais.
Quando o corpo resiste à supressão de apetite, a sensação de saciedade nunca vem, fazendo com que você coma mais mesmo quando há gordura armazenada o suficiente. Nesse estado, o corpo também entra em estado de "faminto", diminuindo os níveis energéticos e fazendo com que usemos menos calorias para preservar as reservas de gordura.
Alguns estudos, ao longo dos anos, têm focado em abordagens terapêuticas para controlar hormônios da fome na luta contra a obesidade e resistência à leptina. Certos cientistas injetaram hormônios que bloqueiam a fome em camundongos após dietas, evitando o efeito rebote; outros estudam a ligação de tecidos gordurosos com o cérebro e a liberação de hormônios; um último encontrou uma relação entre hormônios nas vísceras que bloqueiam os efeitos da leptina e agem mais sob dietas com muita gordura.
A leptina foi descoberta em 1994, mas ainda está sendo estudada, já que não entendemos completamente como ela se relaciona com outros hormônios, com a gordura corporal e os circuitos cerebrais relacionados à obesidade. As lições que temos de estudos como esse são, em suma, que a obesidade não é culpa da falta de força de vontade dos indivíduos — e pesquisas como as citadas aqui estão buscando abordagens terapêuticas que possam lidar com as relações hormonais envolvidas no ganho de peso.
Como de costume, o melhor que se pode fazer até que tratamentos com a leptina sejam elaborados é ter uma dieta nutritiva, balanceada e com consumo limitado de gordura, fazer exercícios regularmente por pelo menos 30 minutos na maioria dos dias e controlar estresse e hábitos do sono. Espera-se que, a partir de pesquisas como essas, entendamos melhor porque as pessoas acabam saindo de suas dietas — sem cair na culpa pessoal por isso.
Fonte: WebMD