Covid-19: em uma possível nova onda, quem está mais vulnerável?
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 18 de Junho de 2022 às 10h30
Já faz um tempo que especialistas temem nova onda de covid-19, preocupação que intensifica a necessidade de se reforçar as medidas de segurança. Mas se é esse o caso, que parte da população está mais vulnerável? Nesta sexta (17), a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma atualização dizendo que os mais frágeis diante do contexo pandêmico "continuam sendo idosos, indivíduos com comorbidades e condições imunocomprometidas".
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Anteriormente, o professor Esper Kallás, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, apontou que dados de diversos países sugerem que a pandemia ainda não acabou, e que uma nova onda de casos é possível mesmo levando em consideração o avanço da vacinação contra a covid-19, capaz de conter a maioria das mortes e quadros graves.
Na ocasião, o docente observou que o vírus se multiplicou de maneira muito rápida ao redor do planeta e isso acabou favorecendo sua capacidade de modificação genética, resultando em novas variantes.
Em artigo publicado pelo The Guardian, a pesquisadora Devi Sridhar, da University of Edinburgh, afirma que as sublinhagens da variante Ômicron, BA.4 e BA.5 são responsáveis pelo início de uma nova onda de casos em diversas partes do mundo, como EUA e Reino Unido. Apesar de não serem mais graves, podem reinfectar as pessoas, mesmo quem já foi infectado pela Ômicron anteriormente.
"Mais uma evidência de que alcançar a imunidade de rebanho, onde pessoas suficientes são vacinadas ou infectadas para interromper a circulação da covid-19, é praticamente impossível", sugere a especialista. De qualquer forma, novas pesquisas publicadas na Nature indicam que a Ômicron é realmente mais branda que a Delta, em termos de hospitalizações e mortes.
População vulnerável à covid-19
O mais recente Boletim InfoGripe Fiocruz sinalizou continuidade da tendência de aumento dos casos de covid-19 em todas as regiões do país, e cerca de 48% das ocorrências de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registradas nas últimas quatro semanas em função da covid.
Nesse novo contexto, idosos, imunossuprimidos e crianças não vacinadas estão sujeitos não apenas à covid-19, mas também outras doenças respiratórias. Segundo o relatório, a predominância do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) continua em crianças de zero a quatro anos, seguido dos casos de rinovírus, Sars-CoV-2 e metapneumovírus. Nas demais faixas etárias, o Sars-CoV-2 é predominante entre os casos com identificação laboratorial.
Enquanto isso, a OMS atualizou suas diretrizes sobre decisões relacionadas à vacina contra a covid-19 e afirmou: "Aqueles com maior risco de doença grave, hospitalização e morte continuam sendo idosos, indivíduos com comorbidades e condições imunocomprometidas e outras populações vulneráveis, conforme descrito no Roteiro de Priorização da OMS."
A instituição aproveitou para afirmar que as vacinas atuais continuam a ter um bom desempenho na prevenção de doenças graves e morte devido à variante Ômicron, particularmente com dose de reforço. "No entanto, a proteção contra infecções e doenças sintomáticas devido à Ômicron é menor do que outras variantes e diminui rapidamente, mesmo após uma terceira dose".
Nova onda de covid-19: o que fazer?
Em resposta à possível nova onda de covid-19, os especialistas reiteram a necessidade das medidas de segurança já conhecidas pela população, como o uso de máscara, a higienização frequente das mãos, a fuga das aglomerações e, o mais importante, a vacinação contra a doença. Felizmente, no Brasil, já estamos a caminho da quarta dose, que tem sido administrada no público idoso, e passará a ser distribuída para os maiores de 40 anos.
Fonte: USP, The Guardian, Nature, Fiocruz, OMS