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Amazônia segue ameaçada com queimadas associadas ao desmatamento

Por| Editado por Patricia Gnipper | 16 de Agosto de 2021 às 14h30

Ivan Canabrava/Illuminati Filmes/IPAM
Ivan Canabrava/Illuminati Filmes/IPAM
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No último dia 13 de agosto, um grupo de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e do Woodwell Climate Research Center, dos EUA, encerrou uma expedição de campo que percorreu três biomas no município de Apiacás, no Mato Grosso, onde o fogo e o desmatamento são ameaças à Amazônia. A equipe também acompanhou o trabalho dos bombeiros contra a queimada de árvores derrubadas na região.

Os pesquisadores relatam que o trabalho foi dificultado por conta dos pontos de fogo espalhados por toda a região. Segundo eles, esse tipo de atividade serve para dar fim às árvores já derrubadas e, assim, preparar o terreno para atividades agropecuárias. Na Amazônia, isso é frequente, especialmente neste período do ano, quando o tempo está mais seco na região. A pesquisadora Ludmila Rattis explica que a área desmatada se tornará um pasto, com características climáticas bem diferentes do que seria se ali existisse uma floresta de pé.

Área desmatada em Apiacás (MT) após ser atingida pelo fogo (Imagem: Reprodução/Ivan Canabrava/Illuminati Filmes/IPAM)
Área desmatada em Apiacás (MT) após ser atingida pelo fogo (Imagem: Reprodução/Ivan Canabrava/Illuminati Filmes/IPAM)

"Um dos efeitos do desmatamento é o aumento da temperatura no microclima local, subindo em até cinco graus Celsius e afetando a produtividade da terra. No final das contas, desmatar não compensa nem no aspecto climático, nem no econômico", acrescenta Rattis. O tempo quente e seco na região aumentam as chances de que uma queimada desse tipo escape para uma floresta próxima, tornando-se um incêndio de grandes proporções. O fogo relacionado ao desmatamento aumenta também o desafio do controle, ressalta Manoela Machado, pesquisadora do Woodwell. O município de Apiacás foi a última parada da expedição iniciada uma semana antes, por volta do dia 6 de agosto.

O grupo percorreu três biomas presentes no Mato Grosso, sendo eles o Cerrado, o Pantanal e a Amazônia, onde acompanharam todo o trabalho desempenhado pelo Corpo de Bombeiros Militares do MT com o objetivo de melhor o uso dos dados científicos na prevenção e no combate a queimadas e incêndios florestais. "Esse é um projeto que nasceu da conversa entre pesquisadores e bombeiros. Desde o início, a ideia é de colaboração mútua entre a ciência aplicada e o trabalho de detecção, prevenção e combate a incêndios ambientais", acrescenta Machado.

(Imagem: Reprodução/Ivan Canabrava/Illuminati Filmes/IPAM)
(Imagem: Reprodução/Ivan Canabrava/Illuminati Filmes/IPAM)

A expedição notou o esforço entre as estratégias adotadas pelos bombeiros ambientais com as predições realizadas pelos pesquisadores do fogo. "Passar o diálogo da sala fechada para o campo enriquece o trabalho", acrescenta a equipe. Além disso, o trabalho testemunhou os diferentes impactos nos biomas. No Cerrado, a destruição de agriculturas familiares após uma queimada próxima ter escapado. No Pantanal, um fogo acidental se alastrou pelos pastos secos e formou o primeiro grande incêndio deste ano na região. Já na Amazônia, o fogo encontra seu combustível através do desmatamento e, ao fim de tudo, restam apenas cinzas.

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O grupo registrou toda a expedição em um diário de viagem, compartilhado no Instagram do IPAM.

Fonte: IPAM