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Análise | Warlords of New York é a prova que The Division 2 base não deu certo

Por| 20 de Março de 2020 às 07h30

Wagner Wakka/Canaltech
Wagner Wakka/Canaltech
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The Division 2 é mais um dos vários casos da Ubisoft tentando salvar um jogo de um lançamento não tão satisfatório. O game chegou para Xbox One, PC e PlayStation 4 em fevereiro do ano passado e não teve uma recepção tão forte quanto o primeiro.

Grande parte das empresas na indústria abandonaria o projeto e iria para uma nova empreitada. Entretanto, a história da Ubi revela que um lançamento fraco é só uma etapa para o sucesso de seus games. Aconteceu isso com Rainbow Six, For Honor e, por que não, The Division 2.

Para tentar recuperar a visibilidade que o primeiro game trouxe, a Ubisoft lançou Warlords of New York, que tem a missão de chamar a atenção do público de volta para o game apostando em vários aspectos.

O primeiro é o retorno a Nova Iorque. A metrópole norte-americana era o ambiente de The Division e onde a história começou. O segundo título levava os jogadores para Washington D.C., capital dos Estados Unidos, mas não tão famosa quanto a ilha de Manhattan.

Warlords of New York também retoma o vilão do primeiro título, Aaron Keener. O jogo anterior deixou uma ponta solta com o personagem, o que pode ser atado nesta expansão.

Análise | Warlords of New York é a prova que The Division 2 base não deu certo
Jogador volta para Nova Iorque na expansão (Foto: Wagner Wakka/canaltech)

O terceiro motivo que leva a crer que este pacote é para quem jogou The Division é que a Ubisoft permite que você já caia diretamente em Warlords of New York, sem nem precisar jogar a trama principal.

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Antes do lançamento da expansão, a desenvolvedora colocou o game base em promoção. The Division 2 era vendido em todas as plataformas no final de fevereiro e início de março por R$ 9,99. Quem comprava o pacote também ganhava a possibilidade de criar um personagem já no nível 30 ou elevar um já feito a até este nível.

Ou seja, com a junção dessas duas informações, ficou fácil para o jogador entrar diretamente em Warlords of New York sem nem mesmo tocar no The Division 2 base. Assim, se você for um amante do clima do primeiro e não deu uma chance para o segundo, talvez esta possa ser a hora de voltar para a franquia.

Isso mostra que a Ubisoft quer esquecer parte do que foi o lançamento fraco de The Division 2. Embora ela ainda mantenha algumas atualizações para o jogo base, todo o foco agora está direcionado para a expansão, que parece um game standalone.

Do que se trata? 

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Warlords of New York é um pacote adicional, logo não espere dele a complexidade e conteúdo de um jogo base. O DLC conta com seis novas grandes missões, com especialidades e outras tantas ações secundárias inéditas pelo mapa de Nova Iorque.

O jogador terá de seguir a trilha de Keener oito meses após o desfecho do primeiro game. Ele conseguiu dominar a área sul de Manhattan com a ajuda de quatro capangas. Sem saber por onde o vilão se encontra, o jogador precisa ir atrás de pistas chegar até Keener.

Assim, a narrativa e amplitude de Warlords of New York é dada já de cara. O jogador sabe que ele vai enfrentar os personagens em diferentes pontos da cidade, sem uma trama supercomplexa e escondida.

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Jogador precisa descobrir pistas com líderes para chegar a Keener (Wagner Wakka/Canaltech)
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Cada caçada pelos líderes das regiões segue uma dinâmica parecida. O jogador precisa inicialmente ir atrás de quatro pistas distintas, próximas a esconderijos. Ao recolher todas elas, descobre o paradeiro do inimigo daquela região e a caçada começa. Com isso, o jogador entra em algo semelhante a uma dungeon de cada líder e segue nela até o confronto final.

Vale destacar que, apesar de ter apenas seis grandes missões, não será rápido terminar o modo história de Warlords of New York. Cada caçada vai tomar entre 1h30 a 2 horas de empenho, principalmente se o jogador for um lobo solitário. Ou seja, pode esperar umas boas 10 a 12 horas só para fechar as missões básicas da trama.

Sistema Megaman

A expansão segue um modelo de novas habilidades que dão uma camada a mais ao título. Cada um dos quatro capangas de Keener tem uma habilidade especial. Por exemplo, Vivian Conley é especialista em explosões, logo seu ambiente é cheio de lança-chamas e explosivos. Já Theo Parnell é técnico e cria ilusões que confundem o jogador no ambiente de batalha.

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Tais detalhes dão uma profundidade interessante para os quatro personagens, mas a complexidade para na gameplay. Embora cada um tenha a sua personalidade, o texto é raso e totalmente maniqueísta. No fim, a trama é só um pano de fundo para dar pipoco em tudo que aparece na frente.

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Game traz novas habilidades como a bomba pegajosa (Foto: Wagner Wakka/Canaltech)

Por outro lado, como ferramenta de gameplay, o sistema funciona. Ele é baseado em uma mecânica semelhante a de Megaman. Ou seja, quando quaisquer dos líderes são eliminados, o jogador ganha a habilidade que eles possuíam. Voltando aos exemplos, Conley revela uma arma que atira explosivos e Parnell, o equipamento de criação de hologramas.

A adição de quatro novas habilidades em The Divison 2 traz uma boa nova camada à gameplay, permitindo batalhas táticas ou mais agressivas de acordo com o gosto do jogador. Em se tratando de um título que permite até quatro pessoas simultaneamente em uma missão, a alta variação de habilidades permite criar coordenações interessantes para superar os desafios. Por exemplo, enquanto uma pessoa pode ser mais agressiva, outra mantém equipamentos de defesa e uma terceira foca em paralisar os inimigos.

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Missões envolvem sequências verticais e com quebras-cabeças (Foto: Wagner Wakka/Canaltech)

Contudo, as quatro habilidades adicionais não têm a mesma profundidade de escolhas das antigas. Enquanto é possível modificar partes dos drones, torretas, escudos e outras armas especiais, as novas não contam com isso. Ou seja, não é possível evolui-las.

Simplicidade

Um dos pontos de dificuldade de The Division 2 era a complexidade sem resultado. Isso significava que o jogador pegava muito modelos iguais de equipamentos, com detalhes que variavam pouco. Ou seja, era preciso analisar bastante para escolher com qual prosseguir.

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Sistema de armas ainda é detalhado, mas com variações mais simples (Foto: Wagner Wakka/Canaltech)

Essa decisão também está levemente mais fácil em Warlords of New York. A quantidade de armas semelhantes que se encontra é mais rara, deixando bem claro se é melhor ou pior que a anterior e quais são as vantagens e desvantagens de usá-las.

Em um game baseado em loot (itens que se pega pela fase), essa mudança é um ponto importante para a expansão.

Ambientação 

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Se tem algo que é reconhecidamente uma habilidade da Ubisoft com certeza é a recriação de lugares dentro do universo dos games. Nova Iorque está mais uma vez incrível.

O jogador vai precisar passar por pontos icônicos da ilha de Manhattan, como Wall Street, o presídio e a região da praça Battery, próxima à ponte do Brooklyn. Também há variações de clima de forma aleatória enquanto se anda pela cidade, criando momentos bastante sombrios de noite. O ponto é que andar pela ilha é mais uma vez estonteante.

Entretanto, não só de beleza vive um bom jogo. A genialidade está em criar áreas com pequenos quebra-cabeças para dar uma pausa no ciclo de matar todo mundo e seguir para a próxima área. Isso acontece constantemente nas quatro caçadas da expansão.

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Nova Iorque está bem representada neste nesta expansão (Foto: Wagner Wakka/canaltech)
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Por exemplo, no caminho de Corley, o jogador precisa posicionar guindastes como pontes para seguir dentro de um navio em ruínas. Com isso, dá verticalidade a um game que é bastante horizontal.

Todas as cinco áreas de missões são bastante distintas entre si, com bons momentos para segurar os ânimos e olhar a paisagem de tão bonitas que elas se mostram.

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Aqui, é preciso elevar ponte para passar (Foto: Wagner Wakka/Canaltech)

Em Warlords, Nova Iorque está destruída pela passagem de um furacão. Assim, o mapa é um pouco distinto do primeiro título. Mesmo em meio a ruínas, ainda há jogos de luz e bons marcos que criam uma paisagem digna de admiração.

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Por outro lado, o fator aleatoriedade atrapalha em alguns momentos, principalmente em áreas nas quais é preciso entrar e sair de prédios constantemente. Se você jogar de noite há uma redução de luz tão grande que quase não se vê o que está à frente. O problema é que alguns inimigos continuam atirando no jogador, mesmo que não estejam a vista exatamente por conta desta falta de controle de luz do título.

Compensa? 

Warlords of New York é o reconhecimento de que The Division 2 não deu muito certo. A estratégia é chamar os jogadores para entrar nesta nova trama, fazer tudo que há neste pacote e convencer os gamers a voltarem para Washington D.C. caso fiquem satisfeitos com a DLC.

Para quem terminou The Division 2, o DLC uma boa adição de umas 20 horas de conteúdo no total, entre missões secundárias e outras miudezas.

Contudo, se você tinha dúvidas se pegava ou não este título lá em 2019, agora é a hora ideal para isso. Primeiro porque o combo expansão e jogo base está mais barato que somente o título original no lançamento. Se a promoção da Ubisoft ainda existir quando você estiver lendo este texto, The Division 2 com a expansão sai por cerca de R$ 150 nos consoles e R$ 120 no PC. Um excelente preço pelo montante que ele carrega.

Análise | Warlords of New York é a prova que The Division 2 base não deu certo
Jogo de luz traz ambientes, por vezes, bem sombrios (Foto: Wagner Wakka/Canaltech)

Diante da ausência de novos games de tiro em terceira pessoa com base em loots, Warlods of New York pode preencher com bastante eficácia esta lacuna.

The Division 2: Warlords of New York foi lançado em 3 de março de 2020 para Xbox One, PlayStation 4 e PC. No Canaltech, o jogo foi testado no PS4 com cópia gentilmente cedida pela Ubisoft.