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Novo mapa revela detalhes da estrutura magnética da Via Láctea

Por| Editado por Patricia Gnipper | 12 de Janeiro de 2023 às 12h57

QUIJOTE Collaboration
QUIJOTE Collaboration
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Uma equipe internacional de cientistas liderada pelo Instituto de Astrofísica de Canarias produziu um novo mapa do campo magnético da Via Láctea. O mapa foi produzido a partir das micro-ondas do espectro eletromagnético com dados da Colaboração QUIJOTE (Q-U-I JOint TEnerife), que usa telescópios nas Ilhas Canárias para observar o céu.

O trabalho de mapeamento começou em 2012 e, quase uma década depois, a Colaboração apresentou seis artigos científicos dos resultados obtidos. A equipe conseguiu também a descrição mais precisa já produzida da polarização (a propriedade das ondas transversas, como as da luz, que especifica a direção da oscilação delas, indicando a presença de um campo magnético) das emissões da Via Láctea.

Experimento QUIJOTE no Obseratório Teide (Imagem: Reprodução/Daniel López / IAC)
Experimento QUIJOTE no Obseratório Teide (Imagem: Reprodução/Daniel López / IAC)

A pesquisadora Elena de la Hoz explica que um dos resultados mais interessantes encontrados pela equipe é que as emissões síncroton (a radiação gerada por partículas carregadas que se move pelas linhas de um campo magnético quase à velocidade da luz), vindas da Via Láctea, são muito mais variáveis do que se pensava. “Os resultados que obtemos são uma referência para ajudar experimentos futuros a fazer detecções confiáveis do sinal da radiação cósmica de fundo”, acrescentou.

Além do mapeamento da estrutura magnética da nossa galáxia, os dados do QUIJOTE se mostraram importantes para outras finalidades: eles são uma ferramenta única para estudos da emissão anômala de microondas (AME), que parece ser formada pela rotação de pequenas partículas de poeira no meio interestelar. A orientação delas pode depender da presença do campo magnético galáctico.

Com os novos resultados, a equipe conseguiu informações sobre a estrutura do campo magnético da nossa galáxia, além de entender melhor os processos energéticos que ocorreram durante o nascimento do universo. Para medir os sinais daquela época, os cientistas precisam primeiro eliminar o “véu” de emissões associadas à Via Láctea — exatamente o que os mapas do QUIJOTE fizeram.

Mapa de emissões de micro-ondas polarizadas; o padrão ondulado representa a direção do campo magnético da Via Láctea (Imagem: Reprodução/QUIJOTE Collaboration)
Mapa de emissões de micro-ondas polarizadas; o padrão ondulado representa a direção do campo magnético da Via Láctea (Imagem: Reprodução/QUIJOTE Collaboration)
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Eles permitiram também estudos de emissões excessivas de micro-ondas vindas do centro da galáxia, que podem ter relação a processos de decaimento de partículas da matéria escura, e proporcionaram também o estudo de mais de 700 fontes de emissão em ondas de rádio e micro-ondas. Elas têm origem galáctica e extragaláctica, e podem ajudar os cientistas a decifrar sinais vindos de fora da Via Láctea.

Os artigos com os resultados do estudo foram publicados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society (1, 2, 3, 4, 5, 6); Via: Royal Astronomical Society