WikiLeaks divulga documentos falsos que mostram Steve Jobs como HIV positivo
Por Rafael Rodrigues da Silva | 12 de Abril de 2019 às 16h39
Com a prisão de Julian Assange, criador da WikiLeaks, na última quinta-feira (11), o site divulgou uma série de documentos que estavam guardados por Assange e ainda não tinham se tornado públicos. Mas, na ânsia de retaliar a prisão de seu criador, a WikiLeaks pode ter cometido um terrível erro de julgamento.
Entre os diversos documentos divulgados ontem, estava um suposto relatório médico que atesta que o ex-CEO e fundador da Apple, Steve Jobs, era portador do vírus HIV. O problema é que, apesar de ter sido noticiado por diversos veículos de imprensa, tudo aponta que essa informação é falsa.
A WikiLeaks publicou dois documentos referentes a exames médicos de Jobs: um deles já reconhecidamente falso, e outro que possui diversos indícios de que também seja. Um dos documentos mostrava um exame feito pelo CEO no laboratório SXCheck em 2004, que apontava o então CEO da Apple com portador do vírus HIV. O problema desse documento é que a WikiLeaks já havia publicado ele anteriormente. Em 2011, logo após a morte do CEO, a divulgação desse documento chocou o mundo, mas uma análise rápida provou que ele era falso, já que o laboratório em questão só foi fundado em 2006 — dois anos após o suposto exame divulgado.
Já o segundo documento apresenta um relatório do California Pacific Medical Center, e que mostraria uma suposta assinatura de Jobs autorizando o tratamento para o vírus HIV. Apesar de ainda não ter sido confirmado que o documento é definitivamente falso, há vários fatores que apontam para o documento não ser nada além de uma fraude, e o principal deles é a suposta assinatura de Steve Jobs no suposto documento, que não se parece em nada com a assinatura real dele.
De acordo com analistas da Apple, ambos os documentos já haviam vindo a público ainda quando Jobs estava vivo, e surgiram do site CNN iReport (uma divisão do canal de notícias que permitia que o público do canal postassem suas próprias notícias locais e sugestões de pauta para os jornalistas da CNN) em meados 2006, como uma tentativa de assustar os investidores da Apple e abaixar o valor das ações da empresa.
De acordo com o WikiLeaks, as imagens foram retiradas de um documento de verificação (local onde ficam documentos supostamente vazados que estão aguardando verificação da equipe do WikiLeaks para serem publicadas) e espalhadas pela internet sem o contexto adequado, fazendo parecer que o site publicou documentos reconhecidamente falsos. O WikiLeaks se orgulha de, em seus quase 13 anos de existência, nunca ter publicado nenhum documento falso, e de ter ganhado todas as disputas judiciais que duvidavam da credibilidade de suas publicações.
Fonte: Information Week, WikiLeaks