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Provas em 5G na América Latina

Por| 19 de Março de 2019 às 07h12

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CNBC
CNBC

As redes de telecomunicações móveis estão em constante evolução, isto devido às inovações que integram infraestrutura existente para melhorar desempenho. Desta forma, tendo em vista que o primeiro serviço comercial do mundo da LTE (lançado oficialmente na Suécia e na Noruega em dezembro de 2009) ofereciam velocidades pico de 12 Mbps. Cabe aqui lembrar que, dez anos mais tarde, a velocidade é contrastante, já que as atualmente oferecidas LTE-A (LTE Advanced) na América Latina, geralmente exibem velocidades pico superiores aos 300 Mbps.

No entanto, o processo de trazer esses novos serviços aos clientes finais envolve uma série de procedimentos de revisão e validação, que permitem às operadoras constatar que a inovação tecnológica funciona realmente e que seu desempenho é almejado. Aqui não só se considera o desempenho da inovação em infraestrutura de rede ou software, é também considerado o impacto que as alterações feitas pela atualização pode levar para os serviços acessados ​​pelos clientes, dependendo da célula que possuem.

Por exemplo, se a penetração dos telefones que podem acessar o novo serviço for de 2%, a operadora tem muito baixo incentivo para investir na melhoria do serviço oferecido (para além das vantagens de publicidade como entidade de posicionamento inovador). Sua tarefa certamente irá concentrar-se através das mudanças na sua oferta de dispositivos e novas promoções para incentivar o aumento do número de clientes que podem acessar os serviços mais avançados. Uma vez obtida uma massa crítica de usuários, justifica-se o investimento na melhoria do desempenho da rede.

Quando a mudança tecnológica envolve a implantação de uma nova rede de telecomunicações, os processos são semelhantes. A operadora, em colaboração com todos os seus fabricantes de interesse, estabelece testes limitados da nova tecnologia em um ambiente controlado de clientes reais. Dessa forma, pode-se obter a informação detalhada sobre o desempenho da tecnologia, bem como dos picos de demanda da nova tecnologia, e ainda, como ela pode se alterar sob diferentes cenários. Assim, variados testes da nova tecnologia são feitos em diferentes condições de campo.

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Mais uma vez, o lançamento da nova tecnologia levará em consideração fatores que vão desde questões regulatórias até o posicionamento da marca. Independentemente da estratégia que deseja implementar com a nova tecnologia, um elemento extremamente importante é estabelecer diretrizes internas para promover a substituição de dispositivos para aumentar o número de dispositivos no mercado que pode ser conectado à nova rede e, assim, começar a acelerar seu retorno do investimento.

Como você pode imaginar, neste momento a tecnologia móvel que está sendo "testada" em toda a América Latina é comumente conhecida como 5G. Muitos destes testes estão focados em ver o seu desempenho em ambientes fechados, onde você tem que acessar a conexão móvel através de frequências de rádio em bandas milimétricas. Não é o mesmo que tentar se conectar à banda larga móvel a partir de um quarto de hotel em Cancun, onde as paredes do hotel são projetadas para resistir ao ataque de um furacão, com serviço na banda de 800 MHz para fazer uma combinação de 3,5 GHz e 28 GHz.

As bandas a serem usadas para o teste são muito importantes para o desempenho de qualquer nova rede móvel e tem um impacto direto sobre o investimento necessário para implantar a nova tecnologia. Ao escolher quais bandas podem usar uma operadora para fazer um teste, encontram-se duas alternativas, a primeira é a utilizar uma banda que já foi alocada. A segunda seria pedir uma licença temporária para as autoridades reguladoras para permitir que se faça um teste em uma frequência específica que ainda não foi alocada para o mercado, ou que não seja de acesso da operadora.

Além disso, os testes de campo também servem para começar a ver como os novos dispositivos móveis funcionam em sua interação com a nova rede. Desta forma, podem ser obtidos dados importantes que serão utilizados posteriormente nas campanhas publicitárias e de marketing dos novos serviços. Para alcançar este objetivo é muito comum para as operadoras realizarem mais de um teste em condições geográficas diferentes, e demanda por uma melhor compreensão das capacidades da nova tecnologia. Geralmente esses testes são feitos com diferentes fornecedores simultaneamente, o que permite um melhor contraste e comparação dos produtos oferecidos ao operador.

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Obviamente, neste momento, as redes que estão sendo "testadas" em toda a América Latina e Caribe são chamadas de 5G. O que não foi ouvido na imprensa? Qualquer especialista em telecomunicações com conhecimento básico de como a indústria funciona pode facilmente responder a essa pergunta: é responsabilidade da operadora anunciar publicamente se está ou não realizando algum teste em 5G ou qualquer outra tecnologia. Há quem decida fazê-lo, como têm sido vistos em países como Brasil, Argentina, Chile ou Porto Rico, enquanto que há outros que já no inicio de 2018, sem divulgação junto à mídia, coordenam cinco testes diferentes com diversos provedores de infraestrutura, com intenção de lançar comercialmente seus serviços em 2019.

Não obstante, é necessário esclarecer que a tendência se inclina a favor de não divulgar o que está sendo provado, que se trata de uma nova tecnologia. Também é importante saber que ao realizar uma prova, não implica necessariamente que a tecnologia será lançada de forma imediata. Qualquer especialista com conhecimento básico de telecomunicações sabe que o tempo para lançamento de uma nova tecnologia responde à estratégia comercial de cada operadora.

A boa notícia para a América Latina é que já existem vários países que contam com um cronograma de alocação de espectro radioelétrico definido para lançamentos em 5G, e que podem não apresentar atrasos significativos, sendo 2019 o ano de desenvolvimento inicial desta tecnologia na região. Países como o Brasil, Colômbia e México têm identificado espectro em bandas milimétricas que eventualmente serão alocadas para viabilizar o crescimento da 5G na região.

A pergunta será se os países da região decidirem inclinar no uso compartilhado da banda de 28 GHz como acontece nos Estados Unidos, onde já se oferecem serviços comerciais tanto satélites como de 5G nesta frequência. Esta é a grande incógnita.