Operadoras brasileiras pedem transparência e participação da Huawei no 5G
Por Felipe Junqueira |
A longa novela da participação ou não da Huawei na implementação da rede 5G no Brasil está longe de acabar. Mas, se dependesse das empresas de telecomunicações do país, o assunto já estaria resolvido, e em favor da chinesa.
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Conexis Brasil Digital (ex-SindiTeleBrasil) divulgou uma nota oficial em defesa da “transparência de todo o processo” de implementação da quinta geração de banda larga móvel no Brasil. O texto não cita nominalmente nenhuma empresa, mas menciona que “as operadoras de telecomunicações associadas à Conexis Brasil Digital, têm tomado conhecimento acerca de possíveis restrições à participação de fornecedores de equipamentos no processo de implantação das redes 5G no Brasil”.
A nota pede que a discussão seja feita de maneira transparente, com participação de todos os interessados, incluindo as operadoras, e que sejam atendidos critérios técnicos em todo o processo. “Diante do nosso papel fundamental na implementação da tecnologia no País, e preocupadas com as incertezas geradas por essas discussões, ressaltamos a necessidade de transparência de todo o processo, prezando assim pelo princípio fundamental da livre iniciativa presente em nossa Constituição Federal”, diz o texto.
Segundo as empresas, esse “ambiente de incertezas” pode impactar o setor, com desequilíbrio de custos e atrasos na implementação da rede 5G no país. “Questões como preço, escala mundial e inovações tecnológicas dos fornecedores hoje presentes no país são determinantes para que as melhores soluções e custos competitivos do serviço possam ser oferecidos pelas operadoras aos cidadãos”, observa a carta.
Problemas com infraestrutura existente
O Conexis também lembra que “todos os fornecedores globais já atuam no país nas tecnologias 4G, 3G e 2G” e que deixar qualquer empresa de fora da quinta geração “pode atingir também a integração com a infraestrutura já em operação”, o que poderia impactar serviços já prestados e custos, prejudicando o consumidor.
De acordo com uma estimativa da Anatel, a Huawei é responsável por cerca de 35% a 40% das redes de comunicações sem fio em operação no Brasil. Mas as operadoras calculam fatia ainda maior, que fica entre 45% a 65%, e pode chegar a 100% dependendo da região do país.
A nota segue citando que a maioria das operadoras possui capital aberto “e a transparência das discussões é fundamental para gerar segurança aos investidores e seguir atraindo novos investimentos para o país”. E lembra que o 5G é um marco na revolução tecnológica, importante para o crescimento do país.
“As principais operadoras do país possuem ampla expertise técnica e grande experiência nos mais elevados e críticos quesitos de privacidade e segurança de rede, e podem contribuir com soluções técnicas eficazes nas discussões que envolvem toda nossa cadeia de produtos e serviços, preservando a segurança do país”, garante o Conexis.
A Huawei é a empresa que mais registrou patentes em comunicações sem fio no ano de 2020, incluindo o 5G. Como observado pelas próprias teles, a empresa chinesa está presente na infraestrutura de comunicações móveis do Brasil desde o 2G, assim como suas concorrentes na área, e forçar sua saída do país pode ser prejudicial para o consumidor.
O Reino Unido já anunciou que vai substituir todos os equipamentos da Huawei nas telecomunicações do país até 2027, a um custo estimado de 250 milhões de libras (aproximadamente R$ 1,77 milhões). Não há ainda um estudo sobre o impacto financeiro de uma decisão desse tipo no Brasil.
Fonte: Conexis Brasil Digital (via Estadão)