Microsoft e healthtech Orizon criam IA em nuvem "vigilante" de planos de saúde
Por Márcio Padrão • Editado por Claudio Yuge | •
A Orizon, healthtech fundada em Barueri (SP) em 2008, precisava ampliar o poder computacional de seu principal produto: uma plataforma que combate o desperdício nas transações e despesas médicas dos planos de saúde, atuando como uma "vigilante" em forma de inteligência artificial. Mas não via mais sentido em continuar hospedando-a em seus servidores. Até que neste ano migrou para a Azure, solução de nuvem para empresas da Microsoft, e se deu tão bem que virou um dos principais orgulhos da "big tech" no mercado corporativo brasileiro.
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A mudança poderia trazer um risco operacional alto. Afinal, a Orizon lida com 150 milhões de transações por mês na sua plataforma, além de analisar e autorizar mais de 500 mil atendimentos, conectando cerca de um quarto dos beneficiários de planos de saúde no país a 23 planos de saúde e 12 mil farmácias. Roda mais de 12 mil regras médicas na sua plataforma, que conta com big data e IA para ajudar a chegar às melhores tomadas de decisão.
Portanto, migrar esse imenso serviço para a nuvem da Microsoft — algo que começou em março e começou a operar em julho deste ano — poderia pôr tudo a perder. Mas a healthtech, que atualmente pertence ao Grupo Bradesco, disse só ter visto vantagens na aposta. A Azure trouxe mais agilidade, pois faz em menos de uma hora uma tarefa que demorava mais de um dia com o algoritmo antigo. Além disso, a Orizon pode pedir da Microsoft mais ou menos processamento de nuvem de acordo com a demanda.
"Apesar de termos máquinas potentes, não tínhamos nelas a capacidade de flexibilização. E seria um custo muito alto, pois precisaria de computadores ociosos para suportar o pico [de acessos]. Nosso principal negócio é gerenciamento de saúde, e não de máquina, e colocamos na mão da Microsoft, que tem um volume de servidores muito maior e mais flexível", diz Edmundo Maron, chefe de informação da Orizon.
Na prática, a solução da healthtech consegue, de acordo com Maron, adicionar "uma camada de inteligência médica" não apenas a regras administrativas dos planos de saúde e hospitais, mas também atuar contra excessos ou lacunas das demandas de médicos e pacientes.
Se um médico pede um exame abdominal total e outro de rim, não precisaria do segundo, pois o total vê ambos. Se uma cirurgia pede cinco pinos e dá para fazer o mesmo com três pinos, também. Assim como a IA vê casos abaixo do normal, como um pedido de três e sugere-se cinco pinos. Ela faz bloqueios automáticos em alguns casos, e em outros pede que um humano tome a decisão
Já para a Microsoft, o que a união com a Orizon trouxe de diferencial em relação aos demais clientes brasileiros? Segundo Ricardo Fernandes, vice-presidente de negócios empresariais da Microsoft Brasil, a healthtech conseguiu uma maturidade com sua solução via Azure em um tempo menor que a média.
"Isso (a parceria com a Orizon) está muito alinhado com nessa estratégia de nuvem. Nos nossos clientes, olhamos para quatro vertentes: empoderamento dos colaboradores, engajamento dos clientes, transferência dos produtos e a eficiência operacional. Esse projeto é importante porque atende aos quatro em uma única tacada", explica.
As duas empresas também afirmam que a solução atende aos requisitos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), analisando dados em nuvem de forma anonimizada na maioria dos casos para treinar seu aprendizado de máquina. As exceções estão para análise de questões individuais de certos clientes, sob solicitação do respectivo plano de saúde.