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Por que celulares estão explodindo no bolso das pessoas pelo Brasil?

Por  • Editado por Léo Müller |  • 

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 Victor Lenze/Canaltech
Victor Lenze/Canaltech

A última semana foi marcada por casos de celulares explodindo e pegando fogo no Brasil, com incidentes em Anápolis (GO) e Guarapari (ES). Ambos os celulares contavam com bateria de lítio, assim como a maioria dos smartphones no mundo. Dessa forma, conversamos com especialistas para entender o que pode causar a explosão de um celular e como proceder nesta situação.

Tendo em vista que ambos os modelos se tratam de celulares da Motorola, a marca emitiu uma atualização sobre o primeiro caso de Anápolis, no qual já conseguiu contato com a consumidora:

"A Motorola informa que, desde que teve conhecimento do ocorrido com a consumidora Stella Marques Borralho, tentou diversos contatos, porém só obteve sucesso em 11 de fevereiro. A empresa reforça a importância da entrega do aparelho para exame técnico, que é realizado por profissionais e em período de análise a ser determinado por eles. Sem este trabalho, não é possível identificar a causa do incidente. Portanto, neste momento, qualquer conclusão é prematura."
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Altas temperaturas fazem mesmo o celular explodir?

Apesar das altas temperaturas devido ao verão, o calor por si só não faz o celular explodir. Assim como manter o celular no bolso, como nos dois casos.

As baterias possuem proteções suficientes para lidar com o clima quente do Brasil e demais países com temperaturas elevadas. Inclusive durante ondas de calor, como a que estamos enfrentando.

Contudo, Edson Martinho, engenheiro e diretor-executivo da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), alerta sobre a exposição ao calor:

"As altas temperaturas no ambiente não têm relação com os casos recentes, mas a exposição a altas temperaturas, ao sol e funcionamento debaixo de travesseiros, pode danificar o sistema de proteção das baterias", explicou.

De acordo com dados da Abracopel, em 2024 foram registrados 24 casos de incêndios causados por sobrecarga do carregador do celular. O número representa um salto de 71% em comparação ao ano anterior, que apresentou 14 casos. 

Acidentes com o celular

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Também conversamos com o professor de engenharia elétrica da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ewaldo Mehl, que destacou a importância de manter o celular em boas condições:

"Celulares, quando estão em bom estado, são novos, usados adequadamente, carregados com o carregador original e com a bateria não substituída, não devem pegar fogo", explicou.

Em suma, é preciso cuidar do celular para evitar danos na bateria, os quais são geralmente os causadores das explosões. Quedas e impactos sucessivos podem expor a bateria aos elementos, aumentando o risco de incêndio, pois o lítio pode entrar em combustão se tiver contato com o ar. 

Além disso, é preciso cuidado redobrado ao comprar um celular de segunda mão:

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"O ideal ao comprar um celular usado é levar a uma autorizada para verificar a condição do aparelho", explica Martinho.

Carregador e bateria não originais são riscos

Além de proteger contra quedas, é essencial usar o carregador e a bateria originais. Segundo Mehl, o acessório responsável pela recarga é desenvolvido para carregar o mais rápido possível, mas com segurança:

"O carregador que vem com o celular foi projetado no limite, para que ele carregue rapidamente, mas, ao mesmo tempo, não danifique ou seja perigoso para a bateria", explica.
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Em entrevista ao portal Tribuna Online, Maria de Fátima Araújo, de 51 anos, passageira cujo celular pegou fogo em um ônibus no Espírito Santo na última semana, relatou que havia trocado a bateria do aparelho 15 dias antes e costumava dormir com o celular debaixo do travesseiro, embora ainda não tenha sido comprovada a causa do incidente.

Por outro lado, Martinho detalha que os componentes paralelos não são seguros, pois perdem camadas de segurança para atingir preços mais em conta:

"Equipamentos não originais geralmente removem componentes para reduzir o custo final, o que pode resultar na perda de dispositivos de segurança, além de não serem testados e aprovados por órgãos competentes, como a ANATEL", finaliza.
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O que fazer se o celular pegar fogo?

A primeira ação é não jogar água. De acordo com Mehl, o lítio reage em contato com a água que aumenta o fogo. 

O ideal é agir rapidamente e retirar o celular de perto para evitar queimaduras e procurar assistência médica.

Renata Reis, Assessora Técnica do Procon-SP, reforça a importância de guardar todos os comprovantes, pois, a princípio, a responsabilidade pelo ocorrido é da fabricante.

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"Se ele pagar a consulta médica, ele deve guardar o recibo da consulta, pedir nota fiscal de todos os medicamentos que ele utilizar para sanear o problema. Porque o artigo 12 do Código de Defesa do Consumidor diz que o fabricante tem responsabilidade sobre os danos que envolvem o risco à saúde e segurança do consumidor", ressalta.

Em seguida, é preciso procurar a marca para ser feita a análise técnica do produto e a empresa definir os próximos passos:

"O fornecedor possui expertise para identificar a causa e emitir um laudo e orientar o consumidor a como proceder, seja a troca do produto por outro em perfeito estado ou a devolução dos valores pagos, caso não fique comprovado mau uso", finaliza Reis.

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