Estamos em uma nova era para o áudio, diz responsável pelo som do Motorola Edge+
Por Rubens Eishima | 02 de Julho de 2020 às 19h00
Além de marcar a volta da Motorola ao segmento de smartphones topo de linha, o Moto Edge+ faz parte do movimento renovado das empresas em busca de uma melhor qualidade de áudio. Um dos destaques do aparelho é o seu sistema de som estéreo — ajustado pelo produtor musical vencedor do Grammy Jack Joseph Puig —, que funciona em conjunto com um pacote de tecnologias da empresa especializada em processamento de áudio Waves.
- Motorola Edge e Egde+ são anunciados no Brasil com 5G a partir de R$ 5.499
- Motorola Edge+, a volta dos topos de linha [Unboxing/Hands-on]
O Canaltech conversou com o diretor de marketing e desenvolvimento de negócios da Waves, Adam Levenson, para saber um pouco mais sobre o processo que promete uma "nova era para o áudio" dos celulares.
O executivo lembrou que, ao ver o modelo pela primeira vez, ficou impressionado com o design. Mais do que isso, porém, ele percebeu o potencial dos componentes de áudio do aparelho.
"Sabíamos que por trás do belo exterior, os alto-falantes tinham o potencial de produzir o áudio mais potente já oferecido por um celular", afirmou Levenson em entrevista ao CT, antecipando-se à afirmação usada pela Motorola na divulgação do Edge+.
Ajuste fino
O engenheiro de som e produtor musical Jack Joseph Puig — que já trabalhou com artistas como Guns N’ Roses, Lady Gaga e Pharrell Williams — foi o responsável pela calibração do sistema de áudio do Edge+.
Um dos desafios apontados para oferecer uma boa qualidade de som foi o fato de que nenhum celular é projetado para ser um dispositivo acústico, especialmente por apresentarem um formato fino. A tarefa exigiu uma série de testes e viagens aos escritórios da Motorola para ajustar a reprodução de som do aparelho, monitorando e avaliando diferentes configurações de equalização.
Software ao trabalho
Além da configuração do sistema de som do aparelho e da maneira como o celular utiliza os componentes, o Edge+ inclui um pacote de algoritmos da Waves, o MaxxAudio Mobile, para processamento de áudio, projetados para aproveitar a capacidade do smartphone.
Os algoritmos foram desenvolvidos para uma gama variada de equipamentos — já foram vistos ouvidos no Brasil, por exemplo, com o intermediário Alcatel Idol 4s —, não exigindo um componente específico no celular. Mais do que ajustes de equalização, as ferramentas de processamento do MaxxAudio trabalham as características espaciais e dinâmicas do som.
Para equalização, o pacote oferece no Edge+ as opções tradicionais para reforço de graves e agudos — batizados pela Waves como Psychoacoustic Bass e Dynamic Treble —, e inclui ainda três novidades:
- Wider Stereo, para melhorar a percepção espacial do áudio;
- Dialog Clarity, responsável por destaca as falas em vídeos (seria como a caixa central de um sistema de home theater);
- Fuller Mix, que aplica algoritmos para suavizar os picos e vales das ondas sonoras.
Não só nas caixas
No Edge+, o MaxxAudio leva em consideração a orientação do celular para ativar ajustes específicos. Apesar de otimizado para reprodução de áudio na horizontal, aproveitando as caixas de som estéreo do aparelho, abrir um vídeo ou jogo com o celular na vertical aplica uma configuração apropriada.
"A tecnologia ativa automaticamente ajustes otimizados com base nas informações dos sensores do aparelho", respondeu Levenson, ao ser perguntado se a tecnologia tira algum proveito de recursos como o giroscópio do celular.
Segundo o executivo, uma pesquisa feita pela Motorola descobriu que, em seis de sete categorias de uso pesquisadas, os consumidores preferiam utilizar os alto-falantes do celular. A exceção foi para música, conteúdo em que os fones de ouvido venceram.
Durante o uso com os acessórios, os algoritmos de som do Edge+ procuram trabalhar em conjunto com os fones, evitando entrar em conflito com o processamento feito por eles, por exemplo, no reforço de graves.
O ajuste de áudio com o uso de fones busca complementar as características acústicas do acessório. Levenson não entrou em detalhes, mas deu a entender que os sons de baixa frequência, por exemplo baixos, são menos processados nesse caso, ficando à cargo do tratamento aplicado pelos fones.
Áudio em primeiro plano
Ao ser perguntado sobre como a adoção do MaxxAudio pela Motorola se relaciona com o interesse renovado do mercado em áudio — caso da popularidade de sistemas de som tridimensional como o Dolby Atmos ou até mesmo o uso de um processador dedicado no PlayStation 5 — o executivo respondeu que acredita estarmos em uma nova era.
"Na Waves, compartilhamos a crença com a Motorola de que esta é uma nova era para o áudio. Que grandes experiências de entretenimento são incompletas sem um som de alta qualidade", afirmou Levenson.
Apesar dos consumidores terem se conformado com o som fraco associado aos celulares, o executivo da Waves afirmou que as limitações para isso já ficaram para trás e que a parceria entre as empresas é só o começo.