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Celulares vão ficar mais caros em 2026? Veja se é melhor comprar já ou esperar

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Danilo Berti/Canaltech
Danilo Berti/Canaltech

A crise dos chips de memória está prestes a impactar o mercado de celulares, e números da Counterpoint Research já indicam um aumento global de preços em 2026. O Canaltech conversou com especialistas para entender qual será o efeito desse cenário no Brasil. O panorama não é muito animador, mas também não exige correria nem decisões por impulso. A seguir, explicamos quais categorias de celulares devem sentir mais o impacto, por que as fabricantes estão com menos poder de negociação e se vale a pena antecipar o upgrade.

Entenda a crise e os seus culpados

O ponto central do problema está na produção de memórias DRAM e NAND. Nos últimos meses, fabricantes como Samsung, SK hynix e Micron redirecionaram parte relevante de suas fábricas para atender a uma demanda muito mais lucrativa: memórias HBM (High Bandwidth Memory), usadas em servidores de inteligência artificial. Reinaldo Sakis, analista da IDC, usa uma analogia perfeita:

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"Com a mesma pastilhinha de silício, você pode produzir um Fusca ou uma Ferrari. Se você tem uma fábrica, você prefere fazer? Eles optaram por fazer mais Ferraris, e aí não tem material para fazer o Fusca".

As "Ferraris" são os chips para IA, que pagam muito mais. O "Fusca" é o componente do seu celular, que dá muito menos lucro. Isso tira o poder de barganha das fabricantes de smartphones, enquanto empresas de memória aproveitam para valorizar suas ações após anos de estagnação.

Segundo a Counterpoint Research, esse movimento já provocou alta expressiva nos custos de componentes. Em 2025, o custo médio de produção subiu cerca de 25% nos celulares de entrada, 15% nos intermediários e 10% nos modelos premium. Para 2026, a expectativa é de novos aumentos entre 10% e 15%, o que deve elevar o preço médio global dos smartphones em cerca de 6,9% no ano.

A situação é inclusive mais crítica do que a crise dos chips que vimos durante a pandemia de COVID-19 e também pior que crise das GPUs gerada pela corrida dos mineradores de criptomoedas entre 2018 e 2018.

“Eu já ouvi de alguns fabricantes que essa é a pior crise que eles já viram na história. São situações diferentes das anteriores e, por alguns motivos, bem mais críticas”, alertou Sakis.

Cuidado com o "Downgrade"

Para não assustar o consumidor com preços muito altos, as marcas podem optar pela "reduflação" dos eletrônicos. Sakis alerta que a indústria deve modificar configurações para equilibrar custos:

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"Não seria difícil de imaginar uma downgrade saindo de chips 5G para optar por um 4G. Sair de uma memória de 256 GB para diminuir para um 128 GB. O talvez colocar uma bateria menor que 5.000 mAh, quem algo como 4.000 mAh se torne mais comum", ponderou. 

Ou seja, em 2026, você pode encontrar nas lojas "novos" modelos que, na prática, têm especificações inferiores aos de 2024/2025 para manter a mesma faixa de preço.

O professor Thiago Muniz, da FGV, traz uma reflexão interessante sobre isso: podemos ver um "efeito rebote" onde o hardware físico piora, mas as marcas usam a IA como justificativa para compensar.

"Será que eu preciso de uma câmera tão boa, se eu tenho uma IA no celular que pode pegar uma foto e me melhorar essa imagem?... O consumidor talvez veja esse efeito rebote em tirar mecanismos físicos para serem compensados com a IA". 
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Infelizmente, quem compra celulares de entrada (até R$ 2.000) vai sentir mais. Segundo Sakis, para produtos caros, o componente existe, mas custa mais. Já para o produto de entrada, ele "tá ficando mais caro e também mais escasso".

Tá na hora de correr para as lojas?

Para quem busca celulares de entrada, a tendência é de menos opções e preços mais altos em 2026, o que pode justificar antecipar a compra se você já estava prestes a tomar essa decisão. Já nos intermediários e topos de linha, o aumento deve existir, mas de forma mais controlada, com marcas apostando em ajustes de portfólio e promoções pontuais.

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Quem está pensando em trocar sem uma razão muito óbvia, a recomendação e avaliar o que você já tem em mãos.

“O consumidor precisa avaliar se realmente usa todo o potencial do aparelho. Muitas vezes, um modelo atual já entrega tudo o que a pessoa precisa, sem necessidade de trocar no impulso”, alerta Muniz.

Como temos produção de celulares local no Brasil, o impacto deve chegar só a partir do segundo trimestre de 2026. A recomendação é:

  • Monitore as especificações: se for comprar em 2026, confira se o lançamento não é um "downgrade" disfarçado (menos bateria ou memória que a geração anterior);
  • Não compre pelo hype: Thiago Muniz alerta para não trocar de celular apenas por mudanças incrementais de 1% ou 2%; 
  • Janela de oportunidade: se precisa trocar, o início do ano ainda deve ter estoques com preços antigos.
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