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A Nokia voltou! Como ela quer atrair brasileiros que procuram celulares baratos

Por| 03 de Maio de 2020 às 09h00

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Tudo sobre Nokia

Quem tem 35 anos ou mais deve lembrar dos primeiros celulares da Nokia por aqui. Eles aportaram no mercado brasileiro no final do século passado, por volta de 1998, com a chegada da operadora BCP (hoje Claro), que impulsionou de vez o mercado de telefonia móvel no país.

E, durante um longo tempo, a empresa finlandesa foi a líder inconteste do mercado de telefonia celular, não apenas no Brasil, mas também no mundo, oferecendo bons e robustos dispositivos. Só que, com a chegada de “um tal” de iPhone em 2007, a Nokia perdeu a mão. Ao invés de acompanhar a tendência dos smartphones que viriam, preferiu apostar na mesma fórmula que fez sucesso no passado, mas que não funcionava mais entre o público do presente, fascinado com telas multitouch e aplicativos que faziam de tudo.

Quando finalmente acordou, já era tarde. O público já estava dividido entre iOS e Android e as tentativas de tornar o Symbian (antigo sistema operacional da marca) popular fracassaram. Depois de ter a sua participação de mercado reduzida a quase zero, em setembro de 2013, a Nokia resolveu vender a sua divisão de mobile e serviços para Microsoft e passou a se concentrar apenas no fornecimento de infraestrutura de telecomunicações.

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Sob a gerência da Microsoft, os modelos da marca também não foram bem. Apesar de oferecer ótimos dispositivos, com bom design e configurações, principalmente os da linha Lumia, o Windows Phone não conseguiu emplacar entre o público como sistema operacional. Com isso, em 2016, a Microsoft jogou a toalha, ficou com as patentes que lhe interessavam e revendeu a marca para FIH Mobile, uma subsidiária da Foxconn, por US$ 350 milhões (um senhor prejuízo, considerando que ela comprara a Nokia por US$ 7,6 bilhões).

Com a venda concretizada, a FIH Mobile fez uma parceria com a também finlandesa HMD Global, para ressuscitar a marca Nokia, dessa vez dotada com o sistema operacional Android,. No final de 2016, os primeiros modelos da “nova Nokia” surgiram no mercado e passaram a ser vendidos nos mercados asiático, africano e europeu.

E por que contamos toda a história acima? Porque, a partir do dia 03 de maio, a marca finlandesa finalmente volta ao Brasil, trazendo como primeiro smartphone um modelo de entrada, que leva o nome de Nokia 2.3.

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Mas o Nokia 2.3 será páreo para concorrência?

Bom, para ser bem honesto, se analisarmos a configuração do Nokia 2.3, não podemos ser muito otimistas com as perspectivas. Entre suas especificações, o aparelho traz um chip MediaTek Helio A22, quad-core, com velocidades de 2.0GHz, 2GB de memória RAM, 32GB de armazenamento (expansíveis via microSD) e tela HD+, de 6.22”. As câmeras, se não fazem feio, também não empolgam: na parte traseira, temos dois sensores, o principal de 13MP e o segundo, usado para profundidade, de 2MP (a câmera frontal tem um sensor de 5MP). Por fim, a bateria traz bons 4.000mAh, uma capacidade bem razoável e que promete deixar o aparelho por um bom tempo longe da tomada. Preço do dispositivo: R$ 899.

Enfim, o aparelho faz feio perante a concorrência? De modo algum. Suas especificações estão dentro do que é oferecido na maioria dos modelos de entrada no Brasil, o preço também está na média e para quem quer um smartphone que faça o básico, ele até atende. Além disso, ele será vendido em canais bastante conhecidos do público, como a B2W, que engloba e-commerces gigantes como Submarino, Americanas.com e Shoptime, além das Lojas Pernambucanas. Além disso, uma parceria com a Multilaser garante capilaridade na distribuição dos celulares por todo o país, além de assistência técnica. Ou seja, a estratégia da HMD por aqui está bem montada.

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O problema, na verdade, é outro: como a HMD Global vai concorrer no Brasil com marcas muito mais consolidadas no país, como a Samsung e Motorola, que oferecem produtos em todas as faixas de preço e já têm uma longa tradição no oferecimento de smartphones de entrada no país? Segundo dados da Statcounter de março de 2020, juntas, essas duas marcas detêm 67,08% do mercado nacional. E isso porque nem citamos a Xiaomi, queridinha do público, que detém 7,09%.

Diante de um cenário tão desafiador, como encarar a concorrência?

Força da marca e um Android mais atualizado que o dos rivais

São os dois fatores do título acima as maiores apostas da HMD para (re)emplacar a Nokia entre o público brasileiro. O primeiro é o bom nome que a marca ainda tem entre os usuários daqui. Basta visitar qualquer site ou fórum que fale sobre um possível volta de seus aparelhos e você verá que a maioria esmagadora de comentários a respeito é positiva. A memória afetiva ainda bate forte entre aqueles que já usaram um aparelho da marca, já que, em muitos casos, algum celular Nokia foi o primeiro na vida de muita gente - o aparelho podia até ter sido ruim (sim, a Nokia também errava), mas a nostalgia fala mais alto.

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Além disso, os executivos da HMD também apostam no sinônimo de qualidade que a marca Nokia representa: “Tudo o que desenhamos, produzimos e vendemos precisa atender os requisitos da Nokia original e precisa ser aprovado pela marca”, afirmou Juan Olano, diretor de portfólio da HDM Global para as Américas, em entrevista ao Canaltech. “Eles precisam atender a certos padrões exigidos, caso contrário, não serão produzidos. Por isso, por exemplo, o Nokia 2.3, por exemplo, traz metal em seu acabamento, o que garante maior resistência, uma marca registrada dos antigos celulares da Nokia”.

Mas a grande arma da Nokia para conquistar o consumidor brasileiro ataca justamente aquele que é o maior problema do Android: seu sistema de atualizações. O Nokia 2.3 virá com o Android 9 Pie de fábrica, mas, nas semanas seguintes ao seu lançamento, ele já será atualizado para o Android 10. E ainda terá mais dois anos de atualizações, o que significa que o modelo deve ganhar o Android 11, que será lançado esse ano e, talvez até o 12.

Esse processo de atualização mais constante do Nokia 2.3 se dá graças a presença do Android One. Essa versão do sistema operacional do Google está livre de aplicativos de terceiros (os chamados bloatwares) pré-instalados, interfaces customizadas ou outras personalizações de gosto duvidoso que vêm das fabricantes. Modelos com o selo Android One possuem só os apps básicos da Google e nada mais. Com isso, ele está no topo da lista para ganhar o update para edições mais recentes do Android.

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“A maioria dos modelos na faixa de preço do Nokia 2.3 tem o Android 9 como sistema operacional e não terá outras atualizações”, continua Olano. “A concorrência nunca faz investimentos em aparelhos de entrada e deixa esse público - que não quer ou não tem como trocar seguidamente de telefone - com um smartphone desatualizado nas mãos por anos”.

E esse - muito bem-vindo - diferencial em ter um sistema operacional sempre atualizado será explorado com força pela HMD junto ao público brasileiro. Para isso, a empresa já prepara campanhas que vão destacar esse quesito. “Usar novos recursos de um Android atualizado não deve ser privilégio apenas de quem tem um smartphone topo de linha. Isso é algo que deve atingir um público muito mais amplo”, disse ao Canaltech Junior Favaro, diretor de marketing e vendas da HMD Global no Brasil. “Trouxemos um modelo robusto, em uma faixa de de preço / categoria cujas vendas tiveram um crescimento de 33% em 2019, com 22,1 milhões de aparelhos comercializados. É para esse público que queremos mostrar que eles não precisam gastar muito para ter um smartphone atual”, conclui.

E qual a sua opinião? A atualização do sistema operacional é um diferencial importante na hora da compra? Dê a sua opinião!