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Crítica | Virgin River volta com drama e romance em calmaria de cidade pequena

Por| 30 de Novembro de 2020 às 22h00

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix
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Menos de um ano depois da estreia de Virgin River na Netflix, a segunda temporada já chegou à plataforma de streaming, no final do mês de novembro. Nos novos episódios, tão esperados pela legião de fãs que se formou após o lançamento da produção, as expectativas de acompanhar, finalmente, o romance entre Mel, ou Melinda Monroe (Alexandra Breckenridge), e Jack Sheridan (Martin Henderson) eram grandes.

A trama é centrada na personagem Mel, uma enfermeira especializada em partos que resolve se mudar para uma pequena cidade do norte da Califórnia, que dá nome à série, para tentar recomeçar a vida após um trauma. A série traz uma história repleta de dramas, mas de uma forma inesperada não consegue nos trazer um sentimento de aflição e desespero, mas sim de paz e calmaria, mesmo em meio às tragédias.

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Atenção: esta crítica contém spoilers da segunda temporada de Virgin River!

A nova temporada de Virgin River é, de forma facilmente perceptível, mais madura. Com os personagens e suas personalidades já estabelecidas, conseguimos curtir mais esses novos episódios, que continuam trazendo mais sensações boas do que tristes. Depois de ir embora de Virgin River para não voltar mais, Mel acaba retornando, claro, afinal se não fosse assim não haveria uma segunda temporada. Mas o seu retorno não significa que ela está pronta para resolver seus problemas por lá, como o sentimento que surgiu por Jack, que é recíproco, e o fato de a sua ex estar grávida dele. Isso, sem contar o luto e a culpa enfrentados com a morte do marido.

Charmaine, personagem interpretada por Lauren Hammersley, se torna extremamente desagradável e um pouco odiável nesta temporada, mesmo que apenas um pouco de empatia baste para que o espectador entenda o lado dela e o motivo pelo qual ela vem agindo daquela forma. Grávida de Jack, a situação complica ainda mais quando ela descobre que são gêmeos. Ou seja, dois filhos que não crescerão com os pais como um casal, o que a frustra. Mesmo com seus problemas, Charmaine ganha o destaque necessário na segunda temporada, deixando de ser uma personagem secundária e mostrando ser importante para o andamento da trama.

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A situação, basicamente, é o motivo de muitas rivalidades femininas mostradas na série: a competição pela atenção de um homem. Mas essa competição vem apenas de um lado, como diz Mel em uma das cenas de conflito com a “rival”. Ela está sempre mostrando estar disposta a ajudá-la como profissional, ainda em alguns momentos de negação, mesmo que ambas tenham o mesmo sentimento por Jack. Ele, felizmente, trata a ex com todo o respeito que uma mulher que está esperando o seu filho merece, mas não quer se enganar e forçar viver uma vida ao lado dela sem sentimentos maiores. Jack está longe de ser um protagonista odiável.

Quem também ganha um grande destaque nesses é a prefeita da cidade, Hope McCrea (Annette O'Toole), que deixa de ser a fofoqueira da primeira temporada para se tornar uma personagem divertida e engraçada, mesmo com suas mudanças de humor constantes e a luta para manter a sua fama de mal humorada. Aliás, seu marido, Dr. Vernon (Tim Matheson), que no começo da série era uma pessoa arrogante e que mudou da água pro vinho nos primeiros episódios, volta a ter uma crise de grosseria com Mel na segunda temporada, apenas para não esquecermos da primeira impressão que tivemos dele. Os momentos são ainda mais divertidos com a chegada de Muriel (Teryl Rothery), praticamente formando um triângulo amoroso ao querer conquistar o médico da cidade a todo custo.

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Voltando a se relacionar com Hope, o casal traz para a série todos os momentos prazerosos de romance que esperamos acontecer com Mel e Jack, mas que pela gravidez de Charmaine acaba se tornando uma história secundária. Falando em Mel, vale lembrar que a nova temporada é focada na superação do luto, se é que isso é possível. Nestes novos episódios descobrimos que vai fazer apenas um ano da morte de Mark (Daniel Gillies), sendo o seu luto um dos motivos para evitar qualquer novo drama com a aproximação romântica de Jack, mesmo que a consumação desse desejo aconteça nos últimos episódios.

Se na primeira temporada a visita foi de Joey (Jenny Cooper), a irmã de Mel, na segunda foi da irmã de Mark, que volta para pedir de volta o anel de noivado dado pelo irmão a Mel, sob a justificativa de que ela não era mais da família e que o anel está na vida deles por algumas gerações. Com isso, vemos o tanto que Mel teve os seus sentimentos ignorados pelos familiares do ex-marido falecido, sendo impossível não sentir desprezo por eles e empatia pela protagonista.

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É curioso ver que, mesmo com os dramas, Mel está completamente imersa nessa nova vida em uma cidade pequena, que é completamente diferente de onde vivia, Los Angeles, uma metrópole bastante agitada. E é aí que está toda a essência de Virgin River, a série e a cidade. Cidadezinhas são conhecidas por contarem com poucos estabelecimentos, consequentemente com pouca concorrência, então todo mundo se conhece, frequentam os mesmos lugares e tem suas vidas conectadas de alguma forma.

Isso não significa, no entanto, que não existam problemas sérios, como a organização criminosa de tráfico de drogas da região, que acaba trazendo problemas para todo mundo. O caso chega a ser abordado de uma forma mais intensa na segunda temporada, mas nada que tire a atenção para o restante do roteiro. O maior e mais perigoso esquema acaba sendo o que acontece com Paige (Lexa Doig), que também buscou refúgio em Virgin River usando este nome falso, mas para fugir do marido violento.

Com isso, ela acaba envolvendo Preacher (Collin Lawrence), que a ajuda a fugir depois de, acidentalmente, ter derrubado o homem da escada quando ele a encontrou, a agrediu e queria forçar ela a voltar. Porém, quando tudo parecia resolvido com ele morto com um mandado de busca por ele, após a denúncia de um colega de trabalho, a série mostra que nada disso ainda acabou, trazendo um elemento clichê: ele tem um irmão gêmeo, tão violento quanto ele.

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A segunda temporada trouxe também uma nova personagem, Lizzie (Sarah Dugdale), que se relaciona com Ricky (Grayson Maxwell Gurnsey). Durante toda a sua existência na série, até parece que ela esconde algo ou que vai machucar alguém psicologicamente, mas acaba se tornando ainda mais irritante que Charmaine. Porém, no final, a sua história não é muito desenvolvida e ela não parece ser propositalmente insuportável.

A série Virgin River trouxe uma temporada satisfatória, trazendo um acalento mesmo com situações não felizes e com romances não consumidos da forma que queríamos ver. A trama está longe de ser uma produção renomada, mesmo que conte com um ótimo elenco, roteiros dramáticos e imagens de tirar o fôlego de quem gosta da tranquilidade de viver em áreas remotas, repleta de natureza. A série é capaz de nos fazer acompanhar as dificuldades da vida e as más-intenções das pessoas sem sentir frustração e angústia, mas até um certo prazer em admirar a simplicidade, que se sobressai a todo o resto.

Virgin River está disponível na Netflix em duas temporadas.