Crítica O Rei da TV | Star+ acerta mais uma vez na série sobre Silvio Santos
Por Diandra Guedes • Editado por Jones Oliveira |
A segunda temporada de O Rei da TV— série que conta a vida de Silvio Santos — chegou ao Star+ no dia 29 de março, mostrando que não perdeu a qualidade e provando que é uma excelente opção de entretenimento para todos, não apenas para os fãs do apresentador.
- Lançamentos do Star+ em março de 2023
- O Rei da TV | Por que a série sobre Silvio Santos gerou polêmica?
Escritos por André Barcinski e dirigidos por Marcus Baldini e Júlia Jordão, os novos episódios focam em momentos marcantes da vida do dono do Baú, como a fraude do banco PanAmericano que quase culminou na falência da família Abravanel, a candidatura à presidência da República em 1989 e o sequestro de Patrícia, uma das filhas mais novas de Silvio.
Com texto afiado, a série do Star+ continuou mesclando eventos reais com elementos ficcionais para pintar a vida de uma das figuras públicas mais importantes do Brasil. É verdade que alguns momentos são tão absurdos que parece que Barcinski errou a mão. Um deles é a própria candidatura de Sílvio à presidência, para substituir José Sarney. Com menos de trinta dias para a votação, o apresentador do SBT se filia a um partido qualquer para disputar a cadeira presidencial.
O que soa um absurdo de roteiro é, na verdade, parte da realidade. E dá para dizer que o apresentador só não se tornou um dos presidentes brasileiros porque teve a candidatura impugnada.
Sendo assim, o que fica nítido para o público é que criar essa série é um desafio para qualquer roteirista, e que Barcinski conseguiu se sair bem na função. Ele abusa do seu talento também quando tem que criar a intimidade de Silvio com Irís Abravanel. Sem ter tido contato com a família, essa parte é meramente uma ilustração da mente do roteirista, mas não soa artificial e se encaixa bem com o restante da trama.
A família não vai gostar…
Já que citamos a intimidade de Silvio, é preciso comentar que a segunda temporada foca mais na relação dele com suas filhas, sua esposa e sua pseudoamante — uma atriz mexicana. Apesar de não deixar de lado a versão do apresentador de TV e empresário, os novos capítulos exploram ainda mais o seu viés humano.
Para quem assiste, pode ser um ponto positivo, afinal estamos vendo uma parte do Silvio desconhecida até então; já para a verdadeira família Abravanel, pode soar desconfortável. Isso porque desde os primeiros episódios da temporada inicial de O Rei da TV, as filhas de Silvio se posicionaram contra a série, dizendo que ela era cheia de inverdades e que representava um Silvio grosseiro e arrogante.
A verdade é que só quem convive com o apresentador dia e noite vai poder dizer como ele de fato é, mas o que O Rei da TV faz é retratar as várias camadas humanas presentes no Silvio (e em todos nós). Sem exagerar mais do que é necessário, a trama mostra o ex-camelô feliz, alegre e empolgado, mas também irritado, nervoso e descontrolado quando as coisas fogem da sua rédea.
Outro ponto positivo é que tanto na primeira quanto na segunda temporada, a série soube contar a história por meio de linhas temporais distintas, sem fazer o espectador se perder. Na primeira, vemos Silvio em três fases: criança, adulto e mais maduro. Para isso, foi preciso contar com o talento de Guilherme Reis, Mariano Mattos Martins e José Rubens Chachá , respectivamente.
Já na segunda, apenas Chachá aparece, seja como um Silvo de 1989 que está em pé de guerra contra a Globo para conquistar a audiência, seja como um de 2010 que está prestes a falir depois que descobre que seu banco tem um rombo de R$ 4 milhões. Independentemente da versão, o ator continua entregando uma boa atuação. Seu principal mérito é conseguir incorporar os tiques e cacoetes do dono do Baú, sem parecer caricato ou um imitador barato.
Atuações agradam em O Rei da TV
Além de Chachá, outra pessoa que merece destaque é a atriz Leona Cavalli, que dá vida a uma Irís que tenta sair da sombra do marido ao mesmo tempo que o apoia quase que incondicionalmente.
Já as meninas Patrícia (Bárbara Maia) e Daniela (Elisa Romero), apesar de ganharem destaque na produção, ainda derrapam um pouco em cena, mas nada que prejudique a série. Além delas, Erom Cordeiro se sai bem como o marqueteiro Karam, e Cassio Scarpin, conhecido como Nino do Castelo Rá-Tim-Bum, também agrada como Armando Correia, um dos políticos do partido ao qual Silvio se filiou.
O que deixa a desejar, no entanto, são algumas caracterizações. Enquanto Geraldo Alckmin, Pedro de Lara, Iris Abravanel e o próprio Silvio parecem mais fiel à realidade, outros personagens fogem muito do esperado, como é o caso de Lula, Collor, Elke Maravilha, Faustão e Gugu.
Que Gugu é esse?
Por falar em Gugu (Paulo Nigro), o apresentador loiro ganha ainda mais destaque na nova temporada, isso porque ele trava uma guerra fria com Silvio para tentar conseguir um programa também aos domingos.
A relação dos dois é mostrada como um misto de carinho paternal e rivalidade, mas a representação do apresentador do Domingo Legal soa um pouco falsa e até mesmo desleal. Não dá para saber ao certo como Augusto Liberato foi na vida real, mas em O Rei da TV ele é ambicioso e está sempre cercado de jovens rapazes em sua casa.
E vai ter mais?
Ainda não foi confirmado pelo Star+, mas a segunda temporada de O Rei da TV deixou brechas para novos episódios, o que é uma ótima notícia para os assinantes. Com boa direção, bom texto, bom elenco e figurinos adequados, a série sobre a vida de uma das maiores personalidades do Brasil se consolida como uma excelente opção de entretenimento, daquelas que vale a assinatura do streaming.
É claro que existem erros, e é claro que certos trechos do roteiro não vão agradar a todos, mas no somatório a série se sai bem, e quem ganha é o espectador que pode desfrutá-la.
Se você quiser dar uma chance a O Rei da TV, pode já maratoná-la no Star+.