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Crítica | La Casa de Papel tem 4ª temporada repleta de incertezas

Por| 07 de Abril de 2020 às 10h28

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Cuidado! O texto a seguir contém spoilers da Parte 4 de La Casa de Papel!

Há menos de um ano, acompanhávamos em La Casa de Papel os ladrões mais adorados da Espanha no início de um novo assalto, tão grande quanto ao que aconteceu na Casa da Moeda. Dessa vez, a missão tem como cenário o Banco da Espanha em, mais uma vez, um crime muito bem-planejado e orquestrado pelo Professor (Álvaro Morte), com planos tão absurdos e tão bem pensados que fizeram com que a série chamasse a atenção do mundo todo.

Com a terceira temporada de La Casa de Papel deixando o assalto em aberto, em meio a vários planos que não deram certo e a um caos em andamento, o que se esperava era a solução desse crime, que chegaria ao fim nestes últimos episódios, como o que aconteceu na primeira e segunda parte. No entanto, a série deixou a desejar no quesito respostas. Na Parte 4, dividida em oito episódios, o que menos apareceu foram respostas e um sinal de que iria ficar tudo bem.

Inclusive, em uma tática de deixar o espectador ainda mais amarrado à história, o resultado foi apenas tristeza e frustração. No fim da terceira temporada, vemos que Nairóbi (Alba Flores), foi vítima da polícia e da inspetora Sierra (Najwa Nimri) em um esquema um tanto quanto cruel que atraiu a ladra até a janela para ver o seu filho, disparando então um tiro contra ela. Entre a vida e a morte, passamos meses ansiosos pensando se a personagem iria sobreviver ou não.

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A decisão dos roteiristas foi de, em um primeiro momento, salvar a vida de Nairóbi. Em uma cirurgia feita por pessoas que estão longe de serem médicas e conduzida por um cirurgião via streaming, algo que nem Grey's Anatomy se atreveria a fazer, a personagem sobreviveu e estava se recuperando. Mas como os latinos sabem muito bem transformar qualquer história em drama, o final de Nairóbi foi mais trágico do que poderíamos imaginar.

Depois de um esquema de traição frustrado de Palermo (Rodrigo De la Serna), o chefe de segurança do governador do Banco da Espanha, Gandía (José Maniel Poga), que tem um histórico de assassinatos e violência, tentou não só escapar do sequestro como também se vingar de todos os ladrões de macacão vermelho. Esse plano resultou no triste fim de Nairóbi com um tiro no meio da testa. E assim se foi uma das personagens mais carismáticas de La Casa de Papel.

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O assassinato, no entanto, serviu como combustível para que ainda houvesse esperanças de que o crime fosse bem-sucedido. Esta nova temporada trouxe momentos de emoção não só na morte de Nairóbi em si, como no seu funeral improvisado, com seu caixão sendo levado para fora do local, como também quando Lisboa (Itziar Ituño) é resgatada e volta ao Banco da Espanha para se unir aos amigos ladrões para finalizar o roubo e fugir. Todos juntos de novo, eles gritam em alto e bom som "para Nairóbi", se sentindo motivados a ir até o fim pela memória da colega.

La Casa de Papel não recua no momento de humanizar os seus personagens nem em meio ao caos dos planos dando errado, o que volta a acontecer na terceira temporada. Por mais que eles sejam criminosos, muitos deles não têm histórico de assassinato em seu currículo criminal cometendo outros tipos de delitos. Isso faz com que eles não saiam, simplesmente, fazendo um massacre com reféns ou seus inimigos. Até mesmo a vingança contra o assassinato de Nairóbi vai sendo adiada, com dúvidas sobre se ele merece morrer ou não, se questionando se essa seria a melhor forma de vingar a morte da companheira.

Além disso, outro personagem que não acerta em nenhum momento sequer e que está sempre atrapalhando os crimes é Arturo (Enrique Arce), que dessa vez não só tentou contatar a polícia com um celular achado como também estuprou uma de suas colegas. O que foi feito para acabar isso de vez? Nada. Nem mesmo o detestável Arturito consegue despertar o pior lado dessas pessoas. É isso, portanto, que cria a identificação do espectador com a trama, sendo eles não criminosos perigosos, mas pessoas que buscam um significado na vida e justiça através de um crime.

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A continuação dos episódios da série seguiu a mesma fórmula: reviravolta atrás de reviravolta, plano b, c, d e de todo o alfabeto criado pelo Professor, fazendo com que haja uma solução para absolutamente todas as alternativas do que pode acontecer, a humanização dos personagens, a fidelidade ao líder do grupo e as voltas no tempo que constroem cada um dos envolvidos na história. Estes, inclusive, se mostram a cada vez mais maduros, como é o exemplo de Tóquio, que já incomodou pela rebeldia e pelas decisões erradas, mas que agora precisa amadurecer para continuar viva e fora da prisão.

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A Parte 4 de La Casa de Papel deu continuidade aos acontecimentos anteriores, mas só deixou questões antigas e novas em aberto, sem nenhum indício se o assalto vai dar certo ou não, se todos os que restaram sairão dessa vivos ou não, ou se irão ganhar um novo aliado, como sugere o fim do último episódio. A temporada está longe de ser a melhor, parecendo apenas ter preenchido um vazio na espera dos fãs por um fechamento e um possível final feliz. Cabe à Netflix, agora, trazer uma quinta parte com um encaminhamento que faça valer mais alguns meses de espera.

As 4 temporadas de La Casa de Papel estão disponíveis na Netflix.